segunda-feira, 22 de março de 2010

PEC: Louçã desafia Sócrates a «sair da sua torre de marfim»

Francisco Louçã anunciou que vai iniciar «uma grande campanha popular» para explicar as propostas do seu partido para o Programa de Estabilidade e Crescimento, defendendo que é possível «cortar mais de 2000 milhões de euros no défice orçamental»

Numa conferência de imprensa na nova sede do partido, o líder bloquista apelou ao primeiro ministro, José Sócrates, para que «abandone as privatizações», a «redução dos salários e pensões e os cortes no subsídio de desemprego», o «aumento de impostos para pobre e remediados» e a «política recessiva contra o investimento público» que disse estarem contempladas no PEC.

«A única coisa que importa saber esta semana é se o primeiro ministro, refugiado na sua torre de marfim, está disposto a prosseguir contra todos uma política de destruição do emprego, de ataque aos mais pobres, de injustiça fiscal e de privatizações disparatadas ou, se pelo contrário, está disposto agora a trazer um PEC que se concentre no que os portugueses exigem», afirmou.

Neste sentido, o coordenador do BE adiantou que o seu partido irá para a rua colocar «cada uma das medidas que propõe à consideração pública».

«O BE constata que, tendo sido o único partido que apresentou uma resposta escrita com medidas alternativas concretas, orçamentadas e calendarizadas ao PEC, não obteve no entanto qualquer resposta do Governo sobre essas alternativas», referiu.

Louçã devolveu ainda a crítica que José Sócrates fez ao BE e ao PSD por terem proposto a comissão de inquérito ao caso PT/TVI: «Esta Santa Aliança que o primeiro ministro constrói a partir de todos estes especuladores, na bolsa não pagam imposto, a partir de quem quer negócio, privatizar grandes monopólios, é ela que tem estrangulado economicamente o país».

Em alternativa à privatização dos CTT ou da REN, o coordenador do BE propôs que o Governo venda os dois submarinos que adquiriu à Alemanha, por cerca de mil milhões de euros, e passe a taxar as contas em ‘offshores’, o que só na Madeira disse ter um retorno de 750 milhões de euros.

Francisco Louçã defendeu que o Governo não deve aumentar «impostos a partir do terceiro escalão», mas sim cobrar impostos à banca que estão «inscritos na letra da lei e não são aplicados», terminar com os benefícios na saúde privada, reorientar o investimento público para a reabilitação urbana e começar já a taxar as mais valias bolsistas.

«[Aumentar impostos a partir do terceiro escalão] é uma medida desorientada, de punição fiscal que atinge remediados, pessoas que têm um salário a partir de 600 e poucos euros por mês, 7250 euros por ano, não tem nenhum sentido carregar nos impostos dessas pessoas», defendeu.

Segundo o líder bloquista, estas propostas «representam um aumento de receita na ordem dos 3000 milhões de euros e um aumento do esforço para os subsídios de desemprego e as pensões mais baixas na ordem dos 900 milhões de euros, o que demonstra que se podia cortar no défice orçamental mais de 2000 milhões de euros mas ao mesmo tempo estar a responder ao desemprego, à pobreza, trazer mais transparência e justiça».

Lusa / SOL

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