terça-feira, 12 de maio de 2020

PARA QUE NUNCA MAIS (027)







No tempo que agora alguns elogiam e em que a única fartura que havia era a miséria, as pessoas mandavam gatear tudo que fosse loiça partida em cacos para não terem de gastar mais dinheiro em peças novas. Essa tarefa era realizada pelos “deita-gatos”, servidores ambulantes que também se dedicavam a amolar facas e tesouras, fazendo muitas vezes o papel de funileiros ao consertarem taxos e panelas de alumínio e esmalte.
Foram tempos em que a miséria era tanta que tudo tinha de ser aproveitado, dos frascos e garrafas às latas e caixotes de madeira. Os consertos em roupa e calçado já muito usados eram uma tentativa de lhes prolongar a vida útil porque o dinheiro era escasso para uma esmagadora maioria da população.
Apenas os mais idosos guardam recordação desse tempo que se deseja nunca mais voltar seja sob que forma for e para quem a Revolução dos Cravos ainda tem importante e grato significado.

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