No tempo que
agora alguns elogiam e em que a única fartura que havia era a miséria, as
pessoas mandavam gatear tudo que fosse loiça partida em cacos para não terem de
gastar mais dinheiro em peças novas. Essa tarefa era realizada pelos “deita-gatos”,
servidores ambulantes que também se dedicavam a amolar facas e tesouras,
fazendo muitas vezes o papel de funileiros ao consertarem taxos e panelas de
alumínio e esmalte.
Foram tempos em
que a miséria era tanta que tudo tinha de ser aproveitado, dos frascos e
garrafas às latas e caixotes de madeira. Os consertos em roupa e calçado já
muito usados eram uma tentativa de lhes prolongar a vida útil porque o dinheiro
era escasso para uma esmagadora maioria da população.
Apenas os mais
idosos guardam recordação desse tempo que se deseja nunca mais voltar seja sob
que forma for e para quem a Revolução dos Cravos ainda tem importante e grato
significado.
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