sábado, 15 de julho de 2023

MAIS CITAÇÕES (240)

 
O Saara Ocidental é a última colónia africana, ocupada ilegalmente por Marrocos desde 1975. 

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Apesar da flagrante ilegitimidade da atual situação à luz do direito internacional, Marrocos continua a rejeitar qualquer possibilidade de decisão democrática que não seja a integração do território

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Dois factos recentes agravaram este intolerável cenário.

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A potência ocupante inventou uma “Iniciativa Marroquina para a negociação de um estatuto de autonomia para a região do Saara”, (…) [em que] reitera a negação frontal da autodeterminação nos termos das resoluções da ONU. 

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Que o Governo espanhol tenha cedido a tal proposta, saudando-a, é grave.

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Tanto ou mais grave é o governo português ter também manifestado apoio ao plano marroquino, considerando-o uma “proposta realista, séria e credível”. 

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Tal posição está em flagrante contradição com o património histórico e diplomático de Portugal num outro caso cujo paralelismo é cristalino: Timor.

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Uma proposta de referendo no Saara em que as duas únicas hipóteses são ficar sob ocupação ou ficar sob ocupação, ao arrepio do direito internacional.

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O segundo facto grave é que Portugal seja parte de uma candidatura ao Campeonato do Mundo em 2030 que envolve Espanha e Marrocos e na qual se prevê a realização de jogos em território ocupado.

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Em 2021, o Tribunal Geral de Justiça da UE anulou os acordos de pesca da UE com Marrocos por incluir os territórios ocupados do Saara sem consultar os seus legítimos representantes.

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Guterres, que lutou por Timor, não se esqueceu da importância da persistência e da coerência dos valores nestas matérias.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Um dos maiores feitos de Hollywood foi exportar para quase todo o mundo o mito do “sonho americano”.

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A ideia de que com trabalho e esforço qualquer um pode singrar na “terra das oportunidades” serve para os pobres se responsabilizarem pela sua pobreza e reconhecerem a justiça do privilégio. 

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Fora do ecrã, os EUA são um dos países com menor mobilidade social, a léguas do norte da Europa.

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O sistema de acesso [à universidade] já reproduz a diferença social e cultural na sociedade.

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Há mais jovens oriundos das famílias dos 1% mais ricos nas universidades da Ivy League do que dos 50% com menores rendimentos.

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Numa sociedade estratificada, (…), a revolta com a desigualdade é substituída pelo ressentimento perante o fracasso.

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A discriminação positiva [para a entrada de alunos negros na universidade] foi proibida, por referendo ou decisão dos eleitos, em nove estados.

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Um deles foi a Califórnia e, dois anos depois, a percentagem de alunos negros a entrar na UCLA desceu de 7% para 4%. 

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[Nas Forças Armadas] um em cada cinco militares são negros, mas só duas das 41 principais patentes pertencem a esta minoria.

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Uma nação diversificada sob o comando de lideranças homogéneas é receita para ressentimento, discórdia, violência e falta de coesão.

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Um terço dos lugares de Harvard são ocupados por filhos de antigos alunos.

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São, boa parte, filhos de doadores. 

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A exigência de mérito individual fica para os pobres.

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A base da desigualdade é a perpetuação de um sistema afunilado à partida.

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A meritocracia é a mentira que se serve aos pobres para justificar o privilégio. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O lugar-comum “à política o que é da política e à justiça o que é da justiça” é uma completa falsidade.

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Dá um estatuto de independência e isenção à “justiça” que ela só tem por excepção.

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Numa democracia, a “justiça” é politizada, como são todos os três poderes clássicos.

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Tal não significa que a justiça não deva ser independente nos seus procedimentos.

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Mas uma coisa é essa base política de tudo em democracia, outra é a “justiça” actuar como agente político.

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O caso mais grave deste tipo de comportamento de, na prática, ilegalizar a política foi em Itália.

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[Perante a corrupção generalizada do sistema político italiano] a Operação Mãos Limpas tinha todo o sentido.

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Mas ela tornou-se rapidamente, mais do que um acto de “justiça”, numa actividade persecutória.

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Em Portugal, a mesma tentação justicialista tem estado sempre presente, com altos e baixos, na “justiça”.

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A tentação de ilegalizar a política está mais que presente nos dias de hoje em Portugal e é, em conjunto com a comunicação social politizada e as asneiras do Governo, uma fonte importante da crise da democracia que vivemos.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Pode e deve mencionar-se as matérias de grande significado que ficaram de fora [da recente revisão do Código do Trabalho] e deviam ter sido consideradas para equilibrar poderes.

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O ajustamento e o valor daquelas alterações serão determinados pelas relações de forças entre os atores, pelas opções políticas em cada tempo e pela jurisprudência que se vai formando.

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E o atual contexto está carregado de armadilhas.

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Debaixo de uma falsa modernidade, prossegue a promoção do conceito “colaborador” em substituição de trabalhador. 

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Foi a democracia que acabou com esse velho colaboracionismo. O conceito não tem enquadramento constitucional ou legal. 

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Hoje vários dos argumentos expandidos contra disposições legislativas progressistas visam estilhaçar o Sistema de Relações Laborais da nossa Democracia.

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O Direito do Trabalho traça balizas que obrigam a articular interesses económicos com valorização dos direitos sociais e humanos. 

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Respostas voluntaristas e pretensamente pós-modernas que o Governo fez avançar, e promove com ligeireza, podem transformar-se em perigosas armadilhas. 

Carvalho da Silva, JN

 

Ao fim de tantos tropeções, dores de cabeça, trabalho de bastidores, a Lei do Restauro da Natureza foi finalmente aprovada.

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Tenho dito e reescrito que a informação da urgência, sobre a necessidade de recuperar ecossistemas degradados, é tão necessária e pedagógica quanto a questão do clima.

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Apesar de aprovada, esta lei foi muito amputada. A politização em torno desta discussão veio mostrar quão difícil tem sido a mudança dos interesses económicos.

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A segurança alimentar e a quantidade de alimento produzido foram as “armas” usadas em torno desta politização, como se o facto da preservação da biodiversidade fosse afectar a produção alimentar.

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Do ponto de vista das pescas, a delimitação de certas zonas como defeso ou a constituição e preservação de pradarias marinhas asseguram a presença de nichos ecológicos para berço de espécies piscícolas.

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O grande problema é que o tempo de resposta da natureza é diferente do desejado pelos interesses económicos e políticos.

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Um dos problemas ligados à agricultura prende-se com a recuperação de turfeiras, pauis ou zonas húmidas que estão em vias de extinção.

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“Obrigar” a recuperação destes ecossistemas é algo impensável para os detractores da lei do restauro.

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Pensar que a floresta é apenas a árvore de exploração é reduzir a importância de uma verdadeira floresta com diferentes estratos arbóreos e arbustivos.

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Actualmente, o incentivo são as florestas uniformes, contínuas e contíguas que não fazem solo e ainda por cima são ígneas.

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O importante agora é demonstrar, com seriedade científica, que os defensores desta lei apenas se preocupam com a nossa sobrevivência enquanto espécie neste grande ecossistema que é o planeta Terra.

Maria Amélia Martins-Loução, “Público” (sem link)


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