Lemos
algures há pouco tempo que Israel é o país do mundo que mais resoluções da ONU
tem por cumprir. Naturalmente que a maioria tem a ver com a ocupação ilegal do
território palestiniano. Claro que à comunidade internacional, particularmente
os Estados Unidos da América, cabem fortes culpas desta situação inadmissível. Nenhum
país se pode dar ao luxo de fazer letra morta das resoluções da ONU como se
pudesse haver excepções ao cumprimento das leis internacionais. Mas, pelos
vistos, Israel considera-se uma excepção, sem que nada de especial lhe
aconteça. E o pior de tudo é que a comunidade internacional, incluindo parte da
opinião pública, aceita esta situação com alguma naturalidade.
De
qualquer maneira, a denuncia da ocupação ilegal do território palestiniano por
parte de Israel, com todas as suas consequências, deve ser denunciada sempre
que possível. É o que aqui fazemos quando divulgamos textos como o que vem à
estampa no Público de hoje, assinado pelo Embaixador da Palestina, Hikmat
Ajjuri.
As
três religiões monoteístas – Judaísmo, Cristianismo e Islamismo – são
constituições de Deus, entregues em momentos diferentes da história, através de
livros Sagrados que pertenciam a seguidores específicos, para a sua observação
eterna, propositadamente para controlar a vida na Terra de uma forma humana,
tornando impossível que a lei da selva possa prevalecer dentro do reino humano.
Mas porque, segundo estas religiões a justiça absoluta só pode ser realizada
por Deus, numa segunda vida, o homem, até agora, tenta extrair dessas
constituições celestes uma civilizada e possível lei justa.
Estatutos,
criados pelo homem, foram promulgados para alcançar um equilíbrio de viver na
terra em harmonia com as constituições do céu. Estes são conhecidos como
valores humanos, do Direito Internacional e do Direito Internacional
Humanitário. Estes estatutos, consequentemente, obrigam a que todos os que
pertencem ao reino humano os cumpram. Filosofias que contrariem estes valores
são desumanas, independentemente de quem observa ou acredita nelas.
Israel,
um Estado militar de ocupação, foi criado em 1948, em detrimento de outro povo,
o palestiniano, através de uma guerra que destruiu a forma e o carácter da
Palestina Histórica. Esta guerra é chamada Nakba,
que quer dizer catástrofe, e resultou na criação de Israel em 78% da Palestina
Histórica, por via de uma limpeza étnica e da expulsão, à força, da população
indígena das suas casas e terras, desde o início da História. A Nakba é assinalada com dor e
tristeza a cada ano que passa a 15 de Maio por todos os palestinianos.
Desde
então os palestinianos, verdadeiros proprietários da terra da Palestina, têm,
até aos dias de hoje, sido submetidos a torturas, mentais e físicas, nas mãos
das forças de ocupação militar israelita, que o fazem com o objectivo de os
fazer esquecer e aceitar viver sob o seu controlo em cativeiro, dependência e
escravidão política. Mesmo os palestinianos a quem é suposto considerar a
cidadania no Estado de Israel (21% da população) têm sido, desde o nascimento
de Israel, discriminados por, pelo menos, 40 leis promulgadas por um alegado
regime sionista democrático. Israel alcançou todos os seus objetivos políticos,
matando e aterrorizando os palestinianos, que ganharam o seu nome a partir do
nome da terra, a Palestina.
A
suposta democracia israelita é um reflexo da própria natureza do sionismo. Um
historiador judeu de renome, Ilan Pappe, diz que “nós temos que tentar
explicar, não só ao mundo mas também aos próprios israelitas, que o sionismo é
uma ideologia que endossa a limpeza étnica, a ocupação e agora massacres
maciços”.
O
sionismo é o pai biológico dos colonos terroristas que queimaram viva a criança
palestiniana Abukhdair e tornaram Ahmad Dawabsheh órfão, depois de terem
queimado os seus pais enquanto estes dormiam. A cultura de ódio e incitamento
desta filosofia sionista também encorajou um terrorista judeu, Yegal Amir, a
assassinar o primeiro-ministro israelita Rabin em 1995. A natureza desumana do
sionismo e dos seus líderes, representada pelo actual governo israelita, tem,
até agora, intoxicado o ambiente de coexistência na Terra Santa e envenenado a
esperança da juventude palestiniana e das crianças, levando-as a tomar a lei
nas suas próprias mãos.
Estas
atrocidades levadas a cabo pelas forças de ocupação militar israelita, exército
e colonos terroristas, juntamente com o vergonhoso silêncio da Comunidade
Internacional, foram e ainda são percebidas na nossa região como impunidade
concedida aos israelitas sionistas e como uma traição a todos os valores que
colectivamente partilhamos como seres humanos, cujo núcleo são os Direitos
Humanos, que têm origem na constituição divina.
De
forma justa, todos os líderes mundiais, a ONU e o Tribunal Internacional de
Justiça, criticam a política sionista de Israel, mas sem sucesso. Presidentes
dos EUA, por exemplo, criticam as violações de Israel à Lei Internacional,
Obama diz que “o Irão representa uma ameaça a curto prazo para a sobrevivência
de Israel; o próprio comportamento de Israel representa uma a longo prazo”. Enquanto
Clinton acredita que Netanyahu não está interessado num acordo de paz com o
Médio Oriente. Já o Presidente Carter publicou artigos e livros críticos de
Israel. Mas, a menos que estas palavras sejam transformadas em acções, a fim de
acabar com a ocupação militar israelita do Estado da Palestina, a paz e a
estabilidade mundial permanecerão sequestrados por Netanyahu; O
“primeiro-ministro [que] saúda um rabino que apoiou um trabalho sobre as leis
de matar não-judeus”. (Haaretz, 23-04- 2013).
Netanyahu durante quatro
mandatos tem feito todos os possíveis, incluindo através de mentiras e do seu
talento em assustar o seu próprio povo, a fim de formar um estado na Terra
Santa (Palestina Histórica), mas com dois sistemas.
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