quarta-feira, 8 de maio de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (102)

 
A linha directa que hoje liga jovens de todo o mundo, através dos seus telefones, faz com que vejam o que as Bisans de Gaza lhes mostram.

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Este genocídio [perpetrado por Israel contra os Palestinianos] é o mais filmado de sempre, o primeiro em tempo real, os jovens são os seus primeiros espectadores, e justamente por isso não querem ser apenas espectadores

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Sentem que não podem, têm de agir. Tal como muitos agem contra a destruição do planeta, que será o deles quando os Scholz, os Bidens, as Von der Leyen já cá não estiverem.

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Esta é a geração para além do querer. Em estado de emergência.

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Também porque as gerações anteriores não agiram. Por isso há tanta gente fisicamente estoica nela.

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O Velho Mundo de que falo não é só a Europa. É o mundo dos líderes que perderam essa ligação directa com seres humanos a serem amputados, em todos os sentidos, à nossa frente. Porque não os vêem como humanos.

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Mas foi isso que os poderes do Velho Mundo fizeram desde 7 de Outubro, agir como se os palestinianos não merecessem da vida o mesmo que cada um deles — e que cada israelita.

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Para o resto do mundo, nunca foi tão patético ver os EUA e boa parte da Europa reclamarem-se guardiões dos Direitos Humanos.

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O Velho Mundo foi pai de Israel. O anti-semitismo matou durante séculos na Europa.

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E depois do Holocausto a Europa ficou refém do Estado judaico.

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Mas a criatura é criadora. O Velho Mundo foi pai de Israel e desde então é seu filho.

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As primeiras gerações europeias pós-Holocausto viram Israel sempre como vítima: a sua vítima.

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E vimos desde 7 de Outubro como Israel pode ser mais importante para a Alemanha do que a democracia.

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Os jovens de hoje são talvez a primeira geração a ver Israel como agressor em tempo real. Porque é o que têm visto no seu tempo de vida, e porque as redes o permitem como nunca.

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Os fundadores de Israel não o fundaram como vítima: a ambição era nunca mais ser vítima.

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Com licença para ocupar um povo porque o Velho Mundo lhes tinha morto os ascendentes. E tinha mesmo.

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Desde 7 de Outubro nunca pareceu tão grande o fosso de gerações. O passado é pai e filho de Israel. O futuro é filho de Gaza.

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Depois do ataque de Israel ao consulado iraniano, e da resposta iraniana, e da resposta israelita, o horror de Gaza desapareceu das manchetes por dias, e os EUA aprovaram biliões de ajuda e armas a Israel.

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[Israel] propôs-se ser invencível e cobra ao mundo em permanência o seu estatuto único. De facto, não se fez nada como Israel no planeta.

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Sabemos agora o que os filhos do Holocausto são capazes de fazer.

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Israel precisa urgentemente de uma intifada. Pelo fim de um estado que só se importa, de facto, com a sua porção de judeus. Pela criação de um estado em que todos tenham o mesmo direito à vida, do rio ao mar.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

Todas as forças políticas condenaram os ataques [contra imigrantes no Porto], mas, como escrevi na última crónica, o Chega deu-lhe um contexto de justificação.

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Era previsível que André Ventura fosse incapaz de condenar os ataques a imigrantes sem os desculpabilizar.

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[A ligação entre criminalidade e imigração] já tinha sido amplamente estabelecida por Pedro Passos Coelho na campanha eleitoral da AD.

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Não se consegue perceber a relação entre os ataques racistas e a extinção da AIMA [Agência para a Integração, Migração e Asilo], mas há uma coisa que é clara: Rui Moreira considera que a imigração está descontrolada.

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Mas [Rui Moreira] deixou a semente do mal: caracterizou a imigração como estando descontrolada e apelou à extinção de uma agência que representa um passo em frente na forma como o país trata a imigração.

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[Também Lucília Gago] achou que este era um bom momento para falar do tema “imigrantes”, para prever que os jovens imigrantes poderão vir a cometer crimes.

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Carlos Moedas também falou e para apoiar o que Rui Moreira tinha dito.

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[Também aqui estamos perante a] incapacidade de condenar os ataques sem os relacionar com a imigração. Isto é muito grave.

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O que se sabe dos ataques é que foram praticados por portugueses, que esses portugueses estão ligados a grupos de extrema-direita.

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Sabe-se também que tiveram motivação racial. Nada disto tem que ver com imigração ou com políticas de imigração.

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Estas pessoas estão a transformar uma discussão sobre criminalidade violenta e racismo numa discussão sobre imigração.

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No caso dos ataques racistas no Porto, os imigrantes foram as vítimas.

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Não existe relação entre imigração e criminalidade.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

A persistência do mito que associa imigração a um aumento da criminalidade é um dos equívocos mais arraigados em torno deste tema.

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É tempo de desmontar este mito e encarar os factos de forma objectiva.

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Muito recentemente, foi lançado um livro de um dos principais estudiosos da migração a nível mundial, o professor e sociólogo holandês Hein de Haas.

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Contrariando a crença popular, De Haas apresenta vários estudos que refutam a ideia de que a imigração desencadeia um aumento da criminalidade.

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Os estudos demonstram consistentemente que os imigrantes, em geral, apresentam taxas de criminalidade inferiores às da população autóctone.

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A ideia que se pretende realçar é que os imigrantes tendem a estar mais interessados em integrar-se na sociedade de acolhimento, ao mesmo tempo que procuram activamente obter a residência permanente ou a cidadania.

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Os dados mostram precisamente o contrário: à medida que a imigração aumenta, as taxas de criminalidade tendem a diminuir.

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Essencialmente, as nossas sociedades tornaram-se mais seguras ao mesmo tempo que as populações de imigrantes cresceram.

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O paradoxo é que, com frequência, a imigração torna os locais mais seguros.

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Em última análise, a narrativa que associa imigração a um aumento da criminalidade afigura-se, não só desinformada, mas também prejudicial.

Francisco Amado, “Público” (sem link)


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