(…)
Costa
não deverá querer prolongar o mais longo mandato da nossa democracia.
(…)
E,
depois de ter tentado tudo, não há alternativa de sucessão a Pedro Nuno Santos.
(…)
[Quanto
ao PSD] não é certo o que acontecerá.
(…)
Aí
sim, os resultados das europeias são determinantes.
(…)
Moedas
só lhe ficará com o lugar — a obsessão com eventos e propaganda indicia essa
vontade — se o PSD for claramente derrotado.
(…)
Basta
[Passos Coelho] piscar um olho para Montenegro desaparecer.
(…)
A
polarização ideológica dentro do campo moderado tenderia a fazer com que o
confronto parecesse irredutível, obrigando todos a escolher.
(…)
Um
[Passos] é uma figura do passado (…), outro [Pedro Nuno Santos] tem, até pela
idade, uma marca de futuro.
(…)
Um [Passos]
está associado a um período de que os portugueses não têm saudades, outro [Santos]
à devolução de direitos e rendimento.
(…)
Diria
que Passos tem maior rejeição, pelas memórias pessoais da crise que ativa, mas
reconheço que posso ser parcial.
(…)
Passos
é odiado por sectores não politizados (não apenas os reformados) e qualquer
promessa de esperança soaria estranha na sua boca.
(…)
Santos
é apreciado por gente despolitizada e até próxima da direita, porque não
empurra tudo com a barriga, como Costa.
(…)
Mas a
novela da TAP, que ofuscou os bons resultados, reforçou a imagem de
impulsividade que fazia tremer “as pernas dos banqueiros alemães”.
(…)
A
polarização nada tem a ver com o radicalismo ou a moderação das propostas, mas
com a representação de realidades sociais que se apresentam como inconciliáveis.
(…)
Costa
pode inventar um líder alternativo ou recandidatar-se, duas coisas improváveis.
(…)
Apesar
da fragmentação partidária e do crescimento da extrema-direita não serem um
fenómeno exclusivamente nacional, a política tem sempre a capacidade de sair de
impasses.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
As
greves e as manifestações são pacíficas, e, mesmo quando os discípulos da
Extinction Rebellion se prendem a uma grade ou bloqueiam uma rua, é mais um
acto simbólico do que qualquer “resistência séria”.
(…)
A
primeira forma de agressividade está em alta, em pico, a segunda espalha-se
mais em mancha, manifesta-se através de comportamentos menos evidentes, mas que
estão lá.
(…)
[A agressividade individual] está por todo o lado e não tenho
dúvida de que a violência doméstica é o seu melhor exemplo.
(…)
O
espaço público urbano torna-se muito pouco habitável, resultado de um conjunto
de factos que implica ideias erradas, opções urbanas erradas, medo de actuar,
muita impotência, e interesses muito poderosos em nome da “mobilidade”.
(…)
Basta
atravessar a cidade para ver como cada vez mais se buzina ao mais pequeno
atraso num semáforo e como cenas de insultos e ameaças são cada vez mais
comuns.
(…)
É
muito maior a probabilidade de alguém ser multado por mau estacionamento do que
uma trotineta a voar pelos passeios e a atravessar vermelhos.
(…)
Já
para não falar nessa multidão explorada por uma miséria com uma caixa de comida
às costas que tem de entregar depressa para ir buscar mais e que precisa de
violar as regras todas para ganhar… nada.
(…)
Numa altura em que muito pouca gente tem razões para estar
feliz (…) demasiado presos à “alegria” dos pobres, a
telenovela, o futebol e o Big Brother, o que é que se espera? Civismo, boa
educação, tretas!
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Perante a fragilidade dos projetos progressistas
alternativos, o neoliberalismo dominante difunde, nos campos político,
económico, social e cultural, conceitos que representam, somente, ideias
precárias com ciclos de vida muito curtos, sempre vendidas como apolíticas.
(…)
A panaceia das “reformas estruturais” (…) estão a caminho do
caixote do lixo.
(…)
O que vai acontecer com o conceito “talento”, utilizado
sem sentido quando se procuram capacidades comuns para o “mercado de trabalho”?
(…)
E, com o conceito “colaborador”, que não tem enquadramento
jurídico e visa reforçar o poder unilateral da entidade empregadora?
(…)
Serão postos a nu os seus objetivos manipuladores de
aprisionamento dos cidadãos, em particular dos jovens, mas enquanto a relação
de forças não se alterar, estes conceitos vão-se impregnando na sociedade.
(…)
O fundamental das respostas para os jovens não emigrarem não
se situa em medidas “inovadoras” para reter “talento”, mas sim em políticas
públicas e privadas que criem mais e melhor emprego, na resolução da escassez
de habitação e na melhoria de mobilidades,
(…)
Em democracia são, em primeiro lugar, os partidos políticos (…)
que devemos responsabilizar pela construção de propostas.
(…)
O dinheiro [dos impostos] devia ser utilizado para melhorar
os serviços públicos, reforçar o investimento público e privado e a qualidade
do emprego na Administração Pública, e para medidas de melhoria da justiça
fiscal.
(…)
[Para a CIP] nada de aumento real dos salários, e oferta de
um chouriço aos trabalhadores, se o Estado lhes der um porco.
A
Comissão Europeia apresentou em maio de 2022 uma proposta de regulamento para
estabelecer regras para prevenir e combater o abuso sexual de crianças e
jovens.
(…)
Portugal tem a obrigação de proteger os mais vulneráveis e de
assumir essa proteção sem rodeios.
(…)
A
circulação de material de abuso sexual online de crianças e os casos de
grooming (manipulação de crianças para o abuso sexual) tem estado em crescimento
a um ritmo alarmante.
(…)
Dados
publicados este mês pela Internet Watch Foundation, indicam um aumento de 26%
no alojamento de material de abuso sexual de crianças no espaço da União
Europeia, relativamente a igual período do ano passado.
(…)
Perante
a possibilidade de estes números aumentarem drasticamente em resultado do vazio
legislativo, a União Europeia questionou os cidadãos europeus sobre o assunto.
(…)
Os
resultados do Flash Eurobarometer 532 sobre a “Proteção das Crianças Contra o
Abuso Sexual Online” são elucidativos, quer em termos europeus, quer nacionais:
- 92% dos
europeus concordam que as crianças estão, de uma forma crescente, em risco
online; 94% dos portugueses;
- 73% dos
europeus consideram que o abuso sexual online é um problema difundido ou muito
difundido; 76% dos portugueses;
- 78% dos
europeus interrogados tendem a apoiar ou apoiam fortemente a proposta da
Comissão Europeia para combater o abuso sexual de crianças; 80% dos
portugueses;
- Os
europeus indicam que apoiam claramente a deteção de abuso sexual de crianças
online em mensagens como emails e chats (87%)
e mensagens encriptadas de ponta a ponta (83%); 93% e 91% em Portugal.
Cumpre aos representantes do povo português refletir o
sentimento da sua esmagadora maioria.
Cristiane
Miranda e Tito Morais, “Público” (sem link)
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