A desigualdade é o vírus que continua a
crescer e a disseminar-se em 2020.
(…)
É protegendo a saúde que se salva a
economia.
(…)
[O assunto] coloca sempre em cima da
mesa a questão da desigualdade, que deveria ser o guião para a escolha de políticas
concretas na emergência.
(…)
Ao comparar a disseminação da covid-19 e
indicadores de desemprego e desigualdade por países, a equipa da ENSP [Escola Nacional
de Saúde Pública] encontra uma correlação forte em vários casos, mas também
diferenciações significativas.
(…)
Portugal destaca-se por uma contaminação
média e por elevado índice de desigualdade.
(…)
A questão social já é a principal questão
económica de 2020 e continuará a sê-lo nos próximos anos.
(…)
Dado que os canais de transmissão económica
da pandemia são o desemprego e outras formas de perda de rendimento e,
considerando as primeiras indicações para as economias desenvolvidas e as
emergentes, são os setores populares mais frágeis que sofrem os piores embates.
(…)
No mundo, um em cada seis jovens perdeu
o emprego em consequência das perturbações económicas com o tsunami covid-19, segundo a OIT.
(…)
O crescimento do desemprego entre nós
parece ir no mesmo sentido: são mais 31,5% de desempregados registados nos
Centros de Emprego entre 15 de Março e 20 de Maio e multiplicam-se por oito os
pedidos de subsídio de desemprego nessas semanas.
(…)
Em números reais serão acima 550 mil as
pessoas desempregadas.
(…)
Para mais de um milhão de trabalhadores,
a austeridade começou com a perda de um terço do seu salário.
(…)
A pobreza e o desemprego, ou a
desigualdade que geram uma e outro, ampliam a disseminação da doença.
(…)
Se as respostas á crise continuarem a
agravar a desigualdade com reduções de salários e ajustamentos sociais por via
de uma vaga de despedimentos, então o resultado será pior do que a crise
anterior.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia, (sem link)
Por cada semana em que as instituições de
ensino estão fechadas, o país recua anos.
(…)
O ensino à distância traz á tona as
profundas desigualdades que a escola pública, apesar de tudo, atenua.
(…)
Face aos dados epidemiológicos
conhecidos, devíamos estar focados em iniciar o próximo ano letivo de forma
presencial.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
[O líder do CDS] não percebe que mais
vale ser a ala radical da direita democrática do que a ala moderada da direita
autoritária.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
As cidades não podem continuar rendidas
a interesses imobiliários e à obscura cadeia de dependências financeiras e políticas
a que uma máquina jurídica habilidosa presta serviço.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
O currículo [de Bolsonaro]
resumia-se a defender os piores crimes da ditadura de modo grosseiro e banal,
um cavernícola que via perigosos comunistas em cima dos fantásticos jacarandás
do Rio de Janeiro.
(…)
Quem ousaria imaginar esta
personagem [Trump] a receitar cloroquina para atacar o coronavírus, depois de
aconselhar lixívia?
(…)
Até certa altura o
extremismo [destes dois homens] era tão evidente que por esse facto pensava-se
que seriam barrados pelo apego democrático às instituições das populações de
ambos os países.
(…)
Quando se ouvem vozes de
democratas a defenderem que se não dê combate a André Ventura porque daí
resulta a sua valorização e importância, vale a pena refletir com base na
experiência de outras situações similares.
(…)
Neste terreno [de
desemprego, miséria e fome] medram os profetas evangélicos e outros, os
adoradores do autoritarismo, os seguidores do mais boçal primarismo, os
vendedores do divisionismo, os que se agacham na democracia para a morderem.
(…)
Que ninguém subestime a
bestialidade. Que ninguém se esqueça das lições da História.
Domingos
Lopes, “Público” (sem
link)
A ideia de superioridade
mantém-se entre os cidadãos do velho continente sendo, para já, aparentemente
inofensiva, por comparação à realidade americana.
(…)
Casos como o de Floyd são
hediondos. Mais hediondo se torna se for usado para adensar uma ideia de que o
racismo é um problema exclusivo do outro lado do Atlântico. Porque não é, e nós
sabemos disso.
João
Assunção, “Público” (sem
link)
Sabemos que não
conseguimos coletivamente proteger estes trabalhadores mal pagos e com poucos
direitos laborais, que carregam nos ombros o que de mais essencial flui na
economia, como a comida para os supermercados.
(…)
Segundo os jornais, muitas
pessoas que trabalham nas empresas afetadas na Azambuja são imigrantes jovens,
que se deslocam para o trabalho de comboio, a partir de bairros periféricos da
Área Metropolitana de Lisboa.
(…)
É que isto de aguentar o
confinamento depende muito da qualidade do sofá, da velocidade da internet e da
variedade do que há no frigorífico.
(…)
No Reino Unido, a taxa de
letalidade entre as pessoas de ascendência africana é 3,5 vezes maior do que a
dos brancos britânicos.
Susana Peralta, “Público” (sem link)
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