quarta-feira, 22 de maio de 2024

CITAÇÕES À QUARTA (104)

 Isabel Moreira denunciou ofensas e injúrias permanentes dos deputados do Chega, sobretudo contra mulheres.

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Também Inês Sousa Real confirmou comentários ofensivos com base no peso, altura ou cor da pele dos deputados.

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Já à deputada do PS, Romualda Fernandes, os deputados do Chega cumprimentaram em pleno dia dizendo: “Boa noite, senhora deputada.”

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Vários deputados de outros partidos já confirmaram a veracidade destas acusações. Assim é o comportamento de membros da bancada parlamentar do Chega.

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Desengane-se quem acha que perderão votos e eleitores por estas acusações terem vindo a público. Não me parece que seja o caso.

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Para os deputados do Chega estas coisas situam-se ao nível do engraçadismo.

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Não é preciso chamar o Freud para perceber que estamos perante homens que precisam de afirmar a sua condição masculina e que se sentem postos em causa por todas as mulheres que não lhes reconhecem valor.

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Ventura ameaçou Isabel Moreira com um processo de difamação caso não apresentasses provas das suas acusações. 

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E até deixou um aviso: a pressão é para continuar. Ou seja: os deputados do Chega irão prosseguir no desrespeito e na intimidação às mulheres.

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Políticos no ativo a desrespeitar mulheres é assunto. Não está tão normalizado que não se fale nisso quando algum caso vem a público.

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São verdadeiros heróis para milhares de homens que sonham ter a oportunidade de mostrar poder e domínio sobre mulheres do calibre das visadas pelas ofensas e injúrias.

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A maioria das mulheres portuguesas ficará mais exposta a este tipo de abordagem.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Depois de crescer nestas eleições, a extrema-direita pode continuar a partir-se e isso não é obrigatoriamente uma boa notícia para a democracia e para a Europa.

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Os nacionalismos, uns contra os outros, anulam-se numa Europa com cada vez mais poder político.

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Uma extrema-direita [europeia] que substitui o nacionalismo tradicional por uma espécie de “grande nacionalismo europeu”.

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[Tem] um discurso social chauvinista, que responsabiliza os imigrantes (e não a agenda liberalizadora) pela decadência do Estado Social.

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Esta é a extrema-direita que tem tudo para crescer no sul e periferias europeias, onde o euroceticismo é frágil e a migração comunitária que recebe é rica.

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[Meloni] não se limita a governar Itália, tornou-se uma aliada central para Ursula von der Leyen.

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[No grupo dos Reformistas e Conservadores Europeus] podem concentrar-se os partidos de extrema-direita que cumpram duas condições: não sejam abertamente eurocéticos – mesmo que sejam antifederalistas – ou claramente putinistas. O Chega cumpre as duas.

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Uma das consequências do consenso europeísta esvaziado de conteúdo político é ninguém querer debater o que se passa na Europa.

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Tudo indica que assistiremos a uma divisão de águas no espaço da extrema-direita e ao reforço do campo “europeísta” com forças xenófobas que pretendem usar o poder da Europa para a sua agenda.

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Pensámos sempre, também por conforto, que a extrema-direita se normalizaria e moderaria quando chegasse ao poder. 

Daniel Oliveira, “Expresso” online

 

Atrevo-me a prever que o nível de abstenção no dia 9 deste ano venha a ser ainda superior aos 59,3% registado em 2019 mas desejo sinceramente estar muito enganado.

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Infelizmente, o início da campanha eleitoral vem dando sinais de que as diversas forças políticas que se apresentam à escolha dos cidadãos não vão conseguir motivar a esmagadora maioria dos nossos conterrâneos a deslocarem-se nesse dia às mesas de voto.

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Admito que o principal problema que explica uma crescente indiferença do eleitorado face a estas eleições esteja sobretudo relacionado com a imagem que as diferentes instituições da UE vêm criando ao longo dos tempos e sobretudo nos mais recentes anos.

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Para usar uma linguagem mais crua, diria que falar a esse propósito [guerra na Ucrânia e sobretudo o que se passa em Gaza e na Cisjordânia] de uma política da União Europeia é já em si uma semântica manhosa pois a coisa resume-se a umas declarações deste ou daquele, tantas vezes descoordenadas ou contraditórias.

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Não obstante as reclamadas aspirações em atribuir à UE um papel preponderante na cena internacional, o que se constata é a total e embaraçosa irrelevância da mesma, para não falar num mero seguidismo humilhante escondido por um balbuciar cínico e gago.

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Que Europa é essa que prefere o incremento da produção e exportação do comércio de armas ao mesmo tempo que abdica das alavancas diplomáticas que diz possuir?

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Uma União Europeia que substitui a guerra contra as desigualdades, as injustiças e os crimes contra os direitos humanos por uma guerra de canhões e de metralhadoras é obviamente uma União Europeia que terá imensa dificuldade em galvanizar uma juventude ávida de um futuro decente.

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Sim, é preciso uma Europa. Uma Europa de paz, uma Europa dos cidadãos e de solidariedade. É esse voto que importa.

Francisco Sousa Fialho, “Público” (sem link)

 

Nas últimas semanas o Brasil ganhou grande destaque nos media internacionais por causa das enchentes que abateram a região do Rio Grande do Sul.

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Em Portugal, enquanto líder da extrema-direita, André Ventura não perdeu tempo; as suas redes sociais foram uma das principais fontes de fake news a querer explorar a miséria humana por razões de propaganda ideológica.

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A solidariedade de Ventura se explica com o falhanço político da extrema-direita no Brasil perante este desastre.

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Os aliados de Ventura governam o estado do Rio Grande do Sul e – sob pressão da expansão imobiliária – têm pressionado para a flexibilização das normas ambientais e o desmantelamento de diques nos últimos tempos.

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Também são aliados de Bolsonaro que governam o estado do Rio de Janeiro onde contrataram a festa gigante da Madonna que ocorreu em Copacabana simultaneamente ao desastre.

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A suposta indignação de Ventura, no entanto, não é só hipócrita pela prática política dos seus aliados bolsonaristas no Brasil, mas também perante a própria inconsistência ideológica e histórica.

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É necessário compreender que desastres “naturais” nunca só são naturais, mas também sociais e políticos, não só nas consequências, mas também nas suas origens.

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Também as causas são longe de ser naturais: desde a influência das alterações climáticas provocadas pela industrialização, ao processo de urbanização, desflorestação das encostas… em todo o lado se vê a “mão invisível”, pouco natural, do capitalismo.

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[Esperemos que] o desastre natural sirva para uma conscientização política alternativa ao capitalismo, que desmascare a propaganda falsa do populismo de extrema-direita.

Marcela Uchôa e Jonas Van Vossole, “Público” (sem link)

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