(…)
Nasceu
a 25 de abril e não foi um acidente natural - alguém teve de marcar a data, de
fazer o plano e de comandar a estratégia de derrube da ditadura, sabendo que
poderia ganhar ou perder, que estava a arriscar a vida.
(…)
Quem
teve essa audácia, quem dirigiu essa operação a todos os títulos exemplar
(incluindo na ausência de baixas!), chama-se Otelo Saraiva de Carvalho.
(…)
E se é
certo que a história não se faz de homens providenciais, (…), também é verdade
que, em determinados momentos, (…), é preciso que haja pessoas concretas que
tomam decisões concretas.
(…)
É aos
sujeitos, com todas as suas contradições, e não às estruturas em abstrato, que
cabe essa capacidade e essa arte.
(…)
É aos
sujeitos, com todas as suas contradições, e não às estruturas em abstrato, que
cabe essa capacidade e essa arte.
(…)
Otelo
está na génese da nossa democracia porque era um revolucionário.
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Qualquer
democrata tem uma dívida de gratidão com Otelo.
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Sabemos
que a nossa [democracia] nasceu com o gesto que Otelo planeou.
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Sobre
o caixão de Otelo dançaram-se contudo, nos últimos dias, muitas danças macabras.
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Junto-me
aos que não compreendem como é possível a democracia portuguesa não assinalar o
luto de quem concebeu e dirigiu o seu momento originário.
(…)
[Celebremos]
também o Otelo que, juntamente com o Zeca Afonso e com tantos outros, deu voz a
essa energia popular imensa que continuava a exigir o impossível, numa
candidatura presidencial [em 1976].
(…)
Otelo
foi, nesse período histórico imediatamente a seguir à Revolução, um rosto
inapagável do susto histórico [das velas elites].
José Soeiro, “Expresso” Diário
Este segundo encontro do Presidente português com Bolsonaro
suscitou, porventura, mais dúvidas do que opiniões.
(…)
É como se houvesse um domínio da política externa ou simplesmente
da política portuguesa que ficasse incólume à controvérsia ou que fosse por
definição um espaço consensual.
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Poucos chefes de Estado quiseram ficar nessa fotografia [da
tomada de posse de [Bolsonaro].
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A segunda visita teve como motivo a recente reinauguração do Museu
da Língua Portuguesa.
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[Bolsonaro] decidiu ignorar o museu, trocando-o por uma
manifestação pindérica de motards apaniguados.
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Foi um comício antibolsonarista.
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O encontro com Lula precedeu os outros, Brasília ficou para o fim.
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Mesmo assim, foi notado que o último político internacional que
tinha visitado Bolsonaro tinha sido um dirigente da extrema-direita alemã, neto
de um ministro de Hitler.
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Pouca gente quer ser vista com um negacionista que tem às costas
meio milhão de mortos.
(…)
Que o atual Governo brasileiro ignore e menospreze a relação com
Portugal é bastante evidente.
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A CPLP só existirá se tiver um polo africano e outro brasileiro,
além de Portugal.
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A CPLP reduziu-se a uma espécie de projeção fantasmagórica das
relações de um pequeno país. Se lhe falha o Brasil, falha tudo.
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Não se domestica o monstro, pode-se
enfrentá-lo ou aceitá-lo e, nesse caso, ser por ele derrotado.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
[Digitalização da sociedade] é um novo
nome para uma idade das trevas, em que este autoritarismo se esconde atrás
destas máquinas [centrais de atendimento]. Se não temos com quem falar não somos
nada.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Com a entrada da tecnologia em todas as
esferas das nossas vidas, dispararam as possibilidades de usar um qualquer
aparelho eletrónico para desvendar os segredos da vida de qualquer pessoa.
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Mas hoje as coisas estão bem piores [que
há 8 anos com Eduard Snowden] e o preço é convidativo: espiar um determinado
alvo custa pouco mais de 20 mil euros.
(…)
A
Pegasus, criada pela
empresa israelita NSO, foi usada para espiar mais de 50 mil pessoas nos últimos
anos.
(…)
A Pegasus
é colocada de forma intrusiva no telemóvel que se quer espiar e passa a
relatar, em tempo real, toda a informação a que o telemóvel tem acesso.
(…)
Parece
saída de um filme, mas é um terror bem real.
(…)
[Por exemplo] em Marrocos, a teia de espionagem é caricata, com os serviços
secretos a espiarem desde ativistas da oposição a, imagine-se, o próprio
rei Mohammed VI.
(…)
Mas o
desenvolvimento destas ciberarmas é global e um investimento bastante lucrativo.
(…)
Com estas
novas armas, todos podemos ser alvos e vítimas.
(…)
Outra má notícia é que estas ferramentas de sonho para ditadores
ou estados policiais vivem num vazio legal internacional.
(…)
Tarda a haver ação internacional para
travar a propagação e o uso destas ciberarmas, instrumentos de destruição em
massa de direitos humanos fundamentais.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem
link)
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