(…)
O que
está nos tratados é a sua vinculação a uma política de restrição
anti-inflacionista, que foi aplicada com rara exceção mesmo quando não havia
inflação.
(…)
Pensar
que uma grande zona económica pode (ou deve) viver sob a restrição de inflação
sempre abaixo de 2% é uma aberração.
(…)
A única
justificação substancial é o favorecimento do sector financeiro.
(…)
O que
não está nos tratados, o segundo pilar do poder do BCE, é tudo o resto, um
poder discricionário que não se vincula a resultados económicos nem, muito
menos, sociais.
(…)
[Na
União] funcionam instâncias sem mandato nem lei, aliás irmanadas com o BCE,
como o Eurogrupo.
(…)
Em
função desta arquitetura institucional, a incoerência é considerada uma virtude.
(…)
Para
este mister, o Banco não precisa de coerência.
(…)
[O BCE
precisa da surpresa] desde que não afete a única certeza da pressão
sobre os rendimentos laborais.
(…)
Se
ouvirmos Mário Centeno, a conversa é a mesma. Propunha ele já há meses que os
salários ficassem pelos 2%, por ser esse o objetivo mirífico do BCE para a
inflação.
(…)
Assim,
com a virtude da franqueza, explicava que quem trabalha deveria continuar a
perder rendimento, pois esse seria o instrumento de ajustamento dos preços.
(…)
[Os
governadores dos bancos centrais] pouco se importam com o facto de os salários
e pensões serem ajustados em menos de metade da inflação, pois querem fazer
dessa perda a batuta do achatamento dos preços.
(…)
O
linguajar dos banqueiros centrais é sempre melífluo.
(…)
Será
então essa a “suave” receita que o BCE promove e que nenhum Governo questiona.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
O
Tribunal Regional Eleitoral do estado do Paraná voltou a reprovar esta semana
as contas da campanha eleitoral do senador Sergio Moro.
(…)
E não é por pormenores, mas por infracções graves na
documentação, diz o jornal Folha de S. Paulo.
(…)
Para a
campanha de Moro, a falta não é do candidato e da sua equipa, mas do parecer
“opinativo” da área técnica do tribunal.
(…)
Durante
a campanha eleitoral, a casa do juiz chegou a ser alvo de buscas por parte da justiça, embora por uma
queixa de irregularidade no material de campanha.
(…)
A verdade é que Moro, endeusado até certa altura por uma
parte da opinião pública brasileira (…) se mostrou afinal alguém que não
hesita em torcer a lei para beneficiar os seus interesses e ambições.
(…)
As
sondagens mostraram que o seu patamar de popularidade era demasiado baixo para
a sua ambição de chegar a Presidente. Pelo menos em 2022.
(…)
Se o
juiz gerir as suas campanhas como presidia aos seus julgamentos, é bem capaz de ter contorcido
algumas regras e agido em função dos seus próprios interesses.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
O
Presidente eleito do Brasil pediu nesta
terça-feira a libertação do criador do site
WikiLeaks
Julian Assange daquilo que considerou ser uma “prisão injusta”.
(…)
O
primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, referiu esta semana, no
Parlamento, que falou do caso de Assange com representantes dos Estados Unidos
e pediu ao Governo norte-americano que ponha fim à perseguição ao co-fundador
do WikiLeaks.
(…)
Nos EUA, poderá ser condenado a 170 anos de
prisão, com base numa lei que tem mais de um século.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
A visão do Ocidente sobre os protestos
contra as políticas "covid-zero" na China é um manancial de teorias
da conspiração que demonstra a facilidade com que se diaboliza um país de 1,4
biliões de habitantes que conseguiu evitar, a ferro e pulso, números catastróficos
na evolução da pandemia.
(…)
Os recentes protestos em várias cidades
chinesas são a mais massiva contestação pública desde os confrontos de 1989 na
Praça Tiananmen.
(…)
Enganem-se aqueles que acreditam ser uma
força democrática anti-sistema que lidera os protestos e a contestação actual.
(…)
Mas não menosprezem, outros, o poder
libertador de um povo que vê a repressão exercida sobre as manifestações.
(…)
Apostando tudo nas políticas
restricionistas, com alta aceitação pública na fase inicial da pandemia, o PC
chinês rejeitou as vacinas ocidentais e apercebe-se, agora, do fracasso do seu
processo de vacinação não obrigatório.
(…)
Depois de tanto apostar em fechar, não
criou condições para reabrir.
(…)
Um erro de saúde pública pode pôr em
causa o regime e o comportamento da economia.
(…)
"A China não quer dominar
ninguém", assegura o regime, quando o povo se sente enjaulado e sem voz.
Luís Montenegro acusou os socialistas de serem os amigalhaços
da saúde privada.
(…)
Para Montenegro a relação que o SNS, com Manuel Pizarro,
estabelece com os privados é desastrosa.
(…)
O PSD
acusa o PS de seguir uma orientação ideológica sua – a de apoiar o
funcionamento do SNS no recurso à contratação dos privados – mas de não o fazer
tão bem como o próprio PSD faria.
(…)
Se [no
PSD] dão destaque ao facto de o PS estabelecer entendimentos com o sector
privado estão precisamente a reforçar que, também para isso, não são precisos.
(…)
Luís
Montenegro acabou por dar voz ao maior problema do PSD: mais do que a falta de
uma liderança forte que faça esquecer a de Passos Coelho, a dificuldade em
comunicar o que os distingue dos restantes partidos políticos e a dificuldade
em preservar como seu um território político.
(…)
Ao
atribuir a qualidade de “amigalhaços da saúde privada” aos socialistas o PSD
coloca-se a si mesmo na terra de ninguém.
(…)
Quem
na verdade reage às declarações de Montenegro? É a ala mais à esquerda do PS e
sobretudo é a esquerda mais à esquerda do espectro político português.
(…)
O que Luís Montenegro conseguiu foi dar alento às críticas de
esquerda à governação socialista.
(…)
Qualquer
pessoa de esquerda lúcida, e não ofuscada pela força das suas convicções
políticas, tem obrigação de saber que tudo o que sucede à direita tradicional é
pior do que a direita tradicional.
(…)
Achar
que um PSD enfraquecido é bom porque significa uma direita enfraquecida e fazer
de conta que os votos perdidos pelo partido poderão engrossar as fileiras de
esquerda. Mas isso não sucederá.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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