quarta-feira, 29 de maio de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (105)

 
Decorria a entrevista de Daniel Oliveira a Sebastião Bugalho no podcast Perguntar Não Ofende e Daniel Oliveira perguntava a Bugalho porque não é a favor da inclusão do direito ao aborto na Carta dos Direitos Europeus.

(…)

Daniel Oliveira quis que Sebastião Bugalho dissesse qual a sua posição em relação ao aborto. E Sebastião Bugalho entrou em níveis de ansiedade.

(…)

Repetiu que não era uma pergunta que estivesse em votação e disse que não estava a contar com ela.

(…)

Quem estava a assistir à entrevista percebeu que Sebastião Bugalho não se sente à vontade a falar neste assunto.

(…)

Durante a campanha para as legislativas, ficámos a saber que [Paulo Núncio] é contra o aborto. (…) Não vimos que estivesse constrangido.

(…)

Mas Sebastião Bugalho estava muito longe de estar à vontade.

(…)

Não chegou a concluir que, a partir dessa fé, é contra o aborto.

(…)

Daniel Oliveira ainda lhe perguntou, perante esta afirmação, se Bugalho é a favor da lei que está em vigor. Nova hesitação e nova atrapalhação.

(…)

Se tivesse dito “preto no branco” que é contra o aborto, isso teria impacto no eleitorado, sobretudo no feminino.

(…)

Assumir que se é contra o aborto significa declarar que se aceita que as mulheres voltem a abortar clandestinamente pondo em perigo a saúde e até a vida.

(…)

As mulheres ficaram a saber que não poderiam contar com ele para lutar pelo seu direito mais consequente. E Deus ficou a saber que Bugalho faz cedências em campanha eleitoral.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Todos os anos, a Amnistia Internacional publica o seu relatório global sobre a pena de morte.

(…)

Renovamos assim o compromisso em não baixar os braços até que a pena capital seja coisa do passado em todo o mundo.

(…)

Por um lado, foi no ano passado que se registou o número mais baixo de países que praticaram execuções. Foram 16, o que revela um pequeno avanço.

(…)

A nível global, a Amnistia Internacional contabilizou 1153 execuções, o que representa um crescimento superior a 30% em relação a 2022 e serão números que pecam por defeito.

(…)

É momento de reforçar a luta até que estes valores se estabilizem no zero.

(…)

Um país que fortemente contribuiu para o aumento do número internacional de execuções foi o Irão.

(…)

O total de 853 pessoas executadas pelas autoridades iranianas em 2023 reflete um crescimento de 48% em relação a 2022,

(…)

545 execuções foram ilegalmente conduzidas em punição de atos que não deveriam resultar na pena de morte ao abrigo do direito internacional.

(…)

Além do Irão, naturalmente a China surge em destaque, já que continua a sentenciar e a executar milhares de pessoas ainda que os dados sobre a aplicação da pena de morte sejam classificados como segredo de Estado.

(…)

Pela negativa, também se destacaram a Arábia Saudita, a Somália e os EUA.

(…)

Sabe-se que foram executadas mulheres na China, no Irão, na Arábia Saudita e em Singapura. (…) Também no Irão, pelo menos cinco (…) eram crianças.

(…)

Por último, a nenhum crime se faz justiça cometendo outro crime. Matar, executar, é crime.

(…)

A pena de morte não é justiça. É vingança. É crime.

Pedro A. Neto, “Público” (sem link)

 

O assunto dos imigrantes está na ordem do dia pelos mais variados motivos e ocupa um lugar central nos debates políticos e nas campanhas eleitorais.

(…)

A Organização Internacional para as Migrações considera migrante internacional alguém que se desloca para um país diferente do seu país de residência habitual, passando a fixar a sua residência no território de destino.

(…)

Uma definição simples, mas cuja simplicidade termina aí. O conceito de imigrante internacional envolve diversas realidades.

(…)

A ideia é esta: no uso corrente da palavra imigrante reina a simplificação indisciplinada de realidades muito complexas e diversas.

(…)

A referência ao imigrante também subentende, com frequência, alguém que não faz parte do nosso "grupo", apelando a uma dicotomia forçada do "nós" e do "outro".

(…)

Falar de imigrantes é falar também de portugueses e de tantas outras nacionalidades que vivem em Portugal, mas que não surgem espontaneamente associadas a imigrantes (mas sim a estrangeiros).

(…)

A palavra "imigrante", ao não considerar a diversidade de características e de possibilidades contidas no conceito, abre um terreno fértil para abusos de linguagem, dificulta o esclarecimento e estorva a identificação e a definição sustentada de estratégias para responder adequadamente às realidades em curso.

Maria João Valente Rosa, “Público” (sem link)

 

No domínio dos transportes assumo-me como um privilegiado: vivo num sítio onde o sistema de transporte me deixa onde quero em tempo útil e com algum grau de previsibilidade.

(…)

Infelizmente, para a maioria das pessoas não é esse o caso.

(…)

[À] ideia de que o transporte colectivo ajuda a uma sociedade organizada, mas também mais verde [juntaram-se] as estatísticas [a dizerem] que continuamos cada vez mais a usar o transporte individual.

(…)

Numa sociedade cuja vida se rege por horários, calendários e compromissos, articulá-los com as deslocações necessárias é fundamental.

(…)

O que mais falha, na realidade, é a previsibilidade do serviço e a informação disponível ao utilizador destes meios [de transporte coletivos].

(…)

Os transportes [fora dos grandes centros] não só têm horários mais limitativos quando comparamos com as cidades, como são menos previsíveis na sua chegada.

(…)

Não basta existir uma rede de transportes, deve também, acima de tudo, existir uma rede fiável.

(…)

[Enquanto isto não acontece], por mais rotas e redes que se criem, usufruir de um serviço de transporte colectivo continuará a ser uma aventura não solicitada e um facilitador da mobilidade individual.

Miguel Albino, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário