quarta-feira, 24 de agosto de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (17)

 
Já tanto foi dito, e muito melhor do que saberia fazê-lo, sobre a poesia de Ana Luísa Amaral, feita de entrega e maravilhamento com o quotidiano.

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Se a Ana Luísa Amaral dedicou grande parte da sua vida à poesia, dedicou também a sua poesia à vida. 

José Soeiro, “Expresso” online

 

Sanna Marin é uma mulher de 36 anos, com amigas e amigos. 

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Como qualquer pessoa saudável, diverte-se e vai a festas.

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A oposição de direita caiu-lhe em cima.

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Todos devemos temer a fúria moralista da turba. O resultado do teste à droga foi negativo.

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[Há pessoas que] preferem o poder mais opaco de magistrados ou militares do que daqueles que dependem do seu voto e do seu escrutínio. 

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O “lado humano” do político é irrelevante. As pessoas são contraditórias.

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Um ditador pode ser simples e simpático; um democrata pode ser distante e arrogante. 

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A exibição da simplicidade e proximidade do político revela quase sempre uma construção artificial para consumo público.

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Mas há um tipo de político que consegue cavalgar as aparentes “falhas” dos seus “colegas” e, no entanto, nunca ser julgado: o populista de extrema-direita.

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Os seus erros e alarvidades são vistos como sinal de espontaneidade. 

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O voto na extrema-direita é um voto de cansaço com a democracia. 

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Os eleitores mais vocais contra a imoralidade geral da política são os mais displicentes com a moralidade do candidato populista.

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O único político “genuíno” que é desejado é o que usa a sua “espontaneidade” para exibir esta desilusão com a democracia.

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Uma desilusão que tem razões legitimas (…), mas que também se assemelha à desilusão que sentimos quando, chegados à adolescência, descobrimos que os adultos são como nós.

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

As imagens das manifestações [de 2011 da Geração à Rasca] preencheram o cenário mediático dias a fio, e as vozes que expressaram todo o seu descontentamento nas ruas aumentaram a pressão ao governo.

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Hoje, volvida mais de uma década, sou recém-licenciado, entrei no mercado de trabalho mas dou por mim a pensar que parvo que sou.

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Segundo o estudo da Fundação Francisco Manuel do Santos, três em cada quatro jovens que trabalham ganham apenas até 950 euros.

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A inflação sobe, os custos da energia sobem e as rendas das casas teimam em não descer.

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Esta que é a geração mais qualificada de sempre, mas continuamos reféns de carreiras sem expectativas de progressão.

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Os jovens que procuram trabalho debatem-se com as ofertas que existem: ou estágios não remunerados ou lugares que exigem cinco anos de experiência.

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A idade de saída de casa dos pais continuou a escalar desde 2011 e está agora nos 33,6 anos, a mais alta da União Europeia.

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O normativo carro-casa-casamento-filhos está mais do que adiado, está quase inacessível por todos os factores que já vimos até aqui.

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Afinal, percebe-se que a música dos Deolinda mostra que o país não melhorou para os jovens.

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Mas se a música continua fresca, onde está o descontentamento e os jovens?

Alexandre Santos, “Público” (sem link)

 

Depois dos vídeos que mostravam a primeira-ministra finlandesa a dançar com amigos numa festa em casa, Sanna Marin submeteu-se a um teste de despiste de drogas. O resultado foi negativo.

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[Sanna Marin] submeteu-se a um teste à urina que terá despistado um largo espectro de drogas, em que se incluía a cocaína.

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Quem defendeu a realização de um teste quis sobretudo exercer poder sobre a primeira-ministra. Muito mais do que desencadear uma investigação, deu início a um jogo de poder.

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O que foi pedido à primeira-ministra finlandesa, e que ela aceitou, é igual ao que se exigia às mulheres — em vários países ainda acontece — para verificar a sua virgindade.

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Novamente foi pedido a uma mulher que fizesse prova da sua virtude, depois de, novamente, se ter feito uma mulher passar por um escrutínio público pelo qual um homem, em iguais circunstâncias, não teria passado.

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O tratamento diferenciado a homens e mulheres está sempre bem presente.

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Sim, deveríamos todos lamentar que um procedimento destes tenha sido utilizado. Ganhou a caça às bruxas.

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Mas a causa feminista teria mais a agradecer a Sanna Marin, se ela tivesse recusado fazer o teste. Já mostrámos os lençóis demasiadas vezes.

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A luta feminista deve estar neste direito a ser livre.

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A posição da primeira-ministra ficou mais segura. A posição das mulheres, enquanto colectivo, ficou na mesma.

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Estes episódios, que despertam simpatia pela primeira-ministra, não devem fazer esquecer as suas políticas; muito especialmente a decisão de deportar curdos.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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