quarta-feira, 27 de setembro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (70)

 
A CIP montou, nas últimas semanas, uma grande operação político-mediática.

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Os patrões, dizia o porta-voz da CIP, querem um aumento salarial superior ao que é proposto pela “mais radical das centrais sindicais”.

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Na realidade, o que os patrões querem é outra coisa: um gigantesco benefício fiscal e um mecanismo em que aumentos salariais (…) têm como contrapartida a usurpação do salário indireto dos trabalhadores, por via da suspensão do pagamento das contribuições patronais para a segurança social.

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A CIP anunciou a proposta de um aumento de 14,75% no rendimento mensal dos trabalhadores.

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O aumento no salário, de acordo com esta proposta, seria apenas de 4,75%, e sem pagar impostos nem contribuições para a segurança social.

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A CIP quer aproveitar para meter pela porta do cavalo, como contrapartida, esse velho sonho da direita e dos mercados financeiros que é abrir a porta do sistema de pensões aos fundos privados, desviando descontos para fora do sistema previdencial e abrindo uma fenda real nas contas da segurança social.

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Mas a CIP brandiu ainda outra bandeira: um suposto “15º mês” extra que os trabalhadores poderiam receber. 

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Não seria um aumento de salário, mas um prémio facultativo.

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Se dividíssemos pelos 14 meses, seria pouco mais de 6% de aumento, o que não anda longe do que as confederações já tinham assinado com a UGT e o Governo, e num cenário de inflação mais baixa do que a que existiu.

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Mas o ”15º mês” é também um saque fiscal a favor de quem ganha mais

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Mas o ”15º mês” é também um saque fiscal a favor de quem ganha mais (porque os impostos são progressivos) e a subtração de uma componente fundamental dos rendimentos dos trabalhadores: os pagamentos patronais à segurança social, que garantem a proteção na doença, na parentalidade e a construção de uma pensão de velhice.

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Não precisamos de embaratecer para as empresas o trabalho suplementar e o trabalho por turnos, mas sim de reduzir os horários de trabalho reais e legais (…).

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A cereja no topo do bolo é, contudo, a proposta sobre o IRC.

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Deduzir à matéria coletável do IRC (…) todas as despesas com aumentos da massa salarial e com pagamento de dividendos a trabalhadores.

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Num país em que os lucros das empresas já pagam muito menos impostos que os rendimentos do trabalho, a CIP quer diminuir a base sobre a qual se calculam aqueles impostos e quer baixar o IRC para uma taxa única.

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Seriam milhões de euros desviados do orçamento do estado para os bolsos dos patrões.

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Perante isto, como reagem o Governo e o PS? Com uma enfática abertura. 

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O saque que a CIP propõe deveria ter um rotundo não, em lugar das simpatias e cumplicidades reveladas pelo governo.

José Soeiro, “Expresso” online (recomenda-se vivamente a leitura integral deste artigo de opinião)

 

Os ativistas climáticos quiseram atingir o ministro do Ambiente e era nessa qualidade que Duarte Cordeiro participava no evento.

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O tema, nesta terça-feira, era “A nova energia é verde” e que foi patrocinado pela Galp e pela EDP.

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Estamos habituados a ver empresas altamente poluentes associadas a eventos dedicados ao ambiente, à sustentabilidade e ao clima.

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A tendência é para sermos condescendentes quando se trata de um protesto por uma causa que consideramos justa e intolerantes na situação contrária.

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E digo-vos que é impossível ser de outra maneira. Ter razão legitima ações que, à partida, seriam ilícitas ou pelo menos incorretas.

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Não podemos, nem devemos dissociar a bondade de um protesto da bondade da causa pela qual se protesta.

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É que há atos de protesto, caraterizados como sendo violentos, que pretendem travar situações de superior violência, como era o caso do Black Lives Matter ou de Keyla Brasil.

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As sufragistas foram violentas e o povo francês foi violento quando aboliu a monarquia absolutista. Serão precisos mais exemplos? A História avança assim.

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Abomino muito mais que se exija a quem sofre que assim permaneça ou que faça protestos fofinhos, cordiais e apropriados. Essa exigência classifico-a também de violenta.

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Os ativistas tinham razões para repudiar a presença da Galp e da EDP naquele evento e razões para estar zangados e impacientes com uma sociedade e com um Governo que falham em fazer o que é necessário para lhes garantir um futuro.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Para a maioria das nossas crianças, a exposição a ecrãs tornou-se um fenómeno omnipresente e, para as de tenra idade, a baby-sitter fácil e barata.

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A estimulação em excesso transforma as crianças e os jovens em seres passivos, presas fáceis do imediatismo, porque lhes vai roubando a verdadeira capacidade de sentirem.

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Finalmente parece que o país vai discutir o problema e começou a dar atenção à produção científica que há anos alerta para os perigos da onda do digital descontrolada e das tecnologias encantatórias

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A investigação concluiu que as capacidades motoras, sociais, de comunicação e de resolução de problemas dessas crianças diminuíram à medida que foi maior o tempo em que estiveram expostas a ecrãs.

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[Vários investigadores veem alestando para] a necessidade de encontrar um equilíbrio saudável entre o digital e o analógico.

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Governo [sueco] anunciou um grande investimento para voltar aos manuais escolares impressos.

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Apesar de tudo isto, quase duplicou, face ao ano transacto, o número de alunos portugueses que vão estudar com manuais digitais no presente ano lectivo.

Santana Castilho, “Público” (sem link)

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