sexta-feira, 29 de setembro de 2023

CITAÇÕES

 
Um dos aspetos interessantes da evolução do discurso político é a franqueza com que alguns interesses sociais são hoje enunciados.

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[O pionés dos liberais] são os donos do Alojamento Local, a quem prometem mais dinheiro.

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[O Governo] quer uma subida prolongada do preço da habitação, para seduzir este sector dos empresários do AL, de promotores imobiliários e de construtores de luxo e beneficiar o turismo.

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O resultado é um terramoto habitacional.

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Os preços da habitação não são determinados pela oferta e procura.

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A razão para o preço subir quando há menos procura é simplesmente que isto não é um mercado como o dos livros.

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O preço é arrastado por um segmento da procura que nunca se contrai e que, aliás, é protegido: os compradores estrangeiros ricos ou os fundos globais de investimento, que compram barato o que para nós é caro.

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Em julho, a diferença na Área Metropolitana de Lisboa era de cerca de 70% e em alguns concelhos do Algarve a procura por estrangeiros era 90% do total.

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A política atual é o inferno e, se a solução fosse o milagre de mais oferta privada, seria fácil perceber o que iria ser construído, casas de luxo para norte-americanos ricos. 

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A proibição da compra por estrangeiros não residentes foi proposta pelo liberalérrimo Governo canadiano e aplica-se na europeíssima Dinamarca, com Governos de direita e de centro. 

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Explodiu aqui a acusação de que seria uma maldade xenófoba.

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O problema é que o problema chega a muita gente e obriga a pensar fora da facilidade ideológica, pelo que surgiram dois contra-argumentos a essa condenação, a urgência e a comunidade.

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De facto, a acusação de xenofobia é somente um testemunho de desespero argumentativo. 

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Quem quer manter os vistos gold, os benefícios fiscais a estrangeiros e outras promoções do imobiliário de luxo está a arruinar gerações no nosso país.

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É uma razão para que amanhã as ruas de Portugal lembrem que somos um país e não um resort.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Faço parte de uma geração que cresceu a ouvir que é feio não comer tudo o que está no prato porque existem crianças a morrer à fome.

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À medida que fui crescendo, fui entendendo que a lógica por trás da afirmação recorrente dos meus pais, era a da gratidão.

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É feio não sermos gratos por tudo o que temos e a gratidão também passa por saber receber. 

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O que só fui percebendo mais tarde, foi que a questão da comida no prato era um bocadinho mais complexa e ia bastante além da gratidão.

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Hoje, sou mãe de dois rapazes, tenho uma casa e escolas para pagar e uma preocupação crescente no que toca ao planeta em que os meus filhos — e os filhos dos outros — crescem e vão viver.

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E o que é que isto tem a ver com a comida que se deixa no prato? Tudo.

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Em pleno ano de 2023, o cidadão português perde em média 28€ mensais com o seu desperdício alimentar.

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A preocupação aqui parece estar na minha carteira e não nas crianças que continuam a morrer à fome ou no futuro do planeta. Também, mas não só.

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O que acontece é que neste momento, um terço da comida que se produz acaba no lixo.

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Portugal é, enquanto escrevo, o 4.º país da União Europeia que mais comida desperdiça por pessoa.

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A Boston Consulting Group (BCG) estima no seu estudo “Closing The Food Waste Gap” que no ano de 2030 (daqui a sete anos) se irão perder 1,5 mil milhões de dólares em comida desperdiçada.

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Explicam que isto significa que se o desperdício alimentar fosse um país, estaria entre os 7% mais ricos pelo seu PIB e seria o 3.º maior emissor dos gases que contribuem para o efeito de estufa.

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Sou, enquanto desperdiço alimentos, responsável por parte dos 4,4 milhões de toneladas de CO2 por ano que se podiam economizar se não houvesse desperdício.

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Sou responsável por 25% da água doce do mundo que é utilizada para cultivar alimentos que nunca vão ser consumidos.

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E sou, em última análise responsável pela má distribuição que continua a deixar 870 milhões de pessoas com fome e o resto do mundo com pratos por acabar.

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Em Portugal o problema do desperdício não reside tanto na agricultura, na pesca ou na produção mas está principalmente na distribuição, na restauração e nas famílias.

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No caso da distribuição e da restauração, as regras de apresentação e de saúde, como é o caso dos prazos de validade, são demasiado intransigentes.

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Em Portugal, as famílias são as que levam a maior fatia da responsabilidade por tanto desperdício.

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Este é um dos problemas que só conseguimos resolver, se cada um e cada vez mais pessoas tiverem consciência dele.

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[Até crianças com 4 anos] têm capacidade de perceber que se fizermos um montinho com toda a comida que todos os meninos deixam no prato, vamos poluir ainda mais o planeta e destruir comida que podia ter sido aproveitada para alimentar aqueles meninos todos no dia a seguir.

Inês Herédia, “Público” (sem link)

 

Há urgências a fechar? Perguntem à DE. Há grávidas de risco encaminhadas para o privado? Perguntem à DE. Há médicos a assinar escusas de fazer mais que 150 horas extras? Perguntem à DE [Direção Executiva do SNS].

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Manuel Pizarro é o ministro, mas a Direcção Executiva do SNS é que tem de prestar todas as contas, dar todos os esclarecimentos e aparentemente resolver todos os problemas.

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[A DE é] um organismo, recorde-se, que nem sequer tem os seus estatutos aprovados, mas que não só tem de tomar todas as decisões, como ainda deve responder por elas à comunicação social.

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Enquanto cada vez mais serviços do SNS deixam de funcionar ou funcionam pior, Manuel Pizarro vai prestando declarações mais ou menos vagas quando vai a eventos públicos.

Rita Ferreira, “Público” (sem link)


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