sexta-feira, 30 de maio de 2025

CITAÇÕES

 
Nos últimos seis anos fizemos o caminho que outros levaram décadas a percorrer [para ativarem a extrema-direita].

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A extrema-direita pode chegar ao poder ou ficar em primeiro com a mesma velocidade extraordinária. 

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[Faltam-nos] instrumentos que, noutros países, retardaram a sua progressão ou atenuaram o seu impacto.

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Faltam-nos resistências institucionais. 

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Portugal tem das mais baixas taxas de leitura de jornais da Europa e dos menores apoios públicos à imprensa.

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Parte das instituições do Estado, (…), já foram tomadas pelo populismo dominante, com destaque para a justiça.

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E temos uma sociedade civil estruturalmente anémica.

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A começar pelo sindicalismo, que o poder político fez tudo para fragilizar.

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Portugal tem das taxas de sindicalização mais baixas da Europa.

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Faltam-nos resistências culturais.

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Segundo o “European Social Survey”, 62% dos portugueses tinham no início da década crenças racistas.

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Já temos mais autoconsciência do racismo — 61% aceitam que há discriminação em relação à cor da pele.

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Enquanto os alemães falam do seu passado, nós só o celebramos: demos novos mundos ao mundo e o resto não se pode recordar porque isso é “reescrever” a história.

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Montenegro passou um ano a distribuir o excedente e subiu três pontos quando o seu maior competidor afundou.

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[Na AD] não percebem que serão os seguintes.

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A extrema-direita chegou mais tarde, cresceu mais depressa e tem todas as condições para manter a trajetória acelerada. 

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O terreno está todo aberto. 

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Quem julga que teremos quatro anos de paz ainda não percebeu o que está a acontecer.

Daniel Oliveira, “Expresso” 

 

Em grande parte das escolas francesas, a Declaração Universal dos Direitos Humanos encontra-se afixada nas paredes de cada sala de aula, como princípio orientador da educação para a cidadania.

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A Declaração Universal dos Direitos Humanos não apela a uma falsa neutralidade, não substitui a empatia pela indiferença nem exige silêncio diante da injustiça.

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[A Declaração Universal dos Direitos Humanos] reconhece o direito à liberdade de expressão, à liberdade de consciência, à resistência contra a opressão, à igualdade entres todos os seres humanos.

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E são precisamente esses direitos que têm sido sistematicamente desautorizados quando se trata da Palestina.

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Nenhum [povo como o palestiniano] é objeto deste nível de censura voluntária, organizada, generalizada.

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Cala-se quem denuncia o genocídio, vigia-se quem ensina, e restringe-se o direito à indignação às causas oficialmente autorizadas.

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A fraternidade, divisa da República Francesa, foi então [aquando da invasão da Ucrânia pela Rússia], volto a dizer e bem, respeitada.

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Porque é que as pessoas pró-palestinianos não têm direito à liberdade de sentir e exprimir a sua solidariedade?

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Relembro as palavras justas de Desmond Tutu: “Se és neutro em situações de injustiça escolheste o lado do opressor.”

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Mais de 53 mil mortos em Gaza entre os quais milhares de crianças órfãs, mutiladas, enterradas ou queimadas vivas.

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Perante isto, o silêncio institucional não é neutro, é cúmplice. 

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Falar de consentimento ao genocídio não é uma provocação, é nomear um pacto tácito de permissividade.

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O que está a ser apagado por Israel e os seus parceiros de crime, para além de um povo são também os nossos valores mais fundamentais, a nossa humanidade.

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 Precisamos de honrar quem nos antecedeu na luta pelos direitos humanos.

Luísa Semedo, “Público” (sem link)

 

O sistema não se questiona a si mesmo, apenas encontra a melhor forma de romantizar a extrema-direita, à boleia do segundo lugar do pódio que lhe entregaram para subir. 

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O que importa, agora e para muitos (…) [é normalizar] aquilo que até há bem pouco tempo era considerado como impensável, inultrapassável ou proscrito.

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Neste momento, vive-se na senda da cooptação da outrora besta. Só porque, ainda mais perigosa, aumentou de tamanho.

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A manipulação da opinião pública em plena campanha eleitoral aconteceu, perante os olhos de todos, sem denúncia ou incomodidade.

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André Ventura [foi entrevistado] duas vezes mais do que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos juntos. 

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São falsos 58% dos perfis e contas que existem e interagem em nome e defesa do Chega na rede X contra, sobretudo, PS e PSD. 

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O grau de investimento na mentira, no ódio e na desinformação pode mesmo vir a ganhar eleições.

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Em caso de segunda volta [nas eleições presidenciais], a Esquerda será convocada para engolir mais um sapo, desta vez sem a mínima certeza sobre o seu eleitorado.

Miguel Guedes, JN

 

As últimas eleições deixaram claro onde a extrema-direita cresceu mais: nos concelhos do interior, nos territórios onde o Estado deixou de ser presença e passou a ser ausência.

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[O problema do interior] não é só económico. Nem apenas demográfico. É, acima de tudo, político. Profundamente político.

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E há décadas que exige uma resposta à altura: a regionalização.

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Mas é, na verdade, uma das poucas reformas com coragem bastante para travar o ciclo de abandono e ressentimento que alimenta o populismo.

Rodrigo Rosa, “Público” (sem link)


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