O debate não será tanto sobre as regras
sanitárias para o desconfinamento, mas mais sobre a brutal desigualdade com que
se trata as diferentes áreas de atividade.
(…)
O facto é que o Governo antecipou 15
milhões para os grupos de comunicação social. E para a cultura, a tal em que
trabalham mais de 130 mil pessoas?
(…)
Na cultura, é uma miséria.
(…)
[Há] centenas [dos invisíveis da
cultura] que dependem agora de cabazes distribuídos por redes de solidariedade
entretanto postas no terreno.
(…)
É preciso mexer a sério na cultura
política que temos sobre a política cultural. É preciso mudar a cultura laboral
miserável que existe na cultura.
A globalização neoliberal, tal como a
conhecemos, determina que as relações sociais são definidas pelo mercado, mas
não de qualquer forma.
(…)
. A solidariedade social deixa de ser a
norma e, se cada pessoa é vista como um "recurso", os cidadãos passam
a ser consumidores ou clientes.
(…)
Com efeito, a globalização globalizou as
desigualdades e as regras passaram a ser definidas pelas multinacionais.
(…)
Quantas economias locais foram
destruídas?
(…)
Quantas pessoas foram abandonadas à
pobreza?
As decisões políticas têm
de se sobrepor a interesses de outros poderes, respeitar os princípios éticos
que suportam direitos fundamentais no trabalho e na sociedade, criar condições
para que as pessoas vençam medos.
(…)
Ter trabalho ou não, ser
ou não protegido no seu exercício, ter meios de subsistência ou estar
dependente da caridade alheia farão toda a diferença.
(…)
As empresas têm de cumprir
regras instituídas e, aos trabalhadores, deve ser assegurado o direito de se
organizarem para não permitirem o seu desrespeito..
(…)
As empresas têm de cumprir
regras instituídas e, aos trabalhadores, deve ser assegurado o direito de se
organizarem para não permitirem o seu desrespeito.
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No debate e na ação
política os défices zero ou os excedentes tornaram-se obsoletos e risíveis no
contexto da crise.
(…)
É preciso fazer chegar
recursos a empresas, mas tão ou mais urgente é propiciar ocupações úteis e
remuneradas a muitos trabalhadores, permitindo-lhes alguma normalidade nas suas
vidas.
A agenda extremista de
Trump tem bitola similar à de Bolsonaro como tão bem tem sido demonstrado pelo
desastre da resposta à pandemia, com a reprodução dos mesmos erros e dos mesmos
preconceitos – e com idêntico resultado mortal nos seus países.
(…)
O sonho de conquista de
poder em Portugal existe há muito nos evangélicos neopentecostais.
(…)
Será possível que André
Ventura e o Chega tenham sido financiados pelo movimento evangélico
neopentecostal? Se isso aconteceu é gravíssimo, além de ilegal.
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A extrema-direita tem
mostrado como não distingue a política dos negócios, não seria de estranhar que
o mesmo acontecesse com André Ventura e o Chega.
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
É no plano dos direitos
laborais que se edificam e concretizam tantos outros direitos.
(…)
A vulnerabilidade laboral
agudiza-se, sobretudo em grupos onde as desigualdades já eram notórias, mulheres,
trabalhadores migrantes, pessoas com deficiência.
(…)
De acordo com um estudo do
Eurofund, 18% dos trabalhadores indicou trabalhar durante o
seu tempo livre para dar resposta aos pedidos das entidades empregadoras.
(…)
O “lay-off” simplificado,
extremamente penoso para os trabalhadores abrangidos pela perda salarial que
implica e pouco escrutinável pela forma como foi desenhado, será, em muitos
casos, uma ante câmara do desemprego.
(…)
Não nos enganemos, a
relação laboral é assimétrica e o reforço da proteção que confere – fortemente
degradado no período da troika
e não revertido – é imperioso para a atenuar.
(…)
A disputa pelo trabalho é
uma disputa desigual e o barco de salvação nunca foi o mesmo.
Joana
Neto, “Público” (sem
link)
Note-se, de passagem, uma
“ironia”: alguns que hoje relativizam o direito à vida face à dignidade humana
são os mesmos que outrora, em nome do “direito à vida”, defendiam a derrogação
do direito da mulher à interrupção voluntária da gravidez nas primeiras doze
semanas…
Mário Vieira de
Carvalho, “Público” (sem link)
O medo de muitos, um medo
injustificado, pode vir a ajudar às propostas de tornar definitivo o
teletrabalho na educação, na saúde, nos serviços, com as consequências que já
percebemos estar-lhe associadas (precariedade e hipervigilância dos
trabalhadores, fim definitivo da participação democrática nos serviços
públicos).
(…)
O que interessa é que o
[mundo] novo que aí vem seremos nós a construí-lo – ou a deixarmos que o
construam contra nós.
Manuel Loff, “Público” (sem link)
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