(…)
Também Inês Sousa Real confirmou comentários
ofensivos com base no peso, altura ou cor da pele dos deputados.
(…)
Já à deputada do PS, Romualda Fernandes, os
deputados do Chega cumprimentaram em pleno dia dizendo: “Boa noite, senhora
deputada.”
(…)
Vários deputados de outros partidos já
confirmaram a veracidade destas acusações. Assim é o comportamento de
membros da bancada parlamentar do Chega.
(…)
Desengane-se
quem acha que perderão votos e eleitores por estas acusações terem vindo a
público. Não me parece que seja o caso.
(…)
Para os deputados do Chega estas coisas
situam-se ao nível do engraçadismo.
(…)
Não é
preciso chamar o Freud para perceber que estamos perante homens que precisam de
afirmar a sua condição masculina e que se sentem postos em causa por todas as
mulheres que não lhes reconhecem valor.
(…)
Ventura ameaçou Isabel Moreira com um processo
de difamação caso não apresentasses provas das suas acusações.
(…)
E até
deixou um aviso: a pressão é para continuar. Ou seja: os deputados do Chega
irão prosseguir no desrespeito e na intimidação às mulheres.
(…)
Políticos
no ativo a desrespeitar mulheres é assunto. Não está tão normalizado que não se
fale nisso quando algum caso vem a público.
(…)
São
verdadeiros heróis para milhares de homens que sonham ter a oportunidade de
mostrar poder e domínio sobre mulheres do calibre das visadas pelas ofensas e
injúrias.
(…)
A maioria das mulheres portuguesas ficará mais
exposta a este tipo de abordagem.
Carmo Afonso, “Público”
(sem link)
Depois de crescer nestas eleições, a extrema-direita pode
continuar a partir-se e isso não é obrigatoriamente uma boa notícia para a
democracia e para a Europa.
(…)
Os nacionalismos, uns contra os outros, anulam-se numa Europa
com cada vez mais poder político.
(…)
Uma extrema-direita [europeia] que substitui o nacionalismo
tradicional por uma espécie de “grande nacionalismo europeu”.
(…)
[Tem] um discurso social chauvinista, que responsabiliza os imigrantes
(e não a agenda liberalizadora) pela decadência do Estado Social.
(…)
Esta é a extrema-direita que tem tudo para crescer no sul e
periferias europeias, onde o euroceticismo é frágil e a migração comunitária
que recebe é rica.
(…)
[Meloni] não se limita a governar Itália, tornou-se uma
aliada central para Ursula von der Leyen.
(…)
[No grupo dos Reformistas e Conservadores Europeus] podem
concentrar-se os partidos de extrema-direita que cumpram duas condições: não
sejam abertamente eurocéticos – mesmo que sejam antifederalistas – ou
claramente putinistas. O Chega cumpre as duas.
(…)
Uma das consequências do consenso europeísta esvaziado de
conteúdo político é ninguém querer debater o que se passa na Europa.
(…)
Tudo indica que assistiremos a uma divisão de águas no espaço
da extrema-direita e ao reforço do campo “europeísta” com forças xenófobas que
pretendem usar o poder da Europa para a sua agenda.
(…)
Pensámos sempre, também por conforto, que a extrema-direita
se normalizaria e moderaria quando chegasse ao poder.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
Atrevo-me
a prever que o nível de abstenção no dia 9 deste ano venha a ser ainda superior
aos 59,3% registado em 2019 mas desejo sinceramente estar muito enganado.
(…)
Infelizmente,
o início da campanha eleitoral vem dando sinais de que as diversas forças
políticas que se apresentam à escolha dos cidadãos não vão conseguir motivar a
esmagadora maioria dos nossos conterrâneos a deslocarem-se nesse dia às mesas
de voto.
(…)
Admito
que o principal problema que explica uma crescente indiferença do eleitorado
face a estas eleições esteja sobretudo relacionado com a imagem que as
diferentes instituições da UE vêm criando ao longo dos tempos e sobretudo nos
mais recentes anos.
(…)
Para
usar uma linguagem mais crua, diria que falar a esse propósito [guerra na
Ucrânia e sobretudo o que se passa em Gaza e na Cisjordânia] de uma política da
União Europeia é já em si uma semântica manhosa pois a coisa resume-se a umas
declarações deste ou daquele, tantas vezes descoordenadas ou contraditórias.
(…)
Não
obstante as reclamadas aspirações em atribuir à UE um papel preponderante na
cena internacional, o que se constata é a total e embaraçosa irrelevância da
mesma, para não falar num mero seguidismo humilhante escondido por um balbuciar
cínico e gago.
(…)
Que
Europa é essa que prefere o incremento da produção e exportação do comércio de
armas ao mesmo tempo que abdica das alavancas diplomáticas que diz possuir?
(…)
Uma
União Europeia que substitui a guerra contra as desigualdades, as injustiças e
os crimes contra os direitos humanos por uma guerra de canhões e de
metralhadoras é obviamente uma União Europeia que terá imensa dificuldade em
galvanizar uma juventude ávida de um futuro decente.
(…)
Sim, é
preciso uma Europa. Uma Europa de paz, uma Europa dos cidadãos e de solidariedade.
É esse voto que importa.
Francisco Sousa Fialho, “Público” (sem link)
Nas
últimas semanas o Brasil ganhou grande destaque nos media internacionais por causa das enchentes
que abateram a região do Rio Grande do Sul.
(…)
Em
Portugal, enquanto líder da extrema-direita, André Ventura não perdeu tempo; as
suas redes sociais foram uma das principais fontes de fake
news a querer explorar a miséria humana por razões de propaganda
ideológica.
(…)
A solidariedade de Ventura se explica com o
falhanço político da extrema-direita no Brasil perante este desastre.
(…)
Os
aliados de Ventura governam o estado do Rio Grande do Sul e – sob pressão da
expansão imobiliária – têm pressionado para a flexibilização das normas
ambientais e o desmantelamento de diques nos últimos tempos.
(…)
Também
são aliados de Bolsonaro que governam o estado do Rio de Janeiro onde
contrataram a festa gigante da Madonna que ocorreu em Copacabana
simultaneamente ao desastre.
(…)
A
suposta indignação de Ventura, no entanto, não é só hipócrita pela prática
política dos seus aliados bolsonaristas no Brasil, mas também perante a própria
inconsistência ideológica e histórica.
(…)
É
necessário compreender que desastres “naturais” nunca só são naturais, mas
também sociais e políticos, não só nas consequências, mas também nas suas
origens.
(…)
Também
as causas são longe de ser naturais: desde a influência das alterações
climáticas provocadas pela industrialização, ao processo de urbanização,
desflorestação das encostas… em todo o lado se vê a “mão invisível”, pouco
natural, do capitalismo.
(…)
[Esperemos que] o desastre natural sirva para
uma conscientização política alternativa ao capitalismo, que desmascare a
propaganda falsa do populismo de extrema-direita.
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