sábado, 20 de agosto de 2022

MAIS CITAÇÕES (194)

 
Há uns meses, o Parlamento chumbou propostas para revogar os vistos gold.

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O preço médio de uma casa na Área Metropolitana de Lisboa aumentou 144% entre 2000 e 2019. No Grande Porto duplicou. 

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E só nos últimos três anos cresceu ainda mais 30% no distrito de Lisboa quase 40% no do Porto

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Quanto ao salário médio, que tem de cobrir estes preços, não chegou a aumentar 50% desde 2000.

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A brutal crise no acesso à habitação tem um efeito transversal.

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Há anos que Lisboa tem falta de professores porque não se consegue viver na capital. O mesmo acontece com polícias, enfermeiros e todo o tipo de profissões. 

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É um problema estrutural que exige soluções estruturais.

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À falta de vontade para regular instrumentos como os vistos gold, Alojamento Local ou benefícios fiscais concedidos a estrangeiros endinheirados, junta-se a falta de habitação pública.

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Viena, Amesterdão, Estocolmo ou Bruxelas têm entre 25% a mais de 40% de casas geridas por programas sociais.

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Lisboa e Porto nem chegam aos 10%. No total do país, não passam de 2%.

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Temos portugueses com salários baixos e sem acesso aos benefícios fiscais reservados para os estrangeiros qualificados a competir pelo acesso a um teto onde viver.

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E o problema é a ausência de políticas públicas que contrabalancem a pressão do mercado global. Isto é um jogo viciado. 

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O problema é estarmos a aquecer uma panela de pressão de um ressentimento social que alimentará a xenofobia.

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A solução passa por mais Estado, essa heresia para os dogmas da moda.

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O que fazem tantos países europeus, despreocupados com o estigma das políticas “socialistas”.

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Mas não está fácil vender por cá o que é óbvio em tanto lado.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Todas as dimensões da vida das pessoas/trabalhadores, e por consequência das famílias, são atingidas negativamente [pela precariedade no trabalho].

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Nos últimos 50 anos ocorreram mudanças profundas na divisão social do trabalho.

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Novas formas de organização e de prestação do trabalho tiveram de ser consideradas. 

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Todavia, a precariedade, no fundamental, não decorre de imperativos inerentes às complexidades daquelas mudanças.

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Quanto à volatilidade do emprego, repare-se que, quer no setor privado, quer no público, são imensos os postos de trabalho permanentes por onde passam trabalhadores precários uns atrás dos outros, anos a fio.

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A precariedade no trabalho é, em grande medida, um conjunto de mecanismos de sobre-exploração.

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Enfraquecidas as representações coletivas dos trabalhadores (…) O resultado é sempre pior retribuição do trabalho e perda ampla de direitos e formações.

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[A precariedade] faz parte dos instrumentos mais requintados da "economia que mata".

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[Moderno é] o Direito do Trabalho, que tem por função primeira a proteção do elemento mais frágil na relação de trabalho - o trabalhador - e não a de promover políticas económica e de emprego neoliberal.

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O Governo, se tem verdadeira preocupação com os impactos da precariedade, enfoque o seu esforço na promoção da segurança no emprego.

Carvalho da Silva, JN

 

Foram divulgados os resultados de um inquérito feito a 494 juízes portugueses sobre a avaliação que fazem da sua independência individual ou de todo o sistema.

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Mais de um quarto dos inquiridos, 26%, acredita que, nos últimos três anos, juízes portugueses aceitaram subornos ou outras formas de corrupção.

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Outro aspecto relevante é que 27% desses juízes consideram ter havido distribuição de processos a juízes à revelia das regras ou dos procedimentos estabelecidos.

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Os portugueses têm razões de sobra para desconfiar do sistema judicial.

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Os megaprocessos (…) a morosidade inexplicável (…) a desigualdade no acesso à justiça (…) e, mais recentemente, casos de corrupção envolvendo magistrados.

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Só que este inquérito revela descrédito por parte de quem está dentro do próprio sistema judicial. 

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O descrédito dos juízes inquiridos aponta para a falta da qualidade fundamental de quem é magistrado judicial: a integridade.

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O problema é agora público. E não desaparecerá, por magia, se nada for feito.

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Esta falta de confiança aniquila a que os próprios portugueses pudessem ter.

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[As pessoas] tomarem conhecimento destes factos e esperar-se que esqueçam o assunto ou que convivam bem com este elefante na sala é desrespeitoso.

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Não se pode apagar o passado. Casos de corrupção terão acontecido e a percepção que os magistrados judiciais têm uns dos outros é preocupante.

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O desprestígio da justiça e o dos juízes têm um peso insustentável em democracia. 

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O poder judicial é o menos escrutinado pelos mecanismos democráticos, mas isso não o autoriza a virar costas às pessoas e ignorar as suas legítimas inquietações.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Se a população dos Estados Unidos está em declínio, a da China acendeu todas as luzes de alarme e os números podem ser ainda piores do que as estatísticas oficiais já mostram.

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Depois da política de um filho por casal imposta no tempo de Deng Xiaoping (…) o Governo chinês resolveu fazer um plano multissectorial tão alargado quanto possível para “criar um ambiente favorável ao matrimónio e à fertilidade”.

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Em 2021, 11 das 31 regiões e províncias da China tiveram crescimento negativo.

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As mulheres chinesas em idade fértil mostram pouca vontade de ter filhos.

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Em vez de pelo menos 2,1 filhos por mulher para que a população se mantenha estável, o número anda em 1,3.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A demografia pode jogar a favor das relações laborais porque menos fertilidade, implica menos população em idade activa e menos mão-de-obra disponível para as empresas contratarem.

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A ideia dos patrões de que podem ser só eles a definir o valor trabalho no cálculo de custos devido à abundância de mão-de-obra, começa a ser contrariada pela diminuição da fertilidade.

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Nos EUA, há uma tendência cada vez mais em voga de as pessoas deixarem as empresas plantadas e não aparecerem quando deviam a começar a trabalhar.

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Esse declínio de oferta no mercado laboral já levou países a agilizarem as burocracias para contratarem migrantes e a criar pacotes de incentivos que permita atrair a mão-de-obra que falta.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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