Falando para cerca de 80 professores no Liceu Camões, em Lisboa, a deputada Ana Drago defendeu que “a Assembleia da República deve dar o tempo necessário às negociações entre governo e sindicatos. Mas o Bloco de Esquerda tenciona assumir as suas responsabilidades e agendaremos as nossas propostas para um novo estatuto e um novo modelo de avaliação”.
No que respeita às negociações sobre o estatuto da carreira docente, Ana Drago afirmou que a ministra Isabel Alçada “não deu sinais muito positivos” e, pelo contrário, “propôs mais estrangulamentos” à carreira docente, como a manutenção das quotas para a atribuição das classificações “muito bom” e “excelente” e também a limitação de vagas para a transição em três escalões da carr. A deputada bloquista defendeu que a escola precisa de mais professores e equipas multidisciplinares, com técnicos e psicólogos, como estava na proposta que o Bloco levou ao parlamento e que o PS chumbou na anterior legislatura.
Neste encontro participaram também António Avelãs (dirigente SPGL e Fenprof), Manuela Mendonça, (dirigente SPN e Fenprof) e Adelina Precatado, professora da escola que acolheu o evento. Na plateia encontravam-se representantes de movimentos de professores, como Ilídio Trindade, do MUP, e Octávio Gonçalves, do Promova.
Também esteve presente um grupo de professores contratados, que durante a intervenção sobre a realidade das vidas sem direitos de quase metade dos docentes, mostrou diversas pancartas com frases como "Há quinze anos contratado" ou "Já levo 18 contratos". A intervenção assinalou a dificuldade de inserir as reivindicações contra a precariedade no discurso e nas propostas dos sindicatos e partidos.
Nas intervenções seguintes, Manuela Mendonça lembrou depois que apenas 400 contratados entraram nos quadros do último concurso, ou seja, 1% do total de professores há anos nesta situação de incerteza. Ana Drago referiu também que quase metade dos professores estão fora do Estatuto de Carreira Docente que está no centro das atenções.
António Avelãs fez o balanço da guerra contra os professores que marcou a acção política da anterior ministra, que no seu entender procurou virar a população contra a classe, fazendo dela o inimigo principal. Avelãs assinalou que a postura negocial da nova ministra é de facto diferente da exibida por Maria de Lurdes Rodrigues, mas falta ainda que os resultados confirmem os sinais de maior abertura.
Adelina Precatado reclamou mais autonomia para a escola e defendeu um modelo de avaliação cooperativo em vez de competitivo, criticando o critério das aulas assistidas para a classificação na avaliação.
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