(…)
[O pionés
dos liberais] são os donos do Alojamento Local, a quem prometem mais dinheiro.
(…)
[O
Governo] quer uma subida prolongada do preço da habitação, para seduzir este
sector dos empresários do AL, de promotores imobiliários e de construtores de
luxo e beneficiar o turismo.
(…)
O
resultado é um terramoto habitacional.
(…)
Os
preços da habitação não são determinados pela oferta e procura.
(…)
A
razão para o preço subir quando há menos procura é simplesmente que isto não é
um mercado como o dos livros.
(…)
O
preço é arrastado por um segmento da procura que nunca se contrai e que, aliás,
é protegido: os compradores estrangeiros ricos ou os fundos globais de
investimento, que compram barato o que para nós é caro.
(…)
Em
julho, a diferença na Área Metropolitana de Lisboa era de cerca de 70% e em
alguns concelhos do Algarve a procura por estrangeiros era 90% do total.
(…)
A
política atual é o inferno e, se a solução fosse o milagre de mais oferta
privada, seria fácil perceber o que iria ser construído, casas de luxo para
norte-americanos ricos.
(…)
A
proibição da compra por estrangeiros não residentes foi proposta pelo liberalérrimo
Governo canadiano e aplica-se na europeíssima Dinamarca, com Governos de
direita e de centro.
(…)
Explodiu
aqui a acusação de que seria uma maldade xenófoba.
(…)
O
problema é que o problema chega a muita gente e obriga a pensar fora da
facilidade ideológica, pelo que surgiram dois contra-argumentos a essa
condenação, a urgência e a comunidade.
(…)
De
facto, a acusação de xenofobia é somente um testemunho de desespero
argumentativo.
(…)
Quem
quer manter os vistos gold, os benefícios fiscais a estrangeiros e outras
promoções do imobiliário de luxo está a arruinar gerações no nosso país.
(…)
É uma
razão para que amanhã as ruas de Portugal lembrem que somos um país e não um
resort.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Faço
parte de uma geração que cresceu a ouvir que é feio não comer tudo o que está
no prato porque existem crianças a morrer à fome.
(…)
À
medida que fui crescendo, fui entendendo que a lógica por trás da afirmação
recorrente dos meus pais, era a da gratidão.
(…)
É feio não sermos gratos por tudo o que temos e a gratidão
também passa por saber receber.
(…)
O que
só fui percebendo mais tarde, foi que a questão da comida no prato era um
bocadinho mais complexa e ia bastante além da gratidão.
(…)
Hoje,
sou mãe de dois rapazes, tenho uma casa e escolas para pagar e uma preocupação
crescente no que toca ao planeta em que os meus filhos — e os filhos dos outros
— crescem e vão viver.
(…)
E o
que é que isto tem a ver com a comida que se deixa no prato? Tudo.
(…)
Em pleno ano de 2023, o cidadão português perde em média 28€
mensais com o seu desperdício alimentar.
(…)
A
preocupação aqui parece estar na minha carteira e não nas crianças que
continuam a morrer à fome ou no futuro do planeta. Também, mas não só.
(…)
O que acontece é que neste momento, um terço da comida que se
produz acaba no lixo.
(…)
Portugal é, enquanto escrevo, o 4.º país da União Europeia
que mais comida desperdiça por pessoa.
(…)
A
Boston Consulting Group (BCG) estima no seu estudo “Closing The Food Waste Gap”
que no ano de 2030 (daqui a sete anos) se irão perder 1,5 mil milhões de
dólares em comida desperdiçada.
(…)
Explicam
que isto significa que se o desperdício alimentar fosse um país, estaria entre
os 7% mais ricos pelo seu PIB e seria o 3.º maior emissor dos gases que contribuem
para o efeito de estufa.
(…)
Sou,
enquanto desperdiço alimentos, responsável por parte dos 4,4 milhões de
toneladas de CO2 por ano que se podiam economizar se não houvesse desperdício.
(…)
Sou
responsável por 25% da água doce do mundo que é utilizada para cultivar alimentos
que nunca vão ser consumidos.
(…)
E sou,
em última análise responsável pela má distribuição que continua a deixar 870
milhões de pessoas com fome e o resto do mundo com pratos por acabar.
(…)
Em
Portugal o problema do desperdício não reside tanto na agricultura, na pesca ou
na produção mas está principalmente na distribuição, na restauração e nas
famílias.
(…)
No
caso da distribuição e da restauração, as regras de apresentação e de saúde,
como é o caso dos prazos de validade, são demasiado intransigentes.
(…)
Em Portugal, as famílias são as que levam a maior fatia da
responsabilidade por tanto desperdício.
(…)
Este é um dos problemas que só conseguimos resolver, se cada
um e cada vez mais pessoas tiverem consciência dele.
(…)
[Até crianças com 4 anos] têm capacidade de perceber que
se fizermos um montinho com toda a comida que todos os meninos deixam no prato,
vamos poluir ainda mais o planeta e destruir comida que podia ter sido
aproveitada para alimentar aqueles meninos todos no dia a seguir.
Inês Herédia, “Público” (sem link)
Há
urgências a fechar? Perguntem à DE. Há grávidas de risco encaminhadas para o
privado? Perguntem à DE. Há médicos a assinar escusas de fazer mais que 150
horas extras? Perguntem à DE [Direção Executiva do SNS].
(…)
Manuel
Pizarro é o ministro, mas a Direcção Executiva do SNS é que tem de prestar
todas as contas, dar todos os esclarecimentos e aparentemente resolver todos os
problemas.
(…)
[A DE é] um organismo, recorde-se, que nem sequer tem os seus estatutos
aprovados, mas que não só tem de tomar todas as decisões, como ainda deve
responder por elas à comunicação social.
(…)
Enquanto
cada vez mais serviços do SNS deixam de funcionar ou funcionam pior, Manuel
Pizarro vai prestando declarações mais ou menos vagas quando vai a eventos
públicos.
Rita Ferreira, “Público” (sem link)
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