(…)
Nele, os países com menos recursos financiam a formação de quadros
para alimentar a economia de países ricos.
(…)
O problema não é com os jovens, é com o futuro do país.
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Se a devolução das propinas não chega, menos chegará a isenção de
IRS no primeiro ano de trabalho.
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Em 2021, três quartos dos jovens trabalhadores recebiam menos de
950 euros líquidos por mês e apenas 14% mais de 1158 euros.
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São muito raros os que chegam a um escalão de IRS em que esta
medida tenha um impacto significativo, ainda menos os que o conseguem no
primeiro emprego.
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Muito mais importante do que os impostos é a habitação.
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É precisa uma política pública de habitação, que, já agora, tem de
ser financiada por receita fiscal.
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[Mais de metade dos jovens] acham que Portugal tem potencial e é
um bom lugar para viver, mas querem fugir dos salários baixos, da habitação
cara e da instabilidade laboral.
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E todos falaram de salário.
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E nenhum se queixa do IRS, que os seus magros rendimentos mal
chegavam a pagar.
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Agora [Portugal] tem 17% [de licenciados].
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Mas as empresas (e o Estado, por pagar muito mal aos seus quadros)
não conseguiram absorver este investimento público.
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Duas décadas de aumento da qualificação dos jovens coincidiram com
duas décadas de estagnação dos salários.
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Se as universidades qualificam e a economia se desqualifica, os
qualificados vão para outro lado, onde são necessários.
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Estas foram as décadas em que se foram flexibilizando as leis
laborais, para garantir melhores empregos e salários, e se foi liberalizando o
mercado de arrendamento, para garantir casas mais baratas, e o resultado foi
sempre o oposto.
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Não há políticas para segurar jovens, há políticas para criar e
apoiar emprego de qualidade, com rendimento disponível decente.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
O BCE, fazendo política, impõe medidas promotoras da
extrema-direita, agrava as condições de vida das pessoas e de muitas empresas,
avança no caminho para mais desemprego.
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[No discurso de Ursula von der Leyen vimos, por
exemplo], uma visão sobre o futuro da UE sem espaço e objetivos próprios exequíveis
no quadro das mudanças em curso no Mundo.
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Não vêm dali respostas aos problemas dos cidadãos, mas este
discurso ajuda na submissão dos povos e facilita a entrada da extrema-direita
no “projeto europeu”.
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A espiral inflacionista, que aí [com a pandemia de covid 19]
começou e se ampliou com a guerra na Ucrânia, resultou da escabrosa exploração
que alguns setores e grandes companhias fizeram mas o coro a culpabilizar os
salários pela inflação foi forte..
(…)
O neoliberalismo (o BCE é uma das suas expressões) tem
utilizado os impactos de cada crise para amedrontar e submeter as pessoas.
(…)
Quer tornar inacessíveis sociedades democráticas e mais
justas, com direitos universais e solidários.
Dentro da mala de um TVDE um polícia encontrou…
um segundo motorista.
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A
ultraprecariedade que se vive nestes setores não é uma exceção atribuível a
máfias; ela é a norma que torna este setor permeável a todo o tipo de
explorações.
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Motoristas
que passam 14 ou mais horas por dia na rua, que fazem jornadas semanais de 70h,
que almoçam, jantam e dormem nos carros não são difíceis de encontrar.
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Uma vez instaladas, [empresas tipo UBER] cortam
os rendimentos dos trabalhadores e aumentam as suas próprias comissões.
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Alguns não conseguem sequer suportar os custos
da atividade.
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O
negócio da Uber e das plataformas tipo Uber não é a tecnologia; é a precarização
total e absoluta do trabalho.
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Estima-se que o simples facto de não assumir
nenhuma responsabilidade perante estes motoristas [a UBER] reduza em 20% a 30% o custo da atividade.
(…)
É uma
disciplina da fome que garante mais produtividade e para a qual é preciso que
haja uma desproteção total e absoluta dos trabalhadores.
(…)
O maravilhoso mundo novo destas tecnológicas é
tão velho como o capitalismo mais selvagem.
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Um
motorista que dorme na bagageira do carro porque não tem dinheiro para um
quarto não é sinal de progresso, é a prova da barbárie.
Estamos
nós, ecólogos, contra o investimento em renováveis e tecnologias digitais? Não,
pelo contrário, consideramos que esse deve ser o futuro, mas não à custa da delapidação
dos recursos naturais gerando problemas, mais do que sustentabilidade.
(…)
O
problema está, apenas, no uso do conhecimento e não nos avisos sobre os riscos
e as consequências ambientais das acções, especialmente quando são justificadas
em nome da “imprescindível utilidade pública”.
(…)
Com esta bandeira, exploram-se e alteram-se os
ecossistemas em nome da economia e do desenvolvimento.
(…)
Os
ecossistemas são sistemas vivos complexos com fortes interacções entre
espécies, que podem gerar respostas negativas e imprevisíveis quando em
desequilíbrio.
(…)
Se o
investimento económico implica cortes de árvores, planta-se novo povoamento num
outro local, esquecendo que se está a retirar um sorvedouro de carbono que
levou anos a formar-se, para além de criar uma “ferida” no ecossistema.
(…)
Até
agora, temos apenas assistido a um “simplex ambiental”, com indiferença perante
os ecossistemas e o território, porque tudo se transplanta e se adapta.
(…)
A
classe política deveria ficar cada vez mais sensível a este problema, já que os
contínuos avisos dos cientistas e apelos do secretário-geral das Nações Unidas
pressupõem a necessidade de uma transição energética, mas também de uma
transição ecológica.
(…)
A
transição ecológica é tão necessária quanto a transição energética, já que urge
disponibilizar mais conhecimento para saber actuar e minimizar os riscos que
podem pôr em perigo a sobrevivência da humanidade.
Maria Amélia Martins-Loução, “Público” (sem link)
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