(…)
A degradação do bipartidismo sobrepõe-se a uma fragilização
do arranjo constitucional que fixou o lugar das autonomias nacionais.
(…)
O ciclo de conflitos nacionais ainda vai no adro.
(…)
O PP se encurralou numa aliança – aliás desmentida para ser
mentida – com o Vox, pelo que passou a ser excluído por definição qualquer
acordo com aliados anteriores e naturais.
(…)
[O PP] não poderá governar, por mais que proteste, pela razão
evidente de que não tem nem maioria no país nem votos parlamentares para tomar
posse.
(…)
O recuo de partido liberais na Europa, com os fiascos
holandês e alemão, sugere que não se trata de uma questão local.
(…)
A dimensão mais explorada pelos comentários é o resultado da
extrema-direita e a comparação entre o Vox e o Chega.
(…)
Estava escrito nas estrelas que Ventura festejaria
exuberantemente o resultado ainda antes de contados os votos e anunciaria o
governo com os seus congéneres.
(…)
Perdido o exclusivo do cheguismo, Ventura fica obrigado a
superlativizar os seus dizeres e propostas, precisamente onde faz crescer as
suas vulnerabilidades.
(…)
A dramatização, que é o modo de vida do venturismo, é o
perigo que o ameaça.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
O que é sempre rejeitado como impossível é, claro, não só
possível, como vai acontecer.
(…)
Implementar transportes públicos gratuitos de forma
permanente é essencial para travar a crise climática.
(…)
Aos trabalhadores continuam a não ser dadas condições de
trabalho e salariais.
(…)
O investimento nos transportes públicos continua insuficiente
e incapaz de reduzir o impacto daquele que é o setor com maior nível de
emissões de gases com efeito de estufa em Portugal.
(…)
[Acabámos por descobrir que] não só há capacidade para
reforçar os transportes públicos, mas também para os tornar gratuitos.
(…)
Para as populações? Não. Para os peregrinos da Jornada
Mundial da Juventude...
(…)
Afinal, será preciso um milagre para termos transportes
públicos gratuitos? Não. É preciso vontade política.
(…)
O que nos dizem é que os transportes serão mobilizados,
reforçados e repensados para dar resposta, não às necessidades das
populações, não à urgência da crise climática, mas sim à vinda do Papa e
dos peregrinos que o vêm ver.
(…)
[O Estado] é capaz de agir quando identifica algo como
prioritário.
(…)
As pessoas e o planeta são a prioridade!
(…)
As Jornadas Mundiais da Juventude não são uma emergência, mas
a crise climática é.
(…)
O setor dos transportes deve ser pensado e gerido na ótica do
serviço público e da mitigação das alterações climáticas.
(…)
Este serviço pode empregar milhares de pessoas em Empregos para
o Clima dignos e de qualidade.
(…)
Ainda vamos a meio [do verão] e o recorde do dia mais quente
de sempre foi batido quatro vezes na mesma semana.
(…)
A crise climática é uma emergência.
Leonor Canadas, “Público” (sem link)
Este ano celebra-se o 30.º aniversário da criação do Mercado
Único Europeu.
(…)
[Empresas e grupos de pressão] têm usado as regras deste para
obstruir políticas e regulamentações sociais e ambientais progressistas que
possam prejudicar os seus lucros.
(…)
Em vez de proteger o espaço democrático das autoridades
públicas, a UE está a ir na direcção oposta.
(…)
Já com demasiada frequência, as regras rotuladas como
"obstáculos" ao Mercado Único são, na verdade, passos cruciais
para a transição para um futuro sustentável e socialmente justo, tais como as
medidas destinadas a atingir os objectivos climáticos.
(…)
Medidas urgentemente necessárias [como a substituição do
transporte por avião pelo comboio] viram-se restringidas no seu âmbito.
(…)
Entretanto, tentativas recentes da Alemanha e da Polónia para
conter o aumento do preço da energia resultante da dependência de
combustíveis fósseis, cada vez mais caros, também enfrentaram resistência,
usando o Mercado Único como justificação.
(…)
Casos de bloqueio de políticas legítimas incluem a obstrução
de medidas de habitação social, iniciativas de saúde pública e
legislação de protecção do consumidor relativamente a substâncias nocivas.
(…)
Em quase todos os casos, o sector empresarial tem conseguido
fazer retroceder, atrasar ou enfraquecer a legislação progressista.
(…)
Actores empresariais pretendem é, essencialmente, uma
preempção das iniciativas a nível nacional que não se enquadrem na sua agenda.
(…)
Se as crises da covid, do custo de vida e do clima nos
ensinaram alguma coisa, é que o papel do Estado é crucial para enfrentar
estas catástrofes frontalmente.
(…)
Para que a Europa possa proteger e expandir os seus serviços
públicos e protecções sociais, e enfrentar verdadeiramente a crise
climática, terá de virar as costas ao neoliberalismo e tomar medidas
para modernizar a governação do Mercado Único.
(…)
Em vez de eliminar os "obstáculos" identificados
pela indústria ao Mercado Único da UE, devemos concentrar-nos em eliminar
os verdadeiros obstáculos a uma transição social e ecologicamente justa.
Oliver Hoedeman, “Público” (sem link)
Em Espanha, é possível verificar que está normalizado o uso
desta expressão [“violência machista”] quando o tema é violência
doméstica.
(…)
O uso do termo “violência machista”, mesmo que certas esferas
o neguem, é, por si só, importantíssimo, pois a presença no espaço público é
fundamental para o respectivo conhecimento e entendimento.
(…)
[Ao contrário da direita, o bloco progressista] não só
reconhece a violência machista como apresentou medidas para a erradicar.
(…)
“Violência machista” traz uma vantagem face a “violência
doméstica”, pois abandona o aspecto espacial e aponta para o denominador
comum: são mais os
homens que matam e maltratam as mulheres pelo facto de serem mulheres.
(…)
Negar a violência machista é negar a realidade; omitir o
assunto é não ter ferramentas para o abordar.
Luís Alves Vicente, “Público” (sem link)
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