sábado, 16 de julho de 2022

MAIS CITAÇÕES (190)

 
Em 2014, a Uber dominava o mercado nos EUA e sonhava conquistar do mundo. 

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Em vez de esperar por licenciamento ou adaptar-se à legislação de cada país, aproveitou o vazio legal ou contornou a lei e, com prejuízos, ofereceu preços impossíveis para destruir a concorrência que estava presa à regulação.

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“Vendemos uma mentira”, disse Mark MacGann, antigo responsável pela empresa na Europa.

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Depois dos incentivos iniciais, as comissões da Uber aumentam drasticamente.

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 “É melhor pedir perdão do que permissão”, era o mantra.

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O negócio da Uber foi beneficiar das vantagens desta ilegalidade.

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“Abracem o caos”, disse o principal executivo para a Ásia aos gerentes. Porque enquanto a tempestade judicial se formava, destruíam a concorrência.

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A primeira incursão em Paris tinha corrido mal, com fiscalizações fiscais e oposição dos taxistas.

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Um conselheiro da empresa fez uma lista de 1850 pessoas influentes em 29 países.

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Contrataram-se muitos ex-políticos e ex-funcionários para influenciar os seus antigos colegas. 

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Quando Joe Biden se atrasou num encontro, em Davos, Kalanick escreveu a um colega: “Cada minuto de atraso é um minuto a menos comigo.” 

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Apesar do desprezo, a reunião rendeu uma alteração de última hora no discurso do então vice-presidente, para defender que a Uber criaria dois milhões de novos empregos num ano.

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Até a violência era uma oportunidade. 

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Durante as greves de taxistas e tumultos em Paris, Kalanick quis contraprotestos dos motoristas da Uber.

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Mas não há como incutir uma nova cultura numa empresa insustentável num mercado regulado.

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A não ser com regulação à medida, como a portuguesa, apresentada como “modelo de ouro” pela Uber.

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Portugal parecia estar prestes a acompanhar a mudança [em alguns países da Europa que determinavam que os motoristas estão cobertos pelas leis laborais], com a Agenda do Trabalho Digno.

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Mas, no último minuto, foi reintroduzida a figura do intermediário em vez do contrato com a plataforma.

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Com o que sabemos hoje, fica a pergunta: quem exigiu este recuo?

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

As políticas obcecadas com o crescimento ilimitado, o lucro, as engenharias financeiras e o determinismo tecnológico, no pressuposto de que tudo o resto vem por arrasto, não cumprem a missão central da política que se situa na construção de respostas aos reais problemas das pessoas, sempre com uma forte carga social.

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A ansiedade social generalizada que hoje se vive resulta de desagrados dos cidadãos.

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A decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa exige reflexão sobre problemas que dizem respeito à cidade, à metrópole, à área metropolitana, à sua relação com outras áreas e com os interesses dos portugueses do todo nacional.

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A solução a encontrar na região de Lisboa condicionará ou potenciará as opções para todo o país, nomeadamente as relativas ao caminho de ferro, aos sistemas de transportes e mobilidades, à descentralização e regionalização.

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A região de Lisboa vem empobrecendo. Ela não resistiu à desindustrialização e perde centros de decisão privados que não ficam no território nacional.

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Só haverá soluções para o desenvolvimento do país com políticas transversais devidamente planificadas, aplicadas em várias escalas e articuladas para o todo nacional.

Carvalho da Silva, JN

 

A exposição a temperaturas elevadas está associada a desidratação, problemas cardiovasculares, alteração da qualidade de sono e do humor.

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Níveis de calor perigosos para a saúde apresentam um impacto enorme na segurança e produtividade da população.

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A evidência científica tem demonstrado nos últimos anos, que as estimativas de perda de mão-de-obra em ambientes com temperaturas elevadas são preocupantes, especialmente para os trabalhadores do sector primário.

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O stresse térmico ocupacional afeta a capacidade dos trabalhadores de cumprirem as exigências cognitivas e físicas do seu trabalho.

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Países com economias mais fortes investem seriamente na investigação dos mecanismos fisiológicos de adaptação ao ambiente quente e desenvolvimento de medidas de aclimatização nos locais de trabalho.

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[Um aumento significativo da temperatura] tem impacto na economia de países do sul da Europa, como Portugal, o que deveria motivar um maior investimento na promoção da saúde e investigação na área da Medicina do Trabalho.

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Portugal é dos poucos países europeus que não possui um instituto do Estado dedicado exclusivamente ao desenvolvimento, investigação e regulação da segurança e saúde ocupacionais.

Carlos Ochoa Leite, “Público” (sem link)

 

O agravamento do cenário [em torno da floresta] agrega vários factores, como a proliferação do eucaliptal, o abandono do interior, as alterações climáticas, que formaram um cocktail explosivo.

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Um olhar mais profundo permite encontrar uma economia do costume que persiste no negócio, que embora seja catastrófico para a natureza e para a maioria dos humanos, enche os bolsos de poderosos.

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Mesmo com o inferno de 2017, e do muito que então foi prometido no rescaldo do luto, na verdade as coisas estão hoje muito piores.

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Basta ir ao terreno e ver como as matas se encontram cheias de eucaliptos e matos, que formam um oceano de combustível.

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Os problemas ambientais, climáticos e florestais são fruto da forma como uma elite da nossa sociedade e a sua economia tem agido sobre a natureza.

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A única forma de resolvermos estas questões é acordarmos colectivamente para a maneira com esta elite de senhores comanda o nosso património natural.

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Isto é possível quando começarmos a ver a terra como uma comunidade à qual pertencemos.

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Se queremos salvar a floresta precisamos de colocar a economia ao serviço da humanidade e da natureza

Jorge Moreira, “Público” (sem link)

 

[Os rankings das escolas enquadram-se] num “ecossistema” competitivo, onde toda a atividade humana se mede e se compara, evidência do liberalismo económico de abrangência global associado a um modo de avaliação que tudo transforma em números hierarquicamente organizados.

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[Os que contestam os rankings entendem que] é impossível avaliar a qualidade das aprendizagens realizadas ao longo de dois ou três anos letivos, tendo por base uma demonstração de desempenho realizada em cerca de duas horas.

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Não pondo em causa a utilidade dos exames, o que considero é que, por um lado, é pernicioso e redutor usar os rankings para uma certa construção social da excelência e do mérito.

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Todos sabemos que genericamente o desempenho dos alunos, dos professores e das escolas depende das características económicas, sociais e culturais do público que serve e do meio envolvente.

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Não podemos comparar os resultados de uma escola, num centro urbano, frequentada por alunos de uma classe média alta com os de outra situada numa região demograficamente deprimida.

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À agenda neoliberal o tema dos exames e dos rankings servirá para insistir na privatização e no cheque-ensino.

Elvira Tristão, “Público” (sem link)


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