sexta-feira, 9 de maio de 2025

CITAÇÕES

 
A história da Spinumviva ou o papel de Montenegro como advogado da Câmara de Espinho e a sua relação com a ABB são demasiado complicados para não cansarem o eleitor médio.

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Os que perceberam a sucessão de mentiras e meias-verdades que o primeiro-ministro foi contando confirmaram a sua opinião sobre ele.

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Muitos comentadores até acham que o assunto devia ser abandonado.

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Não deve, mesmo que o líder do PS não se possa agarrar a ele.

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Esquecer a Spinumviva é, para além de ignorar a dimensão ética da política, permitir que Montenegro reconstrua a sua narrativa, apresentando-se como uma vítima empurrada para eleições.

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No primeiro trimestre com um Orçamento da AD, a riqueza produzida caiu 0,5% em cadeia, o quinto pior resultado deste século.

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O resto da Europa cresceu. Esta é, aliás, a grande novidade, depois de anos de recuperação e convergência: o trambolhão acontece quando Europa e Espanha crescem.

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Era Sarmento que falava de “crescimento anémico” quando acontecia acima da média europeia.

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Numa campanha normal este seria o tema central. 

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Mas o Governo usou uma armadilha mediática infalível: a imigração.

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Mais uma vez o Governo faz passar procedimentos administrativos por decisão política.

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Os meios para retorno coercivo não judicial continuam a faltar, o que torna a previsão de 18 mil deportações pura propaganda.

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A habilidade da AD oferece-nos, nos três temas que marcaram o arranque da campanha — ética, economia e imigração —, os ingredientes do caldo perigoso que se prepara para o próximo ciclo político.

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Se Montenegro for reeleito, o seu delirante quadro macroeconómico será abandonado e, com ele, as suas promessas.

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Num cenário de crise, é expectável que os imigrantes, agora mais numerosos, venham a ser, como em todo o lado, o bode expiatório.

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É quando o dinheiro falta que as pessoas passam a ligar às falhas éticas que antes ignoraram, vendo-as, por facilidade, como causa da crise. 

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Os casos de Montenegro regressarão com outro poder destrutivo.

Daniel Oliveira, “Expresso” 

 

Não há idade para fazer campanha nem nenhum regime de exclusão se aplica em razão do histórico.

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A presença dos históricos (alguns deles barões) dos partidos em campanha é muitas vezes reservada para o fim da linha.

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Pode-se cantar vitória, mas a cantoria é desafinada quando boa parte das figuras mais importantes dos partidos se encolhe

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Olhando para os desaparecidos sem combate, é bem evidente como a crença em Pedro Nuno Santos não revela fumo branco.

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É inimaginável que [Cavaco e Passos Coelho] não permaneçam ao lado de Luís Montenegro, garantindo a fiabilidade da rodagem Spinumviva.

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A presença de notáveis na campanha do PS é ainda uma metáfora. Ilustres ausências.

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Agora, depois das marés, percebe-se que Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda não podem ser acusados de falta de comparência num momento crítico para o BE. Solidariedade.

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Há um PS que não consegue apelar aos mínimos históricos e isso é desastroso para uma campanha.

Miguel Guedes, JN

 

Ouvir Giorgia Meloni afirmar que “honramos os valores democráticos negados pelo fascismo” nas celebrações que assinalam os oitenta anos da libertação de Itália reveste-se de ironia. Não pelas palavras, mas pela voz que as profere.

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Diferente de Matteo Renzi ou Mario Draghi, que confiaram na tecnocracia e no consenso europeu como bússolas para governar, Meloni construiu a sua legitimidade a partir do confronto simbólico.

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A sua ascensão não representa apenas uma mudança no ciclo político italiano, mas um laboratório para a extrema-direita europeia.

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Giorgia Meloni não se formou nas ideias de Gramsci, mas no seio do Movimento Social Italiano (MSI-DN), fundado por Giorgio Almirante – a primeira tentativa organizada de conciliar o fascismo com a democracia do pós-guerra.

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Aos 15 anos, aderiu à ala juvenil do MSI [partido neofascista italiano].

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Aos 31, assumia a pasta da Juventude no Governo de Berlusconi, iniciando uma trajetória marcada por coligações improváveis, ambiguidades e um instinto para tirar proveito das fragilidades do sistema.

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Em 2012, entre as ruínas do partido de Berlusconi e a ascensão de governos tecnocráticos, cofundou os Fratelli d’Italia.

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Ganhou força a promessa de resgatar a voz da “verdadeira Itália” – uma nação traída, à espera de redenção.

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A chama tricolor, inscrita no logótipo do partido, ardeu lentamente durante anos, mas acabaria por incendiar o sistema político, emergindo com a força dominante da direita italiana.

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[Meloni personifica] um populismo de segunda geração, fundado na construção de um nacionalismo adaptado ao mundo de hoje.

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A mensagem de Meloni foi meticulosamente calibrada: identidade, soberania, segurança.

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Os Fratelli d’Italia propuseram-se, assim, restaurar uma autenticidade perdida: pureza no discurso, uma síntese de tradicionalismo moral, nacionalismo assertivo e ressentimento cultural.

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O que fora, durante anos, uma retórica periférica, tornou-se para muitos italianos – e não só – num novo “sentido comum”.

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A sua relação com Bruxelas é, desde o início, marcada poruma ambivalência calculada.

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 As investidas contra o “centralismo europeu” foram rapidamente recalibradas – não por convicção ideológica, mas por imperativo de sobrevivência.

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O apoio à Ucrânia e à NATO – discutido dentro do seu próprio partido e da sua coligação – marcaram uma rutura deliberada com o fascínio da direita italiana com Putin.

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Meloni não terá mudado de ideias, apenas de ângulo.

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A sua política externa não é moldada por doutrina – é pragmática, adaptável e oportunista.

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Esta narrativa tem convencido muitos.

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Ao contrário de Viktor Orbán, que se impõe pela fricção, Giorgia Meloni opera pela cumplicidade – mas nenhuma das abordagens os tornam tradutores de Donald Trump, apenas intérpretes ocasionais.

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Num equilíbrio subtil entre nostalgia e pragmatismo, tem sabido traçar um caminho que serve de modelo para muitos líderes de extrema-direita.

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[Meloni continua a ser] uma filha da extrema-direita italiana, moldada por narrativas de identidade, ressentimento e pureza nacional.

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Mas que Europa quer, afinal, Giorgia Meloni? O seu realinhamento é pragmático, não ideológico. Oscila consoante a conjuntura.

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A economia italiana continua fragilizada por um crescimento anémico e défices estruturais

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Meloni não é a salvadora da Europa. É apenas a mais recente encarnação de uma extrema-direita que, incapaz de destruir o projeto europeu de fora, se dedica agora a corroê-lo desde dentro.

Manuel Serrano, “Público” (sem link)


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