(…)
Nos EUA, 13 juízes federais nomeados por Trump
escreveram uma carta ao reitor da Universidade de Columbia dizendo que, depois
dos protestos dos seus estudantes contra a invasão de Gaza, deixarão de
contratar profissionais formados por esta prestigiadíssima instituição.
(…)
A punição coletiva, ameaçando todos os
estudantes de restrições no acesso a prestigiadas e bem pagas posições no
sistema judicial, só visa restaurar uma coisa: o macarthismo.
(…)
A chantagem da acusação de antissemitismo ou de
apoio ao terrorismo já não chega para calar a oposição ao genocídio.
(…)
É preciso silenciar preventivamente qualquer
opinião contrária ao Governo de extrema-direita de Netanyahu.
(…)
A palavra “genocídio” não se pronuncia, a
desproporcionada violência israelita não se comenta, os colonatos não se
questionam, os cadáveres não se contam.
(…)
É usar o poder do Estado para silenciar quem
denuncia um crime contra a Humanidade.
(…)
O silenciamento é feito em nome da má consciência
ocidental perante o povo mais perseguido da História.
(…)
Cala-se a crítica ao genocídio em Gaza para
fazer as pazes com a História.
(…)
Mas foi da indiferença perante o crime que
nasceu a matança de judeus, ciganos, arménios ou palestinianos.
(…)
O que determina a política do ódio não é o seu
alvo fraco, é ter sempre de existir um.
(…)
Claro que o antissemitismo está bem entranhado
por séculos de perseguição e vai da direita à esquerda.
(…)
Foi esta impossibilidade de debater, nos EUA, o
comportamento de Israel, mesmo quando o debate é promovido por organizações
judaicas, que reforçou um apoio incondicional a tudo o que Telavive fosse
fazendo.
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Quanto maior o rasto de destruição e morte em
Gaza, mais difícil é defender a superioridade moral de Israel e mais o tabu tem
de ser imposto pela força.
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De acordo com um estudo da Gallup, o apoio dos
norte-americanos à ofensiva israelita desceu de 50%, no seu início, para 36% em
março.
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Na realidade, os estudantes usam a Palestina
como usaram o Vietname: bandeira da luta contra toda a forma de opressão.
(…)
Israel, como portador da memória das vítimas do
mais horrendo dos crimes, trilhou um longo caminho de arrogância colonial que o
levou ao suicídio moral em Gaza.
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No dia em que calarmos o grito de revolta
destes jovens somos nós, enquanto Humanidade, que desaprendemos tudo.
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
A salvaguarda de condições de dignidade em
tempo de reforma deve ser primordial nas nossas vidas.
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Em notícias recentes, soube-se que o CEO de um
grupo empresarial se autorremunera com um salário correspondente ao de 288
trabalhadores com o salário médio praticado no grupo.
(…)
Escreveu-se que este gestor coloca nos seus
sistemas de reforma um milhão de euros por ano.
(…)
Temos de cuidar da sustentabilidade do Sistema
de Segurança Público Universal e Solidário que temos
(…)
O futuro da Segurança Social garante-se com
melhores salários e mais e melhor emprego.
(…)
Não se desbaratem as boas condições da
Segurança Social em nome de hipotética insustentabilidade.
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Segundo a Unidade Técnica de Apoio Orçamental
(UTAO), a Segurança Social, na execução orçamental de 2023, alcançou um saldo
(excedente) global de 5482 milhões de euros.
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Tem aumentado o número de contribuintes e o
volume das receitas. Isso deveu-se ao aumento do emprego de imigrantes e de
trabalhadores portugueses e à melhoria de parte dos salários.
Hoje a Namíbia é um país independente na costa
ocidental africana.
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Um
país que conseguiu assinar com a Alemanha um acordo
de reparações por aquele que é considerado o primeiro genocídio do século
XX
(…)
Ao reconhecer
o genocídio na antiga colónia do Sudoeste Africano, em Maio de 2021, o Governo
da então chanceler Angela Merkel concordou em financiar projectos namibianos
com 1,1 mil milhões de euros ao longo de 30 anos.
(…)
Shark
Island, “a ilha da morte”, situada perto da cidade de Lüderitz, foi um dos cinco
campos de concentração na Sudoeste Africano alemão.
(…)
Ali morria-se à fome e de maus-tratos e muitas
vezes os corpos eram jogados aos tubarões.
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A
ideia de não estar sempre a olhar para o passado é bom para a reconciliação e
superação de experiências traumáticas, mas tem o seu lado negativo: o
esquecimento.
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Shark Island é um exemplo disso.
(…)
A reparação do passado não pode avançar como um bulldozer sobre a memória.
António Rodrigues, “Público”
(sem link)
Qualquer
definição de um avanço que tem em vista a destruição material e humana de um
povo não pode possuir qualquer outro nome.
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A culpa alemã e os interesses geopolíticos
norte-americanos não podem mais extravasar para o resto da Europa.
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Quando
em 1948 lançámos para fora a incapacidade histórica europeia de lidar com um
povo, então condenámos outro, aparentemente mais distante, à sua longa e
miserável destruição.
(…)
Na verdade, o fundamentalismo sionista
aproxima-se mais do próprio nacional-socialismo do que qualquer outra coisa.
(…)
Desde
as primeiras expansões israelitas, com a Nakba de 1948, a ideia da dizimação completa do povo
palestiniano e das condições que tornam possíveis a sua existência ficaram
rapidamente vincadas.
(…)
O
fundamentalismo religioso israelita levou até à contaminação das fontes de água
nos territórios ocupados, para que os refugiados das zonas ocupadas não mais
voltassem. (…)
(…)
O que se observa aqui não poderá ter outro nome
senão genocídio.
(…)
A destruição vindoura de Rafah não é senão um novo passo na
longa história de devastação israelita e o fracasso da criação e gestão de
Israel.
(…)
Desde os acordos de Oslo em 1993 que previam
uma certa autonomia palestiniana, nada mudou.
(…)
A segregação e entrega dos poderes
administrativos a forças de segurança externas só pode ter um nome: apartheid.
(…)
E em
muito, esta reclusão da Palestina em Gaza, novamente lembra os guetos criados
pelo nazismo na Alemanha e na Polónia.
(…)
A
Ocidente, nos Estados Unidos, o grande financiador do Estado israelita, as
manifestações estudantis solidárias nos campus universitários são atacadas pela
polícia, em muitas ocasiões atendidas com casos de brutalidade policial.
(…)
Enquanto
a União Europeia continua a agitar a bandeira da culpa alemã sobre todos nós,
cegos à futura culpa Ocidental perante o genocídio causado pelo fracasso da
criação ocidental de Israel.
(…)
Ainda que nós, na Europa (…) não
consigamos efectivamente impedir esta longa história de lenta eliminação de um
povo, teremos ao menos de exigir dos nossos meios a designação correcta:
genocídio.
João Rochate da Palma, “Público” (sem link)
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