(…)
Este tão clássico truque de incendiar a floresta tem dois
objetivos: desviar as atenções de um problema com contornos sinistros (…)
e proteger o partido de um incómodo, um relatório constrangedor sobre o
amadorismo na gestão.
(…)
Quando o PS não tinha maioria absoluta nunca houve esta
sucessão de demissões e escândalos.
(…)
O ministro da cultura faz afirmações estrambólicas a
despropósito de um problema sério.
(…)
[O ministro desceu] ao insulto e ao antiparlamentarismo
primário.
(…)
[Achará o ministro] que devem ser limitados os âmbitos das
perguntas ou o horário das comissões?
(…)
A maioria absoluta tem destes efeitos: se o partido está
incomodado, atreve-se a sugerir mudar as regras e os democratas de ontem tiram
da sua gaveta alguns tiques autoritários.
(…)
Agora outro ministro lança-se à batalha para domesticar uma
comissão de inquérito e habituar o país a um relatório anedótico.
(…)
Nada disto seria sequer imaginável sem o conforto da maioria
absoluta.
(…)
Todos os protocavaquismos se parecem entre si.
(…)
Nenhuma gritaria de Ventura no Parlamento fez tanto pelo populismo
como esta sobranceria da maioria absoluta contra a comissão de inquérito.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Marco Capitão Ferreira, um arguido que antes de o ser já se esperava que fosse.
(…)
O mínimo que se pode dizer é que entre Capitão Ferreira e Alberto Coelho se manteve uma relação de trocas de favores.
(…)
[Costa empurrou] com a barriga a saída do secretário de Estado da Defesa até haver buscas no Ministério.
(…)
Faz parte do seu perfil político, só agindo quando o seu interesse está em causa.
(…)
O que me parece evidente é que alguém que vinha com esta carga
dificilmente poderia ir para um lugar onde se mexe com tantos milhões e
onde o tráfico de influências e a corrupção são habituais em todo o mundo.
(…)
[Costa] gaba-se do crescimento do PIB sem mostrar preocupação
com a sua distribuição e do excedente orçamental sem olhar para os custos para os serviços públicos.
(…)
[Quem fala apenas de corrupção] despolitiza a política,
retirando-lhe o debate sobre as grandes escolhas e reduzindo-a a uma questão moral.
(…)
A vida tem-me ensinado que raramente são os mais sérios.
(…)
[Costa] trata Portugal como uma democracia subdesenvolvida.
(…)
[A corrupção] é uma poderosa barreira à democracia e ao
desenvolvimento.
(…)
Uma suspeita de corrupção que atinge diretamente um
secretário de Estado numa área que envolve muitos milhões não é, em qualquer governo, um “casinho”.
(…)
E se, perante ela, o primeiro-ministro não presta atenção, temos
razões para temer que demasiadas lhe passem ao lado.
(…)
Liderando um partido que vive com o trauma de José Sócrates, a displicência é especialmente incompreensível.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
O que
importa aqui realçar é que o que vitimou dezenas de pedroguenses em junho de
2017 não foram árvores mortas em pé ou caídas no solo.
(…)
Em
espaço dito florestal, foram sim árvores vivas, que constituíam, em teoria
silvícola, povoamentos puros, ou seja, de uma só espécie.
(…)
Ou seja, claramente um sistema artificial.
(…)
O
resultado de uma operação de restauro da natureza é exatamente o oposto da
ocupação que provocou a morte de mais de uma centena de vidas humanas em 2017.
(…)
O restauro da natureza não é compatível com operações de
corte raso.
(…)
Por cá, [o PS] tem promovido a sobre-exploração dos recursos
naturais, designadamente dos florestais e em particular de arvoredo de espécies
autóctones.
(…)
Importa
por último mencionar que a proposta de Comissão Europeia, da lei de restauro da
natureza, conta com o apoio de uma carta subscrita por mais de 3000 cientistas,
cerca de uma centena a partir de Portugal.
Paulo Pimenta de Castro, “Público” (sem link)
Depois
da queixa-crime da Direção Nacional da PSP e da iniciativa do PSD de – através
da Assembleia da República – questionar a RTP, acerca do cartoon “Carreira de
Tiro”, foi a vez de o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro,
ligar para a administração da RTP.
(…)
Um
ministro não deve exercer a sua influência, que é muita, junto de alguém que
está a desenvolver o seu trabalho numa empresa pública ou privada.
(…)
Se
entende que violou a lei ou direitos fundamentais de alguma pessoa ou
instituição, recorre às entidades com a missão de acolher essas denúncias ou
reclamações.
(…)
[Mas] José Luís Carneiro tornou público que fez aquele
telefonema.
(…)
Porque o terá anunciado?
(…)
A resposta
que tenho para dar é grave e preocupante. Os destinatários do anúncio do
ministro eram os próprios polícias e era a aprovação destes que pretendia.
(…)
José Luís Carneiro seguiu a via que alguém do Chega também
teria seguido se estivesse no seu lugar.
(…)
Somos
forçados a constatar que o discurso do autoritarismo securitário, inspirado na
extrema-direita, está tão alastrado nas forças de segurança que já poucos se
atrevem a fazer-lhe frente.
(…)
O ministro da Administração Interna sabe bem que nas polícias
em Portugal existe um grave problema de racismo.
(…)
[Estamos perante] uma situação que pode ficar ingerível a
qualquer momento.
(…)
Ficar ingerível significa existir um problema de autoridade
declarado entre o Governo e homens que estão armados.
(…)
Em
cada cidadão, sobretudo nos que integram minorias, existe um potencial inimigo
– esta é a filosofia da extrema-direita aplicada às forças policiais.
(…)
José Luís Carneiro optou por passar o pano e ir ao encontro
da narrativa destes homens.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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