(…)
Paradoxalmente,
o Governo português invocou a seca para dizer que só pode cortar 7% o seu
consumo de gás.
(…)
A seca
é fortemente agravada pelas alterações climáticas, o que significa que mais gás
significa mais secas, pelo que o gás nunca é solução.
(…)
Pior,
por opção política, que as renováveis não estão a ser usadas para retirar do
sistema os combustíveis fósseis como o gás, apenas para criar novas áreas de
negócio.
(…)
Em vez
de se realizar uma transição energética, as pessoas mais pobres e mais velhas
devem cortar no aquecimento e morrer de frio no inverno.
(…)
As
novas entradas de gás estão em grande medida acionadas com acordos para abrir a
torneira e aumentá-la.
(…)
Assinado
o acordo, a especulação levou ao aumento imediato dos preços.
(…)
O
controlo dos preços pelas empresas, chamadas de “mercados”, é o motor da
política energética e de segurança, ignorando a crise climática.
(…)
Manter
um debate sobre o futuro da energia em que a crise climática não está no centro
é negacionismo climático.
(…)
[Este
acordo] garante apenas que, no dia em que terminar a invasão, os baronetes do
capitalismo europeu voltarão para os braços do Kremlin.
João Camargo, “Expresso” (sem link)
No
aeroporto de Lisboa tudo é possível.
(…)
É
porque a ganância o levou a esta decadência.
(…)
Nos
primeiros sete anos de concessão privada dos aeroportos portugueses, a VINCI
teve resultados líquidos de €1174,5 milhões.
(…)
No
mesmo período, a ANA investiu menos €87 milhões do que estava previsto, e,
mesmo com o aeroporto de Lisboa a rebentar pelas costuras, diminuiu o
investimento face aos anos de gestão pública.
(…)
Entre
2012 e 2019, enquanto o número de passageiros duplicava, o de funcionários
apenas aumentou 21%.
(…)
É o
tempo do lucro e do pânico rápidos. Despede-se depressa, pede-se dinheiro ao
Estado, e depois logo se vê.
(…)
Até
setembro de 2021, perderam-se 2,3 milhões de postos de trabalho na indústria da
aviação.
(…)
[Agora]
companhias de aviação e aeroportos não conseguem contratar pessoal para gerir
as operações mais básicas.
(…)
Perdido
o vínculo, e tendo começado a trabalhar noutros sectores, poucos parecem
disponíveis para voltar a carregar malas de 20 quilos às três ou quatro da
manhã.
(…)
Multiplicam-se
as greves de quem, depois de anos sem aumentos, exige partilhar os ganhos da
retoma.
(…)
Sem
ceder à chantagem de falsos e seletivos “interesses nacionais”, ignorados sempre
que estão em causa os lucros.
(…)
Algumas
companhias descobriram agora que um trabalhador acabado de chegar a uma empresa
não consegue fazer o mesmo que quem foi despedido com anos de formação e
experiência.
(…)
Nem um
ano será suficiente para que os aeroportos voltem a funcionar normalmente.
(…)
As
empresas aeroportuárias despediram porque partiram do princípio, tão em voga,
de que o seu mercado de trabalho é como os outros.
(…)
Só que
o mercado laboral é feito de pessoas. Que (…) quando encontram outro emprego,
têm pouca vontade de voltar a trabalhar para quem as abandonou em tempos
difíceis.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Vai-se dizendo que resulta dos impactos da pandemia de covid-19 e da
guerra na Ucrânia a inflação galopante que está a comer-nos boa parte dos
salários e a deteriorar as condições de vida.
(…)
Simultaneamente, por efeitos da pandemia e da guerra, são escandalosos os
lucros oficiais (os reais serão maiores) dos acionistas de empresas [de vários
subsetores].
(…)
Quem tem baixos salários e pensões cai na
pobreza.
(…)
O reverso é a ampliação do número de
ricos e a chocante concentração da riqueza.
(…)
Os seres humanos não podem ser meras
peças do mercado e o "trabalho não é uma mercadoria".
(…)
Salários mais justos, recusa das
precariedades, o direito de todo o cidadão a não depender da caridade alheia
são elementos centrais para melhor distribuição da riqueza.
(…)
À escala europeia e no plano nacional,
prosseguem estas práticas [de políticas neoliberais].
(…)
O neoliberalismo necessita de forças
ultraconservadoras e fascistas na governação dos países.
(…)
[A ultradireita e o fascismo uma vez
instalados no poder aniquilam] os direitos laborais e sociais e as organizações
dos trabalhadores.
Depois
dos incêndios de 2017, a governação tem sido
pródiga no anúncio de medidas com o objectivo, querem-nos fazer crer, de
atenuar situações similares no futuro.
(…)
Quanto
a medidas reais para criar descontinuidades entre os espaços florestais e o
edificado, designadamente pela promoção de ocupações que, ao contrário de gerar
despesa anual, possam gerar rendimento, nada!
(…)
Não se conclui o cadastro da propriedade rústica por mera
falta de vontade política, ponto!
(…)
Mas,
qual o impacto da conclusão do cadastro rustico no atenuar dos incêndios
florestais? Pouco, é só uma de um conjunto vasto de ferramentas! Anuncia-se
agora, todavia, como sendo a “raiz do problema”.
(…)
Mas, qual
o impacto da conclusão do cadastro rustico no atenuar dos incêndios florestais?
Pouco, é só uma de um conjunto vasto de ferramentas! Anuncia-se agora, todavia,
como sendo a “raiz do problema”.
(…)
Ir à
raiz do problema, no domínio silvo-industrial, está na tomada de medidas de
suporte às actividades que contrariem a queda do Valor Acrescentado Bruto da
silvicultura, do rendimento dos proprietários florestais.
(…)
Anunciam-se como estratégicos investimentos industriais que
em nada contribuem para inverter a perda de peso económico da silvicultura.
Paulo Pimenta de Castro, “Público”
(sem link)
Fez esta semana dois anos que Bruno Candé foi vítima de um assassinato
racista em Moscavide.
(…)
Não foi o medo que matou, foi o ódio banhado num sentimento
de superioridade, de supremacia.
(…)
Não foi um incómodo, uma ignorância, um receio ou uma
opinião. Foi ódio racial.
(…)
Continuamos, assim, a ser as impotentes testemunhas de vários
crimes de ódio racial não só em Portugal, como no mundo.
(…)
No
primeiro semestre do ano, foram assassinadas em Portugal 19 mulheres e meninas, segundo o
observatório da UMAR, uma média de três por mês.
(…)
No
mundo, a cada seis minutos, uma mulher é morta por motivos de género. Pouco ou
nada se fala dos agressores, dos criminosos.
(…)
Os
alvos do racismo, machismo e LGBTfobia, quando têm conhecimento destes atos
criminosos violentos, ficam traumatizados, com medo, identificam-se com as
vítimas.
(…)
Muitas
dinâmicas de discriminação e de sentimento de supremacia encontraram, e
encontram ainda, apoio e legitimidade neste princípio do mérito e da
superioridade, do desmérito e da inferioridade.
Luísa Semedo, “Público” (sem link)
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