sexta-feira, 26 de agosto de 2022

CITAÇÕES

 
A sociedade de comunicação intensiva transformou o drama em que esse “super-homem” [nietzschiano] se moveria em farsa ou, ainda pior, em espetáculo.

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Queira-se ou não, a consolação é a pior condenação que se pode imaginar para uma tragédia.

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Os “colapsólogos” são então uma forma contemporânea destes apocalípticos consoladores.

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[Servigne] retoma as lições dessa existência simples [das formigas] e propõe uma alternativa para o tal colapso iminente, que seriam as cooperativas e aldeias, com o regresso a redes de proximidade e de consumo limitado. 

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As formigas com a sua notável instituição social, são também um exemplo de obediência piramidal que pouca gente parece querer replicar.

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Em 10 anos, malgrado as Conferências da ONU e as juras internacionais, a parte dos combustíveis fósseis no mix da energia utilizada passou de 80,3% em 2009 para 80,2%.

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O uso anual do carvão só recuou em média 0,3% em 20 anos e agora voltou a crescer.

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Só nos últimos cinco anos o uso do gás natural aumentou 2,6% e o do petróleo 1,5%. 

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Portanto, as emissões [de CO2] continuam a crescer, mesmo que cada ano se tornem mais brutais os sinais da emergência climática.

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As energias renováveis não substituem as fósseis, limitando-se a responder a parte do consumo que se vai ampliando.

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O peso político dos produtores de combustíveis fósseis tem-se avantajado, como se verifica na UE com a viragem da guerra na Ucrânia e no abandono do diálogo entre os EUA e a China para medidas energéticas responsáveis.

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Com ou sem colapso até 2030, temos pela frente calamidades sucessivas.

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Para que o aumento da temperatura média fique pelos 1,5°C, o que implicaria viver no regime dos desastres atuais, seria necessária uma redução de CO2 de 59% até 2030 e de 100% até 2050. 

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Nada disso parece politicamente acessível, tanto mais que metade das emissões são geradas pelos 10% mais ricos, os que têm força para proteger o privilégio.

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Mesmo os [dirigentes políticos] mais vocais pelas medidas climáticas são os primeiros a obedecer à lógica cumulativa do egoísmo fóssil.

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Os custos da transição climática exigem um gigantesco investimento público.

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Os colapsólogos partilham com todos os ambientalistas uma convincente ata de acusação aos governos. 

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

À terceira, perante suspeitas de que nem tudo terá decorrido na perfeição no processo eleitoral angolano, a UNITA não deverá levantar (apesar de alguns assomos e vozes) a bandeira da fraude.

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Por um lado, é difícil sustentar a tese da fraude eleitoral quando a UNITA soma quase mais 435 mil votos e cerca do dobro da percentagem do MPLA em Luanda.

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Esta [é] uma realidade pública e confirmada pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), duríssima para a história, ego e representatividade do partido do Governo.

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[Com resultados globais mais apertados] qualquer acusação de fraude eleitoral provocaria, em alguns sectores da UNITA, uma onda de protestos que dificilmente poderia ser controlada por Adalberto Costa Júnior.

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A nova maioria absoluta do MPLA governará fragilizada por uma derrota esmagadora no centro nevrálgico do poder angolano e inclusa numa Assembleia Nacional absolutamente bipolarizada. 

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Será tentador não promover mais transparência, mantendo o anátema da falência da separação de poderes em Angola.

Miguel Guedes, JN

 

A perda de biodiversidade está na base dos problemas que afectam toda a nossa estabilidade.

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De acordo com o último Fórum Económico Mundial, mais de metade do produto interno bruto (PIB) total do mundo está altamente dependente do que a natureza oferece, com impactos na produção, cadeias de fornecimento e mercados.

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No entanto, assistimos a pressões internas e externas que nos levam a virar costas.

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Uma verdadeira economia circular devia ter por base o conhecimento do funcionamento dos ecossistemas.

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De 2017 até hoje pouco se aprendeu sobre o papel de como a gestão dos ecossistemas e a decisão sobre os tipos de ecossistemas a preservar geram consequências que podem ser fulcrais para a estabilidade da nossa paisagem.

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A sociedade, profundamente antropocêntrica e urbana, sente-se desresponsabilizada.

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Estamos a gerar sociedades semelhantes aos ecossistemas humanizados de produção: a exploração de áreas extensas com uma só espécie de forma clonal, herbáceas, frutícolas ou florestais, numa lógica linear de economia.

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[Há] uma realidade actual que ainda não é vista como novo paradigma social e económico. 

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O conhecimento transversal e holístico dos ecólogos permite transformar conhecimento em planos de acção que, em conjunto com outros técnicos, podem ser estruturantes e abrangentes.

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[Os ecólogos] não podem continuar inconformados e fechados perante a indiferença pública dos verdadeiros riscos ambientais.

Maria Amélia Martins-Loução, “Público” (sem link)

 

Nesta quarta-feira o presidente Zelensky pediu ao chefe da diplomacia portuguesa, João Cravinho, a imposição de restrições à concessão de vistos a cidadãos russos.

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Desde fevereiro, não concedemos “vistos gold” a estes cidadãos, mas que se mantém a concessão de vistos para estadas de curta duração.

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O tema será discutido no próximo dia 31 em reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.

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Bastaria sabermos que existem dissidentes para acionarmos um travão no que diz respeito ao tratamento do povo russo como um todo homogéneo e apoiante da invasão.

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Como justificar a hostilização, ou pelo menos a estigmatização, de um povo na sua globalidade?

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Qual a fronteira entre uma medida dessa natureza e xenofobia?

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Há aqui um teste à solidez dos valores que costumamos apregoar.

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Não tem havido lugar para contextualizações ou quaisquer posições que não se restrinjam à manifestação de apoio incondicional à Ucrânia e à condenação da invasão russa.

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A indignação daqueles que são manifestamente radicais no apoio à Ucrânia dirige-se a comentadores da guerra ou a quem manifesta posições relativamente a ela.

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O pedido do presidente Zelensky, de restrições à concessão de vistos, não mereceu uma torrente de apoio público ou a exigência, junto do Governo português, para que a ele aceda.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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