sexta-feira, 15 de julho de 2022

CITAÇÕES

 
Os vencedores [da Guerra fria] consolaram-se com a certeza da eternidade liberal, mas o festejo foi curto.

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Nem a paz americana resistiu ao terrorismo dos seus próprios aliados, nem a guerra infinita fez a lei. 

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[O livro de Fukuyama “O fim da História e o Ultimo Homem”] foi mais citado pelo título do que pela constatação de alguma angústia intestina.

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A cartografia deste fim da história é também assustadora. Aliás, a atualidade é sempre impiedosa para a noção de hegemonia perpétua.

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A bancarrota do Sri Lanka reduziu a importação de bens essenciais, ainda antes da guerra na Ucrânia.

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Na Europa, ainda antes da crise energética na sequência da invasão da Ucrânia, já estavam ameaçadas as maiorias de governo no Reino Unido, França e Itália.

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[Na Alemanha] a economia europeia mais poderosa está à beira da recessão.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

Há também, neste mundo do fim da história, quem levante uma força desmedida, o que, ao contrário do que supunha Fukuyama, aumenta a fragilidade do sistema global.

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São os gigantes que dominam a economia.

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Dominam a agenda política, a começar pelo santo dos santos, o território do sistema fiscal.

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Essas grandes empresas, a finança antes de tudo, têm artes de beneficiar mesmo da emergência.

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O BCE é agora obrigado a evitar que os bancos realizem lucros extraordinários ao depositar no banco central, algum do capital que receberam de empréstimo a juro baixo durante a pandemia.

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Com a operação, calcula a equipa de Lagarde, esses bancos poderão embolsar entre 4 e 24 mil milhões de lucros suplementares até final de 2024, por um simples gesto de computador.

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Acerca desse poder, o nosso país tem dado abundantes provas de facilidade.

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Em meados de 2022, a auditoria do Tribunal de Contas constatou sem surpresa que a administração do Novo Banco tudo fez para se aproveitar dos bolsos do Estado, ignorando estrategicamente as regras básicas de gestão.

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Mais o negócio misterioso da venda da Groundforce com um subsídio ao comprador e o seu desinvestimento, a que se soma agora o efeito dominó da falta de pessoal em todas as grandes companhias aéreas.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

Nem primeiro-ministro nem presidente da República vão a banhos em dias de incerteza.

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Ano após ano, exceptuando algum descanso da mão humana que a pandemia ironicamente trouxe, os permanentes e incessantes incêndios são o grande enigma português.

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Portugal vive uma segunda onda de calor mas, no futuro, pode vir a sentir dez ondas de calor por ano. 

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A incapacidade do país para responder ao que se soma, ano após ano, como uma inevitabilidade, é um crime perpetrado pelo poder político.

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Nada do que é antecipável pode ser encarado como uma inevitabilidade.

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E, ainda assim, continuamos à espera que as temperaturas ajudem, que os pirómanos se curem ou que os interesses desapareçam como fogo extinto.

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Nos últimos cinco anos, o investimento do Governo na prevenção dos fogos florestais é irrisório. 

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Quanto tempo mais será necessário para prepararmos o encontro com o inevitável que consentimos por única e exclusiva culpa? 

Miguel Guedes, JN

 

A partir do pensamento de feministas como Judith Butler, as teorias de género complexificaram a relação entre o social e o biológico na construção de identidades.

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O movimento histórico antirracista, anticolonial, feminista e LGBTQIA+ (não é assim tão difícil) que permitiu afirmar grupos explorados e oprimidos pela sociedade capitalista, racista e patriarcal, foi uma luta pelo direito à existência, à visibilidade, à dignidade e à vida.

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Pela ideia de que, tal como a discriminação (e a violência) não se contém apenas nas características sexuais binárias (homem e mulher), também o princípio da não discriminação não pode ser contido por elas.

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Aparentemente, alguém [Pacheco Pereira] que não quer o pensamento único incomoda-se com as outras expressões, mesmo que algumas lhe sejam imperceptíveis de tão distantes. Para muites, essa foi a maior surpresa.

Joana Mortágua, “Público” (sem link)


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