(…)
[Uma
das partes] vive num país onde, depois de a lei sobre uso de armas pela polícia
ter sido alterada, são mortos quase 40 cidadãos por ano.
(…)
Só no
ano passado houve 13 abatidos em operações stop.
(…)
A
maioria negros e magrebinos.
(…)
A
polícia francesa mata anualmente 5,5 pessoas por 10 milhões de
habitantes.
(…)
Os
Países Baixos 2,7, a Alemanha 1,3, Portugal 1. Os EUA, claro, 30.
(…)
Há uma
lei para a maioria, com regras e direitos. E há uma pistola apontada a um miúdo
de 17 anos, pronta a disparar uma sentença de morte.
(…)
A
França angariou quatro vezes mais dinheiro para ajudar o polícia homicida do
que para ajudar a família do adolescente morto.
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Com a
extrema-direita infiltrada, a polícia é a única interlocutora que a República
quer ter com a racaille (“escumalha”).
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Uma
paz sem justiça equivale à tranquilidade superficial dos privilegiados que, como
aconteceu agora, explode ao primeiro percalço.
(…)
Porque
a justiça não é a generalização do medo que os motins alimentam.
(…)
Os
motins são a autodestruição da revolta por falta de direção.
(…)
Sabendo
que estes momentos só são bons para quem se alimenta do ódio na política, é do
cultivo que temos de tratar.
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Os
motins de 2005 até foram piores, mas estes acontecem depois da terraplenagem do
sistema político, o que torna tudo mais perigoso.
(…)
Perante
a destruição do sistema partidário, Macron alimentou a dicotomia com a barbárie
fascista — só sobreviveu, até ver, Mélenchon.
(…)
Quando
a democracia falta, sobram o motim e as tropas de choque.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Na
semana passada foi entregue à Comissão Europeia uma versão revista do Plano
Nacional de Energia e Clima (PNEC).
(…)
O país
está a avançar no sentido de criar uma condição energética adequada à grave
crise ambiental, económica e política que o último ano acentuou de forma tão
ameaçadora em toda a Europa.
(…)
É um
bom sinal sobretudo sendo conhecida a boa condição que o país oferece para a
geração de energia limpa.
(…)
A seca
veio relativizar essa aposta clássica da política energética em Portugal e
abrir um campo que tem sido um sucesso a partir da eólica e agora do solar.
(…)
A
expansão do fotovoltaico que podia estar a correr tão bem tornou-se um problema
a inúmeros títulos.
(…)
As
comunidades de energia e as unidades de autoconsumo coletivo que se podem fazer
a partir da associação de condomínios ou nas aldeias tardam a arrancar.
(…)
Os
painéis que necessitam, a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), que vive
em depauperação funcional, não consegue dar vazão aos pedidos que recebe.
(…)
Ao
mesmo tempo vemos surgir megacentrais solares, que requerem medidas de ordenamento.
(…)
Já se
levantaram protestos contra o abate de árvores protegidas como o sobreiro e
azinheira para estender em seu lugar hectares sucessivos de painéis.
(…)
Noutros
lugares queixaram-se as populações de passarem a viver rodeadas de um mar
infinito daqueles painéis.
(…)
O modo
como hoje se processa a AIA [Avaliação de Impacto Ambiental] não passa de um
proforma sem participação cívica, como era suposto e devido.
(…)
Atropela-se
também uma coisa cronicamente em falta em Portugal, que é o planeamento.
(…)
Acresce
que a instalação de muitos destes parques solares podia perfeitamente respeitar
o coberto vegetal e a vida agrícola.
(…)
É o
que, aliás, está a acontecer noutros países, incluindo Espanha.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Tenho em vários artigos denunciado o pseudojornalismo
político que se tornou quase a norma da comunicação social portuguesa.
(…)
A radicalização política torna-se a norma.
(…)
Como escrevi, para tentar derrubar o Governo, estava-se a
estuporar a democracia, e é esta a minha principal preocupação.
(…)
A verdade é que poucas vezes se viu um Governo com maior
capacidade de infligir a si próprio danos consideráveis.
(…)
A dimensão do problema [de tantas demissões no seio do
Governo] deixou de ser conjuntural, para passar a ser estrutural.
(…)
Há
qualquer coisa de muito errado no recrutamento governamental de ministros,
secretários de Estado e, por extensão, de membros dos gabinetes.
(…)
Há
muita coisa de errado nestes governantes, nem sempre com grande gravidade, mas
quase sempre seguidas de dolo e mentiras.
(…)
Sabemos
que há razões que hoje são estruturais não só no PS, mas nos partidos do poder,
como é o caso do PSD, que também não olha para os “seus”.
(…)
Acima
de tudo nas carreiras nos partidos como nas carreiras governamentais quando
chegam ao poder, há uma considerável indiferença com o “vale-tudo” no plano
ético.
(…)
Os
partidos de poder são indiferentes à ambição sem princípios, à ganância, aos
jogos de poder, e no limite à corrupção.
(…)
[Sócrates]
não esteve sozinho, o seu estilo de exercício do poder, dos blogues à
manipulação da comunicação, foi mais longe do que qualquer outra coisa, com a
cooperação de muitos no PS.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Há um contexto concreto que condiciona as estratégias para a
melhoria de formações, qualificações, capacidades de aprendizagem, validação de
competências, da utilização dos saberes dentro e fora da Escola e dos locais de
trabalho.
(…)
Conceções eurocêntricas (…) e de centralismo “ocidental” que
persistem e até estão a ser ampliadas pela guerra na Ucrânia toldam-nos a
observação da nova era em que estamos.
(…)
O nosso número de licenciados (e mestres e doutores) aumentou
e necessita de continuar a aumentar.
(…)
Urge preparação das pessoas para uma literacia digital inclusiva.
(…)
A história do trabalho sem organização e representação
coletivas é uma tragédia.
(…)
Precisamos de formação séria sobre o trabalho e a organização
do trabalho em todos os patamares do ensino e, em particular no Ensino
Superior.
(…)
Todavia, a formação focada no trabalho de forma doentia -
para cavar injustiças e desigualdades - nega a formação para o trabalho e para
a cidadania.
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