(…)
Mais de 1,5 milhões de pessoas foram deslocadas
internamente numa área de apenas 365 km², tornando a Faixa de Gaza numa das
zonas mais densamente povoadas e humanitariamente mais vulneráveis do mundo.
(…)
Nas últimas semanas, num pequeno grupo de
mulheres, temos conversado sobre como ajudar quem está preso naquele inferno.
(…)
Cada palavra contra a apatia prevalecente é um
ato de resistência.
(…)
Hoje, a causa palestiniana exige o mesmo nível de
mobilização global [que a luta contra o apartheid na África do Sul].
(…)
Cerca de meio milhão de palestinianos está perto
de entrar em insegurança alimentar catastrófica.
(…)
Temos a obrigação moral de condenar esta atuação
em todos os palcos que tivermos ao nosso dispor, em todas as áreas da sociedade.
(…)
Podemos pressionar os nossos governantes para
tomarem uma posição consistente com a defesa dos direitos humanos.
(…)
Na área da cultura e do desporto, as organizações
também podem boicotar a entrada de artistas ou de equipas em grandes eventos em
Portugal e na EU.
(…)
[A Declaração de Objeção de Consciência de Uppsala é
um documento] redigido
por docentes e investigadores suecos, declara a objeção de consciência à
colaboração com instituições israelitas cúmplices da ocupação ilegal, do apartheid e do genocídio.
(…)
A área da ciência e a investigação têm especiais
responsabilidades na defesa da democracia e da justiça.
(…)
As Universidades formam novas gerações e podem
despertar consciências.
(…)
É um ato de defesa da nossa própria humanidade.
(…)
Acredito que as universidades e institutos de
investigação portugueses têm o dever moral de seguirem o exemplo da Declaração de
Uppsala.
(…)
Como a história tantas vezes nos recorda, o
silêncio não é neutro.
(…)
A coragem de jovens judeus israelitas que se
recusam a servir o exército do seu país numa guerra suja contra civis só pode
inspirar-nos.
(…)
[Devemos] pressionar os decisores políticos
nacionais, europeus e internacionais para adotarem uma posição firme de
condenação do Estado de Israel.
Vivemos
numa era em que o discurso de ódio se disfarça de “opinião” e onde a mulher que
diz “não”, que se impõe, que recusa sorrir para agradar, é rotulada de arrogante,
antipática ou perigosa.
(…)
É neste cenário que Mariana Mortágua surge como
alvo óbvio: mulher, lésbica, de esquerda, assertiva, preparada, segura.
(…)
O ódio que recebe não é apenas político — é
estrutural e simbólico.
(…)
A
violência dos ataques, muitas vezes antes sequer de abrir a boca, revela um
desconforto com a mulher que não pede licença para existir no espaço público.
(…)
Quando uma mulher foge ao guião — não é doce,
nem sorridente, nem "feminina" — torna-se um alvo.
(…)
Ela não adoça o discurso. Não pede desculpa por
saber. Não suaviza para ser aceite. E isso incomoda.
(…)
Mortágua incomoda porque tem voz. Porque
enfrenta privilégios. Porque representa uma geração de mulheres que não pedem
desculpa por existir.
(…)
Escrevo porque a vejo como reflexo — de mim, de
muitas de nós, de uma luta ainda por cumprir.
Bruna Oliveira
Lemos, “Público” (sem link)
Em
certos casos, [nos últimos anos a diplomacia] transformou-se num palco para
encenações políticas cuidadosamente construídas, em que a confrontação e o
espectáculo se sobrepõem ao diálogo construtivo.
(…)
Donald Trump foi — e continua a ser — um dos
protagonistas centrais dessa viragem.
(…)
O público-alvo é interno: os eleitores
norte-americanos. Donald Trump compreendeu como poucos o poder da encenação
política.
(…)
O
jornalista Walter Lippmann escreveu que os cidadãos formam opiniões não com
base na realidade, mas nas imagens mentais que lhes são apresentadas.
(…)
Trump
não comunica para negociar — comunica para impor. Para vencer. E fá-lo sem
rodeios, mesmo à custa da destruição da confiança diplomática.
(…)
A
chamada "diplomacia-espectáculo", à semelhança de um Estado-espetáculo,
desafia os princípios clássicos da diplomacia moderna e impõe riscos sérios à
estabilidade internacional.
(…)
A incerteza mina a previsibilidade — um bem essencial em
política externa.
(…)
Precisamos de líderes capazes de falar — e
ouvir — com respeito.
(…)
Nas mãos erradas, [a cominicaçãopolítica]
transforma-se num veículo de hostilidade, alimentando divisões em vez de
resolver conflitos.
(..)
Quando é usada para humilhar e não para
dialogar, não constrói alianças — implode-as.
Leonardo Grilo, “Público”
(sem link)
Nenhum dos homens (todos homens) que garantiram
o apoio esmagador a Pedro Nuno Santos perdeu um minuto a pensar, já nem digo na
defesa da democracia em risco, mas na sobrevivência do PS.
(…)
[Ao PS] só lhe será permitido existir na medida
em que isso seja autorizado pela AD.
(…)
Luís
Montenegro quer, por mero cálculo de curto prazo, matar o PS.
(…)
Os socialistas sofreram uma pesada derrota, mas é escusado apresentarem-se à AD, qual Egas Moniz, com a corda ao pescoço.
(…)
Quem
estará à espera é o Chega, pronto para fazer à AD o que fez ao PS, conquistando o voto
descontente.
(…)
Era
preciso alguém [no PS] com uma extraordinária capacidade de liderança e
inteligência tática.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
Sem comentários:
Enviar um comentário