sexta-feira, 7 de julho de 2023

CITAÇÕES

 
As últimas semanas assistiram ao nascimento de uma nova espécie no complexo mundo em que vivemos: os lagardólogos.

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[Segundo eles, haverá] uma segunda fase de ajustamento dos preços em que as subidas dos salários começarão a compensar as perdas que já sofreram.

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Na dúvida, [Lagarde e os lagardólogos] recomenda aos Governos que ponham travão aos salários.

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O ajustamento faz-se, portanto, pela perda nos salários.

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O problema é que isto é mais difícil de dizer pelos responsáveis políticos que terçaram para que o BCE possa fazer exatamente assim.

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Protestam, portanto, unicamente para impressionar a opinião pública.

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Caem por vezes esses governantes na armadilha da precipitação.

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Foi assim que o Governo português alinhou pelo diapasão da inflação “temporária”.

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Contudo, o mais expressivo desses alinhamentos devotos foi a repetição de que os salários não poderiam recuperar.

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[Em abril do ano passado, o mesmo primeiro-ministro tinha dito] que a espiral inflacionista condicionaria as escolhas do Orçamento.

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Portanto, nada de salários. 

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Até é difícil encontrar alguma lógica neste enredo, em que a perda de valor dos salários deve ser “alinhada” pelo objetivo do BCE… para a inflação, que na realidade é o quádruplo.

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Vem então agora o primeiro-ministro criticar o que antes era a sua certeza, atacando Lagarde pelo que ele próprio dela repetiu.

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Os salários em Portugal continuarão muito abaixo dos cerca de 15% que a inflação lhes come em 2022 e 2023.

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Parece um pouco exagerado o anúncio pelos lagardólogos de que haverá um processo mágico de recuperação salarial em 2024.

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Em Portugal, onde um salário de mil euros em 2002 teria que ser hoje de 1422 euros para manter o mesmo poder de compra.

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O efeito destas restrições tem sido um empobrecimento de quem trabalha.

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[Estamos perante] um buraco cósmico que explica tanto a emigração quanto a perda do prémio da qualificação de ensino superior.

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O aumento dos salários é sempre a chave para desbloquear estas condenações.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

O Bloco e o PAN apresentaram dois projetos de lei que têm em comum introduzir o critério da paridade de género na composição dos juízes do Tribunal Constitucional (TC).

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A experiência tem demonstrado que introduzir quotas é a única forma eficaz de garantir que deixamos de ter uma maioria absoluta de homens nos cargos mais altos das organizações.

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A IL e o Chega manifestaram-se contra.

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Aqui entre nós: gosto mais quando a IL não se disfarça de progressista. Assim, na versão sincera, é que estão bem.

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Mas também o PCP se posicionou contra.

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O PCP consegue fazer uma coisa que nenhuma outra força política consegue: apresenta argumentos válidos, que merecem reflexão, mesmo quando assume posições que são contrárias ao que temos como sendo um avanço social.

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O que se passa ao mais alto nível deve ter tradução nos direitos das mulheres de classes socioeconómicas mais baixas ou perde valor.

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O Livre, o PS e o PSD foram deixando transparecer, mais ou menos claramente, estar a favor.

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A lei que prevê e regula a eleição dos juízes para o TC é uma lei orgânica e o ordenamento jurídico português prevê especificamente qual a maioria necessária [maioria absoluta] para alterar essa lei.

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Quem é advogado sabe bem o quanto a magistratura judicial é, cada vez mais, um universo de mulheres. 

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Está ao alcance da democracia mudar isto no mais alto tribunal português, onde a desigualdade é historicamente embaraçosa.

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Nunca foi por falta de qualidade que as mulheres ficaram na segunda fila.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Há um problema de segurança associado ao consumo de drogas ilícitas a adensar-se, evidente e excessivo.

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Confundir a necessidade de segurança ou de protecção da saúde pública com a desnecessidade de adaptar uma lei que hoje permite que cerca de 30% dos condenados em 2021 por crimes relacionados com drogas sejam consumidores, é uma total aberração. 

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Para uma lei que descriminalizou o consumo há 23 anos, algo se passa. 

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As substâncias psicoactivas passaram, ao longo de duas décadas, por maiores transformações do que grande parte das matérias-primas e indústrias.

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Olhar para o contexto como uma oportunidade para nada fazer, enquanto os problemas de saúde pública e de segurança se agravam, é agitar um belo mix de cobardia e populismo.

Miguel Guedes, JN

 

Como já era esperado, e várias vezes anunciado, este último mês de Junho bateu novo recorde. Tornando-se o mês de Junho mais quente desde os últimos 200 anos, desde o período pré-industrial.

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[Já foi anunciado pela Organização Mundial de Meteorologia] de que, com grande probabilidade, 2024 poderá vir a ser o ano de novo recorde de aquecimento global, superando-se novamente os 1.5 ºC.

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Foi na última década que assistimos ao maior aumento da anomalia da temperatura média global, de 0.24 ºC, o dobro do aumento que ocorreu na década de 90.

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A superfície da Terra está a aquecer a um ritmo que é o dobro do que acontecia há cerca de 20 anos.

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A tendência da curva de anomalia da temperatura média global é a de se superar 1.5 ºC no final desta década e a caminhar para os 2 ºC por volta de 2050.

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A cada recorde, a cada evento extremo possível de ser associado ao aquecimento global e às alterações climáticas, soam os alarmes, tocam as sirenes, multiplicam-se os avisos.

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… Mas, vai-se a ver, e nada!

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O clima está a responder ao crescimento demográfico, ao crescimento económico e ao aumento do consumo.

Carlos Antunes, “Público” (sem link)


Estarmos a viver, neste momento, uma semana marcada pelas mais altas temperaturas médias alguma vez registadas no planeta está na categoria dessas notícias cujo sobressalto que provocam não corresponde à dimensão do problema.

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Entre os jovens, aquela população que mais consciente se tem revelado do que está em causa, a guerra, as alterações climáticas e a saúde são, por esta ordem, as três maiores preocupações.

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Os cientistas dizem que 2023 trará novos recordes — ainda que num planeta que já está com os termómetros a subir seja difícil prever o que nos trará desta vez o fenómeno climático El Niño.

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Não é por isso ignorância, é mesmo egoísmo, o que explica que continuemos a dar pouca importância [aos alertas dos cientistas].

Andreia Sanches, “Público” (sem link)


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