(…)
É só mais um sinal, desolador e triste, dos efeitos dos
eventos climáticos extremos, que matam também pessoas e não só nos incêndios.
(…)
Portugal está entre os países europeus com mais mortes
prematuras e mais perdas económicas por causa das alterações climáticas e a
tendência é piorar.
(…)
[O IL] foi o único que votou contra a Lei de Bases do Clima,
sem sequer uma declaração de voto para que se esclarecessem as razões liberais
e sem qualquer proposta alternativa.
(…)
A crise climática, que se agrava de dia para dia, mostra de
facto o falhanço das receitas liberais.
(…)
À lógica predadora do mercado é preciso opor o planeamento
económico e a rejeição do crescimento infinito sobre recursos finitos.
(…)
Mobilizar
recursos públicos para fazer a transição climática e garantir trabalho digno.
(…)
São mais 422 milhões de euros, retirados [pela Galp] dos
bolsos de empresas, famílias e consumidores individuais que se veem a braços
para fazer face à crise, à inflação e ao preço dos combustíveis.
(…)
[Ao
contrário de vários países europeus, o Governo recusa] taxar os lucros extraordinários das petrolíferas e ter uma política
determinada para a fixação dos preços e a redução das margens de lucro.
(…)
O regime de Putin (…) continua os bombardeamentos, mesmo
depois dos acordos para o escoamento dos cereais.
(…)
Vários artistas fizeram também questão de lembrar que, ao
contrário da oligarquia russa, por cá não falta quem estime a liberdade e não
aceite ameaças.
(…)
Que não nos calemos, pois, relativamente a nenhum
autoritarismo. Nem ao despotismo desse modo de produzir e de mandar que está a
destruir o planeta.
José Soeiro, “Expresso” online
Faz-se a guerra de todas as formas e em todas as frentes, a
lição é conhecida.
(…)
A guerra é exterminista por natureza e aquela a que agora
assistimos é a confirmação da regra sem excepção.
(…)
Deve a opinião pública ou, se se quiser, devem os opositores
da guerra contrariar a contaminação generalizada dos territórios da cultura e
do desporto pelas bandeiras da morte?
(…)
A minha resposta é que não só o podemos como o devemos fazer.
(…)
Da Rússia, pouca novidade, o regime de controlo da opinião
foi reforçado por leis de exceção.
(…)
A surpresa pode ter sido o comportamento de autoridades
europeias (…) que proibiram Tchaikovsky e Dostoevsky, anularam as apresentações
do Bolshoi ou a participação de filmes russos em festivais.
(…)
Culparam Tolstoy ou Tarkovsky pelos males de Putin e ergueram
o sectarismo como um estandarte.
(…)
Nesta escalada, dentro de pouco tempo estaremos a discutir se
algumas delegações nacionais devem ser expulsas do Jogos Olímpicos.
(…)
Tenha a certeza de que o Comité Olímpico Internacional será
pressionado para excluir vários países em 2024.
(…)
Os Jogos [olímpicos da antiguidade] exprimiam a festa
religiosa e popular em que a guerra era suspensa.
(…)
O novo Muro será instalado dentro das bibliotecas, dos
cinemas e salas de concertos, e as Olimpíadas vão ser o grande teste para este
arame farpado.
Francisco Louçã, “Expresso” online
É
um destino e um desatino a chegada do mês de junho, com os
incêndios que traz no ventre sobretudo no chamado “interior” cada
vez mais deserto.
(…)
O
abandono do “interior”, com a consequente
queda demográfica, leva a que essas pessoas desaguem em Lisboa, Porto e noutros
centros urbanos.
(…)
Quer
a esquerda, o centro ou a direita, quer o patrão, o trabalhador, o agricultor
ou o professor, quer o padre ou o médico, todos estarão de acordo que este
caminho explica em boa medida os incêndios e outros dramas sociais.
(…)
É forçoso concluir que a imensa esmagadora maioria da
população não tem interesse neste estado de coisas.
(…)
Para fazer frente à situação, cabe, antes de mais, ao Governo
fazer o levantamento do cadastro de todos os proprietários.
(…)
Impõe-se
estabelecer um diálogo com os proprietários para compreender como cada um
encara o futuro dos terrenos que os não podem deixar ao abandono, no sentido
que tal atitude pode significar incêndios que têm consequências dramáticas na
comunidade.
(…)
É
preciso partir de uma premissa – os fogos significam despesas colossais, pelo
que os representantes das autoridades envolvidas devem ter presente esse facto.
(…)
A
propriedade dos terrenos sem que os seus donos, pelas mais variadas razões, não
se interessem por eles, não pode significar a intocabilidade dessas
propriedades.
(…)
O imperativo nacional sobrepõe-se à inércia de décadas, de um
tempo sem regresso.
(…)
Há
que pesar os direitos em confronto – o da propriedade privada e o do abandono
pela ausência da posse e as consequências devastadoras para toda a comunidade e
para o próprio território nacional.
(…)
Sendo um desígnio nacional, é imperioso encontrar esses caminhos
[para a fixação das populações no interior do país].
(…)
Antes que o interior se desertifique num braseiro anual,
sejamos capazes todas e todos de o impedir.
Domingos Lopes, “Público” (sem link)
Continua
a existir um défice significativo de recursos humanos qualificados para uma
deteção atempada dos ilícitos ambientais, quer na vertente criminal, quer na
contraordenacional.
(…)
Estas fragilidades dificultam a prova em benefício dos
infratores, comprometendo inevitavelmente a sua punição.
(…)
Ao contrário de outros setores, na dimensão ambiental uma
intervenção tardia pode ter efeitos nefastos.
(…)
Só
com um verdadeiro plano estratégico ambiental como desígnio nacional estaremos
em condições de garantir a preservação de bens jurídicos dos quais depende a
sobrevivência da humanidade.
Ana
Sirage Coimbra, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário