sexta-feira, 12 de julho de 2024

CITAÇÕES (763)

 
A elite económica francesa estava preparada para o Governo autoritário de Bardella e Le Pen.

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Apesar da retórica popular, a União Nacional (RN) opôs-se ao aumento dos salários médios e mínimo, (…), e defendeu menos regras ambientais. 

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Como nos anos 30, a chegada dos fascistas ao poder teria o amparo do dinheiro. Foi o povo francês, e só ele, que a travou.

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Não foi apenas a extrema-direita que foi derrotada. Foi o “nem-nem”, que repetia as equiparações do costume.

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Direitos que hoje consideramos naturais já foram radicais. E voltaram a ser. E é por isso mesmo que a esquerda não os deve abandonar.

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 Se os socialistas abandonassem a aliança vitoriosa (…), voltariam ao lugar que os aproximou da extinção.

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Quem acredita que o PS deve ocupar o lugar de Macron para aplicar o seu programa neoliberal não percebeu o que aconteceu em França e na Europa.

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Se a NFP abraçar quem a fez crescer pela sua impopularidade, entregará a vitória a Le Pen em 2027.

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Quem faz [a equiparação dos extremos] não vê apenas a democracia política como o chão comum em que os democratas se podem entender. Considera o liberalismo económico tão constitutivo da democracia, como o liberalismo político.

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A equiparação da “esquerda radical” (em versão já alargada a muitos socialistas) à extrema-direita tenta desdemocratizar qualquer alternativa ao neo­liberalismo. 

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Ao retirar a economia da disputa no campo democrático, esvazia-se a própria democracia, dando argumentos aos seus inimigos. 

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Não é só a França que desmente a ideia de que para vencer a extrema-direita é preciso o sistema virar à direita. Keir Starmer recentrou os trabalhistas e não conquistou um voto aos conservadores. 

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A deslocação dos dois grandes partidos para a direita não corresponde, olhando para os votos, a uma exigência eleitoral.

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E não impediu (…) o crescimento da extrema-direita.

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Se não podem escolher o seu destino, é natural que [os eleitores] escolham o protesto inconsequente.

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A TINA neoliberal é aliada da extrema-direita porque diz ao povo que no chão da democracia nada de essencial pode ser decidido.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Em tempos de soberanismos exacerbados, nacionalismos fortes e multilateralismo como palavra feia, ainda há quem continua a acreditar no pan-africanismo como objectivo político. A socióloga angolana Luzia Moniz é uma delas.

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O desenvolvimento de África [não se faz] se não através da integração.

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Os jovens num continente jovem como África podem chegar ao mundo inteiro pelos seus dedos.

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Podem comparar a sua vida à de outros e perceber a indignidade da sua existência.

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Integração significa “os africanos unirem-se para dar condições de dignidade às suas populações”, diz a socióloga [Luzia Moniz].

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A Organização Pan-africanista Mundial (OPAM) emitiu esta semana um comunicado, em conjunto com uma série de organizações internacionais, a condenar a “perseguição sistemática e a discriminação racial” de que tem vindo a ser alvo em Espanha Ablaye Diallo, activista de origem senegalesa residente em Bilbau

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Ablaye Diallo mantém um perfil alto na defesa dos direitos dos migrantes africanos em Bilbau, denunciando violações da polícia e ajudando na defesa das vítimas.

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A violência da polícia em Bilbau tornou-se sistemática. Por exemplo, em Abril, mais de 50 organizações da sociedade civil saíram à rua para denunciar o racismo institucional e a violência policial contra os vendedores ambulantes.

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Os cidadãos africanos “não são respeitados em lado nenhum do mundo”, dizia Diallo em entrevista ao Resumen Latinoamericano.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A postura de Lucília Gago, desafiante e sem pingo de autocrítica, aparecendo perante uma entrevista televisiva como alguém que nada deve à explicação (…)  é um manual de penitência e compromisso com a maior demagogia que recria e fortalece os piores males. 

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A confirmação de que Lucília Gago goza de um espectro de inimputabilidade face ao que quer que diga e (não) faça ficou reiterada. 

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Não entende ou não quer entender, embora possa ou deva saber que os esclarecimentos que nos deve não são obrigação, são dever. 

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É a sociedade civil, porém, que reclama por justiça para quem se procura condenar antes do tempo.

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É difícil acreditar que alguém com esta responsabilidade nos diga, sem pestanejar, que não acompanha os principais processos porque são muito detalhados e minuciosos. E porque não quer intervir.

Miguel Guedes, JN

 

A sequência política vivida, nestas últimas semanas, em França foi intensa e de certa forma traumática.

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Em democracia, não há vitórias definitivas, sobretudo face a uma extrema-direita que continua a ganhar em influência e poder a nível nacional e internacional.

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Em democracia, ganham-se batalhas mais ou menos grandiosas, nunca se ganha a guerra.

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O que pode França, e já agora Portugal, aprender com esta sequência em curso? 

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Continua a ser a esquerda a força mais fiel aos valores democráticos e o pilar mais sólido da República Francesa.

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Quer a esquerda quer os seguidores de Macron insistiram, na campanha da segunda volta, não na denúncia do programa económico da UN, mas na sua natureza racista, xenófoba, misógina, "lgbtfóbica" e fascista.

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Voltaram aos fundamentos. (…) Na época em que a estratégia de desdiabolização e normalização da extrema-direita ainda não contava com a cumplicidade de idiotas úteis.

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Esses desesperados que não sabem bem o que estão a fazer e que votam assim como forma de protesto.

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Vários estudos e análises foram, entretanto, publicados e colocam definitivamente esta teoria do voto de protesto na categoria da ilusão ou negação coletiva.

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O voto na extrema-direita é na sua maioria um voto de adesão.

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O que a extrema-direita promete a estas pessoas é que podem sentir-se abandonadas, na base da pirâmide, mas estarão sempre acima das pessoas discriminadas, negativamente racializadas ou estrangeiras.

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A luta [contra a extrema-direita] é económica, mas também social, humanista, antirracista, feminista e pró-LGBTI+.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


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