(…)
É também uma das áreas da coisa pública onde
mais facilmente se podem encontrar marcas de bloqueio e insuficiência.
(…)
Durante a ditadura, aquilo a que chamamos hoje
poder local era limitado por pesados constrangimentos. Desde logo por não ser
democraticamente eleito, sempre sujeito a nomeações governamentais, atribuídas
apenas a pessoas fiéis ao regime e provindas das elites.
(…)
Dependiam nas suas iniciativas de um apertado
regime de influências.
(…)
A organização das autarquias [foi] totalmente
renovada nos agentes, estruturas e métodos com a vitória da democracia, e
depois institucionalizada com a Constituição de 1976.
(…)
Tornou-se um dos pilares centrais do regime
democrático.
(…)
O poder local tem sido muitas vezes um espaço
de corrupção, prepotência e gestão desequilibrada da coisa pública.
(…)
Mas este é o lado negativo que de modo algum
pode ofuscar o que de muito positivo tem sido conseguido.
(…)
[É um fator de insuficiência] a ausência de
capacidade para mobilizar uma cidadania ampla e dinâmica, agregando muito dos
cidadãos mais válidos e empenhados.
Rui Bebiano, “Diário as beiras”
Sem o Estado, estaríamos hoje acaçapados, num tropel de desempregados,
de pobres e de falidos.
(…)
As garantias do Estado podem ser as novas PPP.
(…)
O mesmo Estado que se está nas tintas para o fim das moratórias do
crédito à habitação está ralado com o fim das moratórias das empresas.
(…)
O Estado, e bem, suportou o impacto da covid. Mas o fim das
moratórias trará mais falências, mais apoios e mais custos para o Estado.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Apesar da relevância dos contextos culturais e
religiosos, a natalidade está quase sempre relacionada com necessidades
económicas.
(…)
A imigração ajudaria a resolver o problema [da natalidade] — na
primeira década deste século ajudou. Mesmo assim, seria solução de curto prazo.
(…)
Grande parte das “políticas de natalidade” tem sido fiscal,
propondo-se resolver o problema onde ele está resolvido: nas pessoas com mais
recursos.
(…)
Os benefícios fiscais só têm um impacto significativo em quem paga
muitos impostos — os mais ricos.
(…)
Nas sociedades mais desenvolvidas da Europa, não ter filhos é, em
parte, uma escolha.
(…)
2013 foi dos anos mais trágicos para a natalidade.
(…)
Se ter filhos depende de espetativas, políticas de natalidade são
políticas de segurança. Combatendo a precariedade e garantindo habitação
acessível.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Mesmo com restrições e distanciamentos, as praias voltaram a
receber os seus alegres frequentadores.
(…)
As praias sofrem já um conjunto de ameaças que se vêm perfilando
num horizonte temporal que não cessa de se aproximar de nós.
(…)
Muitas das nossas praias já só existem porque são artificialmente
alimentadas com areia, a custos bem pesados e crescentes.
(…)
É por isso inaceitável continuar a assistir à edificação de
condomínios e prédios de apartamentos em lugares que tudo recomenda hoje que
não tenham qualquer tipo de ocupação permanente.
(…)
Todos iremos pagar os custos destes erros.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
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