quarta-feira, 3 de maio de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (51)

 
Mais casos, episódios internos de desagregação política do Governo, algumas cenas rocambolescas e uma novela entre primeiro-ministro e Presidente.

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Mas interessa-me outra história. Foi há três meses, em 28 de fevereiro, que 130 trabalhadores da CP, tutelada diretamente por Galamba, deixaram de receber. 

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A CP e o Ministério não se chegaram à frente, recusaram-se a assumir o serviço mesmo que temporariamente.

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Durante 54 dias, estes trabalhadores estiveram acampados frente às estações de Campanhã e Santa Apolónia, sobrevivendo com as refeições doadas pelo sindicato e com o apoio de vizinhos e colegas.

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Só amanhã, 4 de maio, retomarão finalmente o emprego, com uma nova empresa concessionária e a promessa de receberem o que lhes devem.

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No passado dia 1 de maio, entraram em vigor as alterações à legislação laboral. 

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Trabalhadores externalizados passam a estar abrangidos por acordos de empresa, bem como por acordos e contratos coletivos de trabalho das empresas onde prestam serviço.

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É impossível combater a precariedade sem combater o outsourcing, que é atualmente um dos seus principais instrumentos.

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A “presunção de laboralidade” com as plataformas digitais, um avanço legal significativo, por prever um vínculo laboral entre plataformas e trabalhadores, que as plataformas já anunciaram como pretendem contornar.

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São questões que não têm empolgado o campo mediático nem merecido grande atenção - certamente menos que o escarcéu do computador e a demissão encenada de Galamba. 

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A maior e mais escandalosa mentira deste governo aconteceu em setembro do ano passado, quando a ministra do Trabalho advertiu que a Segurança Social iria à falência caso se cumprisse a lei de atualização das pensões.

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Mas creio que nenhum comentador falou da demissão da ministra nem o Presidente interveio em nome da credibilidade e do prestígio das instituições.

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Por que gera tão pouco escândalo, comparativamente, o abandono pelo Ministério das Infraestruturas dos trabalhadores dos bares dos comboios? 

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A política que temos é feita de paixões, mas estas não dizem respeito à “política dos muitos” nem à vida de quem trabalha.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Esta mistura de magia Harry Potter e de malignidade Guerra dos Tronos é o governo português em ação e já vamos no quarto dia. Uma caubóiada.

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Quando o presidente do partido pede a remodelação da remodelação, nem vale a pena a repetição desconexa de tantos dirigentes que pedem que o oráculo seja interpretado na minúcia (…) pois tudo é óbvio.

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Em todo o caso, passamos um ponto de não retorno. A maioria absoluta fez do governo o padrinho do populismo de que se queixa.

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Ninguém fez agora mais para desacreditar a política, para exibir desinteresse pelas soluções, para banalizar a conversa fiada (…) do que o governo.

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E, se há ali quem acredite que o país vive deslumbrado com o PRR, ou que o povo se consola com o défice, desengane-se.

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Transformar o país numa farsa pode animar uma sede partidária, pode alimentar um modelo de intriga (…) mas é sempre uma política que alimenta o populismo.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

As cidades devem estar no centro de qualquer visão realista sobre a sustentabilidade.

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As nossas cidades têm de facto uma enorme pegada ecológica.

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[A Bacia Mediterrânica] para além de ser uma região particularmente vulnerável às alterações climáticas, tem também uma das maiores taxas de urbanização do mundo.

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[ As cidades da região mediterrânica] estão também a enfrentar as ameaças crescentes da subida do nível do mar, de inundações costeiras e de tempestades (UN-Habitat, 2018).

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É por esta razão que a União para o Mediterrâneo (UpM) tem apelado constantemente à cooperação internacional para impulsionar o desenvolvimento sustentável.

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Especialmente à medida que repensamos as nossas cidades pós-COVID-19, as respostas estratégicas eficazes e conjuntas são mais cruciais do que nunca.

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Uma dessas áreas-chave deve ser a falta de eficiência energética nos edifícios, correctamente referida como o "elefante na sala".

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Actualmente, os edifícios e a construção são responsáveis por 37% das emissões de gases com efeito de estufa relacionadas com a energia.

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Longe de atingir as suas ambições de descarbonização até 2050, o consumo global de energia do sector da construção está em vias de duplicar até [2050].

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A resposta é clara. Uma vez que o Mediterrâneo estará na vanguarda das alterações climáticas, deve também ser um líder mundial em inovação.

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É por isso que a UpM apoiou a criação da iniciativa do Programa para a Eficiência Energética nos Edifícios (PEEB) na região do Mediterrâneo.

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Através da sua recente colaboração com a OMS, a UpM conseguiu promover cidades mais saudáveis e habitáveis que dão prioridade ao bem-estar dos seus habitantes.

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Para além das parcerias institucionais, o trabalho em prol do desenvolvimento urbano sustentável exige também a inclusão, envolvendo os cidadãos, os jovens e as mulheres para que todos tenham uma palavra a dizer sobre o local onde vivem.

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Ao dar prioridade ao desenvolvimento urbano sustentável, podemos reforçar a resiliência das cidades euro-mediterrânicas.

Erdal Sabri Ergen, “Público” (sem link)

 

[Não obstante a catástrofe climática em curso] o Governo português decide continuar a acelerar na “autoestrada para o inferno climático”, apostando na construção de uma nova infraestrutura aeroportuária de grandes dimensões.

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Sendo a aviação uma das atividades humanas mais poluentes (…) torna-se difícil imaginar como as atuais miragens aeroportuárias possam ser compatíveis com a neutralidade carbónica.

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Depois de contestado por organizações da sociedade civil que chegaram a utilizar a via judicial para pedir a anulação da Declaração do Impacte Ambiental condicionada, foi a oposição de dois municípios afetados que acabou por travar os planos para o Montijo

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[Uma lei] oportunamente revertida em abril deste ano por um acordo entre PS e PSD que convergiram na amputação dos poderes locais, não vá o Diabo tecê-las.

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Em última análise, não há volta a dar, ou a humanidade continua na autoestrada para o inferno climático ou muda radicalmente de trajetória.

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É impossível evitar a catástrofe climática sem tocar na aviação internacional.

Hans Eickhoff, “Público” (sem link)


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