quarta-feira, 12 de julho de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (59)

 
Seria preciso um monumento de ingenuidade para pensar que na logo repetida intervenção do ministro da cultura sobre a comissão de inquérito à TAP se trate de um improviso ou de uma descarga de uma alma sofrida.

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Este tão clássico truque de incendiar a floresta tem dois objetivos: desviar as atenções de um problema com contornos sinistros (…) e proteger o partido de um incómodo, um relatório constrangedor sobre o amadorismo na gestão.

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Quando o PS não tinha maioria absoluta nunca houve esta sucessão de demissões e escândalos.

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O ministro da cultura faz afirmações estrambólicas a despropósito de um problema sério.

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[O ministro desceu] ao insulto e ao antiparlamentarismo primário.

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[Achará o ministro] que devem ser limitados os âmbitos das perguntas ou o horário das comissões?

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A maioria absoluta tem destes efeitos: se o partido está incomodado, atreve-se a sugerir mudar as regras e os democratas de ontem tiram da sua gaveta alguns tiques autoritários. 

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Agora outro ministro lança-se à batalha para domesticar uma comissão de inquérito e habituar o país a um relatório anedótico.

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Nada disto seria sequer imaginável sem o conforto da maioria absoluta.

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Todos os protocavaquismos se parecem entre si.

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Nenhuma gritaria de Ventura no Parlamento fez tanto pelo populismo como esta sobranceria da maioria absoluta contra a comissão de inquérito.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

Marco Capitão Ferreira, um arguido que antes de o ser já se esperava que fosse.

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O mínimo que se pode dizer é que entre Capitão Ferreira e Alberto Coelho se manteve uma relação de trocas de favores.

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[Costa empurrou] com a barriga a saída do secretário de Estado da Defesa até haver buscas no Ministério.

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Faz parte do seu perfil político, só agindo quando o seu interesse está em causa.

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O que me parece evidente é que alguém que vinha com esta carga dificilmente poderia ir para um lugar onde se mexe com tantos milhões e onde o tráfico de influências e a corrupção são habituais em todo o mundo.

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[Costa] gaba-se do crescimento do PIB sem mostrar preocupação com a sua distribuição e do excedente orçamental sem olhar para os custos para os serviços públicos.

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[Quem fala apenas de corrupção] despolitiza a política, retirando-lhe o debate sobre as grandes escolhas e reduzindo-a a uma questão moral.

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A vida tem-me ensinado que raramente são os mais sérios.

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[Costa] trata Portugal como uma democracia subdesenvolvida.

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[A corrupção] é uma poderosa barreira à democracia e ao desenvolvimento. 

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Uma suspeita de corrupção que atinge diretamente um secretário de Estado numa área que envolve muitos milhões não é, em qualquer governo, um “casinho”. 

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E se, perante ela, o primeiro-ministro não presta atenção, temos razões para temer que demasiadas lhe passem ao lado.

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Liderando um partido que vive com o trauma de José Sócrates, a displicência é especialmente incompreensível. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online (sem link)

 

O que importa aqui realçar é que o que vitimou dezenas de pedroguenses em junho de 2017 não foram árvores mortas em pé ou caídas no solo.

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Em espaço dito florestal, foram sim árvores vivas, que constituíam, em teoria silvícola, povoamentos puros, ou seja, de uma só espécie.

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Ou seja, claramente um sistema artificial.

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O resultado de uma operação de restauro da natureza é exatamente o oposto da ocupação que provocou a morte de mais de uma centena de vidas humanas em 2017.

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O restauro da natureza não é compatível com operações de corte raso.

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Por cá, [o PS] tem promovido a sobre-exploração dos recursos naturais, designadamente dos florestais e em particular de arvoredo de espécies autóctones.

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Importa por último mencionar que a proposta de Comissão Europeia, da lei de restauro da natureza, conta com o apoio de uma carta subscrita por mais de 3000 cientistas, cerca de uma centena a partir de Portugal.

Paulo Pimenta de Castro, “Público” (sem link)

 

Depois da queixa-crime da Direção Nacional da PSP e da iniciativa do PSD de – através da Assembleia da República – questionar a RTP, acerca do cartoon “Carreira de Tiro”, foi a vez de o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, ligar para a administração da RTP.

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Um ministro não deve exercer a sua influência, que é muita, junto de alguém que está a desenvolver o seu trabalho numa empresa pública ou privada.

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Se entende que violou a lei ou direitos fundamentais de alguma pessoa ou instituição, recorre às entidades com a missão de acolher essas denúncias ou reclamações.

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[Mas] José Luís Carneiro tornou público que fez aquele telefonema. 

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Porque o terá anunciado?

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A resposta que tenho para dar é grave e preocupante. Os destinatários do anúncio do ministro eram os próprios polícias e era a aprovação destes que pretendia.

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José Luís Carneiro seguiu a via que alguém do Chega também teria seguido se estivesse no seu lugar.

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Somos forçados a constatar que o discurso do autoritarismo securitário, inspirado na extrema-direita, está tão alastrado nas forças de segurança que já poucos se atrevem a fazer-lhe frente.

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O ministro da Administração Interna sabe bem que nas polícias em Portugal existe um grave problema de racismo.

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[Estamos perante] uma situação que pode ficar ingerível a qualquer momento.

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Ficar ingerível significa existir um problema de autoridade declarado entre o Governo e homens que estão armados.

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Em cada cidadão, sobretudo nos que integram minorias, existe um potencial inimigo – esta é a filosofia da extrema-direita aplicada às forças policiais.

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José Luís Carneiro optou por passar o pano e ir ao encontro da narrativa destes homens.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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