(…)
Na
quarta-feira, o Supremo tentou discuti-la e uma nova turba perturbou a sessão
com protestos. Ben-Gvir protestou nas redes.
(…)
[Sde
Teiman é desde 7 de outubro]
“centro de detenção”, comparado a Guantánamo por quem de lá saía.
(…)
Em Maio-Junho, relatos de tortura chegaram à
CNN e ao The New York Times.
(…)
No fim de Julho, a polícia israelita foi lá
buscar nove soldados reservistas, suspeitos de violarem um palestiniano.
(…)
Uma
turba de israelitas disparou para Sde Teiman, trepando vedações, empurrando
guardas. Talvez a primeira invasão do mundo pelo direito inalienável a violar.
(…)
O mesmo direito que, por sua vez, o deputado
Milwidsky (do Likud de Netanyahu) defendia inflamado no parlamento
(…)
Quatro
reservistas foram libertados pouco depois. Dos cinco que continuam detidos,
dois são suspeitos do mais grave. Passaram pelo polígrafo, deu que mentiam ao
negar a violação.
(…)
Terça-feira
passada, o Canal 12 da TV israelita revelou um curto vídeo de Sde Teiman com o
relato sobre a violação.
(…)
A
Associação Para os Direitos Civis em Israel levara já uma petição ao Supremo
Tribunal de Justiça para fechar Sde Teiman. Na quarta-feira, o Supremo tentou
discuti-la e uma nova turba perturbou a sessão com protestos. Ben-Gvir
protestou nas redes.
(…)
Havia
dois dias já que a B’Tselem (a mais famosa organização de direitos humanos em
Israel) publicara um relatório de 118 páginas, com vídeos, intitulado:
“Bem-vindos ao inferno — o sistema prisional israelita como uma rede de campos
de tortura.”
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Não só
soldados homens. Soldadas que sodomizam detidos e chamam “putas” a
palestinianas forçadas a deixar os filhos. Algumas a amamentar. Qual
democracia?
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[Provavelmente não há] qualquer família
palestiniana que não tenha tido alguém numa prisão de Israel.
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pelo
menos 60 palestinianos morreram detidos, de tortura ou negligência, desde 7 de
Outubro, muitíssimo mais do que em anos de Guantánamo. Detidos, às vezes, por
causa de um post de
Facebook.
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Este
relatório é uma carta terrível de Israel sobre Israel. Tão terrível que já não
pede nem espera resposta de Israel. Pede e espera resposta do mundo: que ponha
fim a isto.
(…)
No
momento em que este relatório — apelo — carta — chega ao mundo, mais de 9000
palestinianos continuam “prisioneiros de segurança” numa “rede de campos de
tortura”, diz a B’Tselem.
(…)
Nunca o horror humano foi tão documentado em
tempo real.
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Cada
dia em que a Europa não faz nada, mais se afunda - António Costa: também é consigo.
Com o Governo português.
Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)
[As burlas] são já “as grandes responsáveis
pelo aumento da criminalidade geral denunciada em 2023”.
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Hoje, temos a exaltação da vida em sociedade
reduzida a um jogo entre indivíduos em que vale tudo para “vencer” - o Homem
como ser social é esquecido.
(…)
O fundamental da vida económica, sustentado na
financeirização e em movimentos globais livres, parece organizar-se em nenhures
(…)
E, em nenhures, as relações sociais são relações entre
fantasmas.
(…)
A apropriação indevida da riqueza feita de
forma “legal” tem crescido exponencialmente.
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O digital constitui-se importante instrumento
neste processo.
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O comum dos cidadãos está a ser “burlado” em
muitas dimensões da sua atividade, da sua vida.
(…)
Entretanto, estamos numa descoincidência entre
o espaço da vigência das leis e dos sistemas de regulação e o espaço em que
atuamos e vivemos.
(…)
No mundo do trabalho o digital veio criar
relações laborais que também ocorrem em nenhures.
A guerra aguardada no grande Médio Oriente,
imposta por Telavive (o aliado dependente) a Washington (a superpotência),
desafia todos os fundamentos da teoria das grandes potências.
(…)
[A] grelha [central consiste na generalização
da bipolaridade Esparta-Atenas, na Grécia Antiga] de leitura permitiria
prever a quase inevitabilidade de uma guerra, em particular, entre os EUA
(potência dominante) e a China (potência desafiante).
(…)
O verdadeiro poderio norte-americano não
coincide com o período posterior ao desmembramento da URSS (1991), mas ocorreu
sim na década posterior à II Guerra Mundial.
(…)
Nessa altura, os EUA detinham cerca de metade
do PIB mundial, o exclusivo da arma atómica (até 1949), uma capacidade de
construção das infraestruturas institucionais (ONU, FMI, Banco Mundial) que
iriam garantir a sua natureza híbrida de “República
Imperial”.
(…)
O exercício da dominação norte-americana não
consistia (apenas) no uso da violência bélica, mas na capacidade de, através de
iniciativas como o Plano Marshall, produzir bens públicos acessíveis aos povos
que aderiam à sua esfera de influência.
(…)
Os BRICS são a prova deste tempo multipolar,
percorrido por profundas e numerosas clivagens.
(…)
Hoje, quem atrai aliados através de bens
públicos, expressos na estratégia da Nova
Rota da Seda, é a China.
A manipulação mediática a que se tem dedicado [a
ministra da Saúde] e o estado em que se encontra o serviço público leva os
médicos a exigir uma ministra que sirva ao SNS.
(…)
Os médicos continuam a faltar no SNS devido à
inflexibilidade de Ana Paula Martins (APM) em negociar soluções para os fixar.
(…)
No seu invés, somos sujeitos a medidas que
destroem o SNS e colocam a segurança dos utentes em risco.
(…)
Quase meio ano depois de tomar posse, A.P.M.
sabe que qualquer tragédia que venha a acontecer é da sua inteira
responsabilidade.
(…)
Assistimos ainda ao recurso sistemático à
prestação de serviço e ao trabalho suplementar com equipas esgotadas e em
mínimos.
(…)
Os médicos continuam a sair do SNS para o
sector privado e estrangeiro, pois somos dos mais mal pagos da Europa e com
condições de trabalho degradadas.
(…)
A Federação Nacional dos Médicos apresentou
soluções para garantir mais médicos no SNS, mas A.P.M. faz de conta que
negoceia e empurra de forma irresponsável a revisão salarial para 2025.
(…)
Sem soluções, a FNAM será obrigada a endurecer
a luta por salários justos e condições de trabalho dignas para os 31 mil
médicos do SNS.
Joana Bordalo e Sá, “Expresso”
(sem link)
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