quarta-feira, 17 de agosto de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (16)

 
São inúmeras as arborizações ilegais recentemente detectadas por parte da associação de conservação da natureza Milvoz, na Região Centro Litoral do país.

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De igual modo, são constatadas novas plantações na margem de cursos de água, após destruição de toda a galeria ripícola, bem como de antigos socalcos murados.

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O caricato é este alastrar de ilegalidade atingir uma “iniciativa emblemática no país”, promovida em Pedrógão Grande pela própria associação que representa as empresas de celulose, conforme noticiado neste jornal.

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O que está em causa é o rigor, ou a falta dele (propositado?), que a própria associação das celuloses anuncia assegurar.

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[Para a entidade representativa das celuloses] A lei é para cumprir só até onde os nossos olhos alcançam?

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Muito devido à inexistência de fiscalização por parte das entidades competentes, são perpetuados atentados ambientais desta índole, que prejudicam gravemente o património natural e paisagístico comunitários.

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[A autoridade florestal nacional] acaba, em geral, por não exigir o arranque das plantações ilegais.

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Ao agendar apenas para 2025 a realização de novo Inventário Florestal Nacional (IFN) - o último teve por base 2015 - o Governo acaba por premiar a estratégia das celuloses em fazer aumentar a área destas plantações, mesmo contrariando a lei.

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Como em regra o eucaliptal após três cortes tende a ser abandonado, o passivo ambiental da sua presença no território aumentará significativamente.

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Não serão as celuloses ou os proprietários dessas plantações que irão financiar o grosso da redução do passivo ambiental decorrente do eucaliptal abandonado.

Paulo Pimenta de Castro e Manuel Malva, “Público” (sem link)

 

O país vem sendo destruído paulatinamente, ano após ano, sempre tudo envolvido pela tal retórica de falsa eficiência que encobre uma visão e uma estratégia completamente erradas para a sustentabilidade do território.

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Mais um estudo [que o primeiro-ministro promete para depois do incêndio na serra da Estrela] mais uma comissão ou grupo de trabalho – a habitual solução para que continue tudo na mesma.

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[Talvez esse novo estudo] invente soluções iluminadas como as que deram cabo das Áreas Protegidas e da Autoridade Florestal Nacional.

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Quando havia uma ocupação territorial por casas e postos de guardas, era difícil alguém deambular a horas mortas por locais de mau acesso, pois havia forte probabilidade de ser notado.

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E como seria hoje tão facilitado o trabalho dos guardas com a videovigilância e outras tecnologias, no início dos incêndios - mas, para isso, era precisa a organização que o primeiro-ministro ajudou a derrubar.

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O primeiro-ministro não consegue reconhecer que ele mesmo é responsável pelo desastre da desagregação do sector agro-florestal: quando em 2006, ainda ministro da Administração Interna, (…), deu o pontapé de saída para o estado a que chegámos hoje.

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Quando com a ministra Assunção Cristas deixaram arder o Pinhal de Leiria, porque tinham retirado de lá os guardas e as dezenas de trabalhadores que mantinham a Mata do Rei em condições, foi o clímax glorioso desta estratégia criminosa que continuou com os governos seguintes.

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A prevista substituição gradual da floresta da serra da Estrela por espécies autóctones de folhosas não se fez; o ordenamento qualitativo da paisagem, com pastagem, agricultura de montanha e floresta nunca se fez.

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O que está mal é toda a desagregação do sector primário e a ineficácia só comparável à arrogância de ministros que se têm ocupado de agricultura, floresta e ambiente.

Fernando Santos Pessoa, “Público” (sem link)

 

Há um alarmante aumento do número de mortes, sem que os serviços esclareçam porquê.

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Cresce o fecho de urgências por falta de médicos e enfermeiros.

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Aumenta o número dos inscritos no SNS sem médico de família
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Alguns hospitais começaram a pôr internos do 6.º ano a trabalhar como especialistas.

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O que João Costa quis (e conseguiu) foi retirar a professores com doenças graves um direito constitucionalmente protegido e lançar a desconfiança sobre eles.

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A palavra de João Costa continua a ser a palavra da propaganda e da adulteração da realidade.

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Em conferência de imprensa anunciou que 97,7% dos 13.101 horários pedidos pelas escolas já têm professores atribuídos (12.791) e que, por isso, o próximo ano começará quase sem alunos sem professores. Infelizmente é falsa a afirmação.

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A noção exacta de quantos professores necessitam as escolas estava longe de ser conhecida quando João Costa falou. No início do ano voltará o caos da falta de professores.

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Pergunte-se aos [médicos e professores] que saíram o que seria necessário para que aceitassem regressar. A resposta seria a mesma: salário e condições de trabalho dignas.

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[Marta Temido e João Costa] são hoje dois exemplos de como as maiorias absolutas geram ministros absolutistas e incapazes.

Santana Castilho, “Público” (sem link)

 

Uma voz oficial da Igreja Católica [Eugénia Quaresma] dizia claramente que a xenofobia e o racismo no discurso política é uma situação “muito grave” que tem vindo a aumentar.

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Uma voz da hierarquia dizia que o Chega, apesar de o seu líder fazer muito uso da sua condição de católico, é um partido que não respeita os valores cristãos.

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Não conheço Eugénia Quaresma, mas do que já lhe ouvi e li ao longo dos últimos anos parece-me que sabe que há assuntos em que não se pode compactuar, em que é preciso ficar ao lado de quem está do lado certo. 

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[André Ventura] mostrando que não sabe conviver com a diferença, fez um comunicado a pedir a demissão de Eugênia Quaresma por delito de opinião.

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A Igreja Católica não se deve “imiscuir na vida política e partidária”, mas o Chega pode pedir demissões na estrutura da Igreja Católica. E pode pedir explicações a essa mesma Igreja.

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E é aí que Ventura também mostra bem aquilo que é: um manobrador que aproveita toda e qualquer situação para fazer crescer o seu discurso.

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Ventura só quer mesmo aproveitar o momento.

Eunice Lourenço, “Expresso”


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