(…)
O Chega não é um partido liberal nem
democrático. Não se pode ser democrata e racista e xenófobo ao mesmo tempo,
porque raça e nacionalidade não podem diminuir o humano em que assenta a
liberdade e a igualdade.
(…)
A crise do liberalismo clássico no século XIX e
que alimentou o socialismo veio da incapacidade de garantir o progresso social
por muito que os “mercados” sejam “livres”.
(…)
Depois de ter lido cem vezes a palavra
“libertar”, [nas propostas do IL] de uma coisa estou certo: não é de “libertar”
da pobreza, da desigualdade, da exclusão que se está a falar.
(…)
É também por isso que eu não quereria que a
palavra “liberdade” fosse capturada por estes “liberais”.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
Segundo o relatório do Comité Anti-Tortura do
Conselho da Europa de 2018, Portugal é dos países da Europa Ocidental com mais
casos de violência policial, sendo que os riscos
destes abusos incidem sobretudo em afrodescendentes.
(…)
Num inquérito feito aos polícias, onde foram
questionados se “o crime tem uma relação directa com a etnia (negra e cigana)”,
90% dos inquiridos responde que sim.
(…)
O que de facto observamos é que, por não
haver consequências penais para os agentes que praticam estes actos bárbaros,
muitas vezes contra jovens de 14 ou 15 anos, gera-se um sentimento de
impunidade por parte dos polícias, agravando o problema da violência policial.
(…)
Um estudo feito pela Universidade de Coimbra mostra
que 75% das queixas de racismo praticado
por polícias nos últimos dez anos acabaram arquivadas.
(…)
Apenas 30% das queixas seguiram para o
Ministério Público, mas nenhuma delas resultou numa condenação.
(…)
[Das queixas por discriminação racial por parte
das forças de segurança] 48% foram de cidadãos afrodescendentes, 33% de etnia
cigana e os restantes de pessoas de outras nacionalidades que não a portuguesa.
(…)
Deve haver um debate alargado sobre quais as
medidas a ser tomadas para colmatar [o racismo], não só nas instituições, mas
na sociedade em geral.
Tomas Antunes, “Público”
(sem link)
O problema não está nos apoios do Estado [no combate à pandemia],
mas na falta deles.
(…)
O governo gastou e investiu menos do que anunciara inclusive em
outubro. Poupou.
(…)
João Leão anunciara que o défice não era prioridade, Siza Vieira
dissera que era para gastar e depois logo se via, António Costa clamara este
não era momento para austeridade, “nem hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã”.
(…)
Mas o Ministério das Finanças nunca tirou as mãos do volante [e
foi] pisando os pedais do travão e do acelerador ao mesmo tempo.
(…)
Portugal foi o terceiro país dos 19 da zona euro com menor esforço
orçamental no combate à pandemia.
(…)
O país vive num artificialismo que se justifica transitoriamente,
mas não é sustentável em prazos tão longos.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
As fraudes [com as vacinas] falam-nos de um país de cunhas e
favores, que não se reinventa no meio de uma pandemia.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Uma pandemia é diferente [de uma guerra] — ninguém se sacrifica,
perdendo a vida, em nome de um bem maior.
(…)
Um dia, a marca da covid também se apagará.
(…)
Somos fortes como sociedade se mantivermos vínculos com o passado
e um sentido de comunidade.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
O desconforto térmico das casas portuguesas é insustentável
economicamente e insuportável fisicamente numa percentagem demasiado grande de
habitações no nosso país.
(…)
Mais de 30% das habitações têm problemas graves de infiltração e
apodrecimento, com tudo o que isso também implica de graves impactos na saúde.
(…)
É assim que neste país de clima ameno se morre mais de frio do que
nos países do Centro e Norte da Europa.
(…)
O custo da energia em Portugal é em média superior à média da UE,
e a vasta maioria da população continua ainda a ter rendimentos inferiores aos
dos seus parceiros europeus.
(…)
Não é possível resolver o problema da pobreza energética em
Portugal só acudindo às emergências.
(…)
É que a nossa pobreza começa na falta de capacitação para chegar
aos apoios e na invisibilidade dos sectores mais vulneráveis da população.
(…)
A UE dá-nos meios para melhorar as casas e agasalhar quem precisa.
Desperdiçá-los é indesculpável.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
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