sexta-feira, 19 de agosto de 2022

CITAÇÕES

 
O espinhoso problema da eficiência económica tem-se prestado, ao longo dos tempos, a uma tecnologia de simplificação que se tornou um jogo. 

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Por isso, ler hoje que “o SNS é uma ideologia” em alguma coluna ou entrevista, ou sobretudo nalgum discurso político, (…), [será] um sinal cabalístico para o reconhecimento mútuo de quem promove o culto da empresa como uma renda.

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[Pretende-se um efeito de intoxicação] que insiste em que o privado é melhor do que o público a gerir a coisa pública.

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[As crises financeiras] que, de tão frequentes, dificilmente comprovam um paraíso eficiente [no que diz respeito à gestão privada].

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O argumento é antes que o público não sabe gerir o público e, por isso, o privado se deve encarregar de tal função.

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Graças ao predomínio desta estratégia, a canalização da despesa social para as receitas das empresas tornou-se um dos modos predominantes de acumulação no nosso tempo.

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Nos EUA, esse processo, constitutivo da relação secular entre empresas e o Estado, agrava-se agora.

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Na Europa e noutros lugares, o caminho é mais disputado, mas é idêntico.

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Nada disto segue um guião de redução do Estado.

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Na emergência da pandemia, os gastos públicos em todo o mundo dispararam em cerca de 16% do PIB mundial. 

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O Estado funciona e faz falta, até os liberais reconheceram, ainda que pesarosamente.

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Ora, esse funcionamento do Estado constitui o centro da disputa política e económica, dado que a captura de bens e serviços públicos se tornou o eldorado do início do século XXI.

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Na OCDE, o sector público representava, em média, 17% do total da capitalização das empresas em 2017 e desceu para 10% em 2020.

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Se verificarmos o mapa das maiores empresas do mundo, os sucessos mais fulgurantes são de empresas públicas.

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Este processo de privatizações tem, em qualquer caso, um efeito pesado: a concentração do poder plutocrático.

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Se 10% da população detém 84% das ações de todas as empresas cotadas naquele país [EUA], a concentração de poder é irrefutável.

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O historiador Tony Judt já tinha escrito, em “Algo Vai Mal”, que esta economia desloca o regime político.

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Alguém se espanta com a ascensão de Trump?

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Ainda antes do aumento da temperatura prevista para as ondas de calor das próximas semanas e na antecipação de um mês de Setembro mais complicado do que o do ano transacto, os fogos florestais já fazem de Portugal o terceiro país com mais área ardida na União Europeia neste ano.

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O aquecimento global, acompanhado de muito vento, baixa humidade e elevadas concentrações de ozono é a realidade que prescreve desculpas para várias justificações sem perdão.

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É criminoso o que de tão errado (não) se fez para que mais esta tragédia pudesse acontecer. Nada é inevitável quando previsível.

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É dilacerante como mantemos intactas as inquietações.

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A necessidade de revisão da operacionalidade das coimas e da limpeza das matas é evidente.

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Definir o que fazer com os excedentes da exploração florestal, recuperar, actualizar e funcionalizar o cadastro dos terrenos é absolutamente imperioso.

Miguel Guedes, JN

 

À nossa volta vemos fogo. Nas florestas deste país e noutros.

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Conferência após conferência climática, não vimos, contudo, esse fogo reflectido nos olhos de quem julga ter poder.

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Olhámos como a reacção aos nossos protestos internacionais com milhões de manifestantes foi de desresponsabilização e repetida negação da gravidade da crise que enfrentamos.

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Investe-se em combustíveis fósseis quando, seguindo os únicos planos realistas, temos de atingir neutralidade carbónica até 2030.

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Recusamos cair em submissão num futuro que, seguido este curso de aumento de temperaturas, é apocalíptico.

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Vamos ocupar as nossas faculdades e secundários até ganhar — impedir o normal funcionamento dos nossos espaços, com os nossos corpos, até se garantir o fim aos fósseis até 2030.

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No que toca às ciências, e seguindo o nosso comunicado, sabemos que “os cientistas estão fartos de serem ignorados e verem a sua mensagem manipulada, sempre para proteger os interesses do sistema”.

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Somos milhares, de todo o país e todo o mundo, mas com uma só voz ergue-se o clamor da vida que exigimos defender: Fim ao fóssil!

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Temos muitas ideias e muitos meios de as tornar realidade, mas as ocupas serão construídas por e para cada instituição, garantindo uma força democrática em todo o processo.

Noah Zino e Matilde Ventura, “Público” (sem link)

 

Não é segredo que viajar sozinha (leia-se sem a companhia de uma figura masculina) é uma conquista recente das mulheres. E muitas vezes, um desafio.

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O volume de pesquisa para o termo “viagem solo feminina” (female travel solo, em inglês) em todos os mecanismos de pesquisa aumentou 62% nos últimos três anos.

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No Brasil já foi criada uma agência de viagens especificamente para mulheres negras que viajam a solo.

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É uma realidade que para muitas pessoas não negras poderá parecer estranha por não compreenderem os entraves que se pode encontrar devido ao racismo quotidiano, estrutural e cultural.

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Sempre que quero viajar, há alguém que me tenta impedir ou dissuadir, e sempre pelas mesmas questões raciais.

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Sejamos auroras negras, viajemos, e façamos a revolução na nossa existência quotidiana de sermos mulheres negras felizes e conscientes.

Cláudia Silva, “Público” (sem link)

 

O crescimento da população nos Estados Unidos está em queda há quase duas décadas.

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[Para esta situação contribui uma sucessão de fatores:] o aumento da mortalidade por causa da covid, o declínio da fertilidade e a descida da migração internacional.

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E esta última força, que poderia servir para contrabalançar as outras, está também em queda.

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[Nos EUA] a contratação de imigrantes, ao contrário as opiniões pré-concebidas, tem um impacto positivo ou nulo e não negativo nos salários dos norte-americanos.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


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