(…)
Daniel
Oliveira quis que Sebastião Bugalho dissesse qual a sua posição em relação ao
aborto. E Sebastião Bugalho entrou em níveis de ansiedade.
(…)
Repetiu que não era uma pergunta que estivesse
em votação e disse que não estava a contar com ela.
(…)
Quem estava a assistir à entrevista percebeu
que Sebastião Bugalho não se sente à vontade a falar neste assunto.
(…)
Durante a campanha para as legislativas,
ficámos a saber que [Paulo Núncio] é contra o aborto. (…) Não
vimos que estivesse constrangido.
(…)
Mas Sebastião Bugalho estava muito longe de
estar à vontade.
(…)
Não chegou a concluir que, a partir dessa fé, é
contra o aborto.
(…)
Daniel
Oliveira ainda lhe perguntou, perante esta afirmação, se Bugalho é a favor da
lei que está em vigor. Nova hesitação e nova atrapalhação.
(…)
Se tivesse dito “preto no branco” que é contra
o aborto, isso teria impacto no eleitorado, sobretudo no feminino.
(…)
Assumir
que se é contra o aborto significa declarar que se aceita que as mulheres
voltem a abortar clandestinamente pondo em perigo a saúde e até a vida.
(…)
As
mulheres ficaram a saber que não poderiam contar com ele para lutar pelo seu
direito mais consequente. E Deus ficou a saber que Bugalho faz cedências em
campanha eleitoral.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Todos os anos, a Amnistia Internacional publica
o seu relatório global sobre a pena de morte.
(…)
Renovamos
assim o compromisso em não baixar os braços até que a pena capital seja coisa
do passado em todo o mundo.
(…)
Por um
lado, foi no ano passado que se registou o número mais baixo de países que
praticaram execuções. Foram 16, o que revela um pequeno avanço.
(…)
A
nível global, a Amnistia Internacional contabilizou 1153 execuções, o que
representa um crescimento superior a 30% em relação a 2022 e serão números que
pecam por defeito.
(…)
É momento de reforçar a luta até que estes
valores se estabilizem no zero.
(…)
Um país que fortemente contribuiu para o
aumento do número internacional de execuções foi o Irão.
(…)
O total de 853 pessoas executadas pelas
autoridades iranianas em 2023 reflete um crescimento de 48% em relação a 2022,
(…)
545
execuções foram ilegalmente conduzidas em punição de atos que não deveriam
resultar na pena de morte ao abrigo do direito internacional.
(…)
Além
do Irão, naturalmente a China surge em destaque, já que continua a sentenciar e
a executar milhares de pessoas ainda que os dados sobre a aplicação da pena de
morte sejam classificados como segredo de Estado.
(…)
Pela negativa, também se destacaram a Arábia
Saudita, a Somália e os EUA.
(…)
Sabe-se que foram executadas mulheres na China,
no Irão, na Arábia Saudita e em Singapura. (…) Também no Irão, pelo
menos cinco (…) eram crianças.
(…)
Por último, a nenhum crime se faz justiça
cometendo outro crime. Matar, executar, é crime.
(…)
A pena de morte não é justiça. É vingança. É
crime.
Pedro A. Neto, “Público”
(sem link)
O
assunto dos imigrantes está na ordem do dia pelos mais variados motivos e ocupa
um lugar central nos debates políticos e nas campanhas eleitorais.
(…)
A
Organização Internacional para as Migrações considera migrante internacional
alguém que se desloca para um país diferente do seu país de residência
habitual, passando a fixar a sua residência no território de destino.
(…)
Uma definição simples, mas cuja simplicidade
termina aí. O conceito de imigrante internacional envolve diversas realidades.
(…)
A
ideia é esta: no uso corrente da palavra imigrante reina a simplificação
indisciplinada de realidades muito complexas e diversas.
(…)
A
referência ao imigrante também subentende, com frequência, alguém que não faz
parte do nosso "grupo", apelando a uma dicotomia forçada do
"nós" e do "outro".
(…)
Falar
de imigrantes é falar também de portugueses e de tantas outras nacionalidades
que vivem em Portugal, mas que não surgem espontaneamente associadas a imigrantes
(mas sim a estrangeiros).
(…)
A palavra
"imigrante", ao não considerar a diversidade de características e de
possibilidades contidas no conceito, abre um terreno fértil para abusos de
linguagem, dificulta o esclarecimento e estorva a identificação e a definição
sustentada de estratégias para responder adequadamente às realidades em curso.
Maria João Valente Rosa, “Público” (sem link)
No
domínio dos transportes assumo-me como um privilegiado: vivo num sítio onde o
sistema de transporte me deixa onde quero em tempo útil e com algum grau de
previsibilidade.
(…)
Infelizmente, para a maioria das pessoas não é
esse o caso.
(…)
[À] ideia de que o transporte colectivo ajuda a
uma sociedade organizada, mas também mais verde [juntaram-se] as
estatísticas [a dizerem] que continuamos cada vez mais a usar o transporte
individual.
(…)
Numa sociedade cuja vida se rege por horários,
calendários e compromissos, articulá-los com as deslocações necessárias é
fundamental.
(…)
O que mais falha, na realidade, é a
previsibilidade do serviço e a informação disponível ao utilizador destes meios
[de transporte coletivos].
(…)
Os transportes [fora dos grandes centros] não
só têm horários mais limitativos quando comparamos com as cidades, como são
menos previsíveis na sua chegada.
(…)
Não basta existir uma rede de transportes, deve
também, acima de tudo, existir uma rede fiável.
(…)
[Enquanto
isto não acontece], por mais rotas e redes que se criem, usufruir de um serviço
de transporte colectivo continuará a ser uma aventura não solicitada e um
facilitador da mobilidade individual.
Miguel Albino, “Público” (sem link)
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