(…)
Os patrões, dizia o porta-voz da CIP, querem um aumento
salarial superior ao que é proposto pela “mais radical das centrais sindicais”.
(…)
Na realidade, o que os patrões querem é outra coisa: um
gigantesco benefício fiscal e um mecanismo em que aumentos salariais (…) têm
como contrapartida a usurpação do salário indireto dos trabalhadores, por via
da suspensão do pagamento das contribuições patronais para a segurança social.
(…)
A CIP anunciou a proposta de um aumento de 14,75% no
rendimento mensal dos trabalhadores.
(…)
O aumento no salário, de acordo com esta proposta, seria
apenas de 4,75%, e sem pagar impostos nem contribuições para a segurança social.
(…)
A CIP quer aproveitar para meter pela porta do cavalo, como
contrapartida, esse velho sonho da direita e dos mercados financeiros que é
abrir a porta do sistema de pensões aos fundos privados, desviando descontos
para fora do sistema previdencial e abrindo uma fenda real nas contas da
segurança social.
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Mas a CIP brandiu ainda outra bandeira: um suposto “15º mês”
extra que os trabalhadores poderiam receber.
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Não seria um aumento de salário, mas um prémio facultativo.
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Se dividíssemos pelos 14 meses, seria pouco mais de 6% de
aumento, o que não anda longe do que as confederações já tinham assinado com a
UGT e o Governo, e num cenário de inflação mais baixa do que a que existiu.
(…)
Mas o ”15º mês” é também um saque fiscal a favor de quem
ganha mais
(…)
Mas o ”15º mês” é também um saque fiscal a favor de quem
ganha mais (porque os impostos são progressivos) e a subtração de uma
componente fundamental dos rendimentos dos trabalhadores: os pagamentos
patronais à segurança social, que garantem a proteção na doença, na
parentalidade e a construção de uma pensão de velhice.
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Não precisamos de embaratecer para as empresas o trabalho
suplementar e o trabalho por turnos, mas sim de reduzir os horários de trabalho
reais e legais (…).
(…)
A cereja no topo do bolo é, contudo, a proposta sobre o IRC.
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Deduzir à matéria coletável do IRC (…) todas as despesas com
aumentos da massa salarial e com pagamento de dividendos a trabalhadores.
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Num país em que os lucros das empresas já pagam muito menos
impostos que os rendimentos do trabalho, a CIP quer diminuir a base sobre a
qual se calculam aqueles impostos e quer baixar o IRC para uma taxa única.
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Seriam milhões de euros desviados do orçamento do estado para
os bolsos dos patrões.
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Perante isto, como reagem o Governo e o PS? Com uma enfática
abertura.
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O saque que a CIP propõe deveria ter um rotundo não, em lugar
das simpatias e cumplicidades reveladas pelo governo.
José Soeiro, “Expresso” online (recomenda-se
vivamente a leitura integral deste artigo de opinião)
Os ativistas climáticos quiseram atingir o
ministro do Ambiente e era nessa qualidade que Duarte Cordeiro participava no
evento.
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O tema, nesta terça-feira, era “A nova energia
é verde” e que foi patrocinado pela Galp e pela EDP.
(..)
Estamos habituados a ver empresas altamente
poluentes associadas a eventos dedicados ao ambiente, à sustentabilidade e ao
clima.
(…)
A
tendência é para sermos condescendentes quando se trata de um protesto por uma
causa que consideramos justa e intolerantes na situação contrária.
(…)
E
digo-vos que é impossível ser de outra maneira. Ter razão legitima ações que, à
partida, seriam ilícitas ou pelo menos incorretas.
(…)
Não podemos, nem devemos dissociar a bondade de
um protesto da bondade da causa pela qual se protesta.
(…)
É que
há atos de protesto, caraterizados como sendo violentos, que pretendem travar
situações de superior violência, como era o caso do Black Lives Matter ou de
Keyla Brasil.
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As
sufragistas foram violentas e o povo francês foi violento quando aboliu a
monarquia absolutista. Serão precisos mais exemplos? A História avança assim.
(…)
Abomino
muito mais que se exija a quem sofre que assim permaneça ou que faça protestos
fofinhos, cordiais e apropriados. Essa exigência classifico-a também de
violenta.
(…)
Os
ativistas tinham razões para repudiar a presença da Galp e da EDP naquele
evento e razões para estar zangados e impacientes com uma sociedade e com um
Governo que falham em fazer o que é necessário para lhes garantir um futuro.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Para a
maioria das nossas crianças, a exposição a ecrãs tornou-se um fenómeno
omnipresente e, para as de tenra idade, a baby-sitter fácil e barata.
(…)
A estimulação
em excesso transforma as crianças e os jovens em seres passivos, presas fáceis
do imediatismo, porque lhes vai roubando a verdadeira capacidade de sentirem.
(…)
Finalmente
parece que o país vai discutir o problema e começou a dar atenção à produção
científica que há anos alerta para os perigos da onda do digital descontrolada
e das tecnologias encantatórias
(…)
A
investigação concluiu que as capacidades motoras, sociais, de comunicação e de
resolução de problemas dessas crianças diminuíram à medida que foi maior o
tempo em que estiveram expostas a ecrãs.
(…)
[Vários
investigadores veem alestando para] a necessidade de encontrar um equilíbrio
saudável entre o digital e o analógico.
(…)
Governo [sueco] anunciou um grande investimento
para voltar aos manuais escolares impressos.
(…)
Apesar
de tudo isto, quase duplicou, face ao ano transacto, o número de alunos
portugueses que vão estudar com manuais digitais no presente ano lectivo.
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