(…)
A
recusa em salvar vidas [em sociedades com pouca proteção social], porque a
economia não podia parar, olhou para os cidadãos como meros agentes económicos.
(…)
A
recusa em preservar mínimos de liberdade, porque a pandemia tinha de ser
travada, olhou para os cidadãos como meros agentes de propagação de
vírus.
(…)
[As
democracias mais maduras] conseguiram, em geral, ponderar liberdade e
segurança, economia e saúde.
(…)
Por
orgulho nacional, Pequim recusou-se a importar as melhores [vacinas].
(…)
Um
regime capaz de encerrar cidades com 25 milhões de habitantes não conseguiu
vacinar 20 milhões de chineses com mais de 80 anos.
(…)
A
China, com um pico de casos semelhante (em números absolutos) ao pico português
numa população 140 vezes superior, insiste em confinamentos brutais.
(…)
Não
foi com a pandemia que Xi Jinping começou, depois de alguns anos de alguma
abertura, a apertar o cerco aos chineses.
(…)
Há
centenas de palavras proibidas [no Weibo, o “Twitter chinês”] e todas as
mensagens que as incluam são filtradas ou apagadas.
(…)
Defender
ideias socialistas sem ser em nome do partido é subversivo e até estudantes
marxistas são perseguidos.
(…)
[O
“socialismo” de Xi é] nacionalista e conservador, abomina o feminismo e defende
os valores da família tradicional.
(…)
Mas
tanto as democracias como as ditaduras, tanto os países ricos como os pobres,
só tremem quando deixam de garantir uma melhoria na qualidade de vida das
pessoas.
(…)
No
caso da China, a melhoria das condições de vida tem resultado daquilo a que
poderíamos chamar de integração planificada na globalização, com brutais
crescimentos do PIB há quatro décadas.
(…)
Sim,
ela [a China] já tem mercado interno e sofisticação tecnológica para ser mais
do que a fábrica do mundo.
(…)
O
problema são 1400 milhões de consumidores e uma classe média crescente.
(…)
Treze
multinacionais faturam anualmente, na China, mais de 10 mil milhões de dólares
cada, incluindo a Apple, BMW, Intel, Siemens, Walmart ou Tesla.
(…)
Juntar
aos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia uma grande convulsão política na
China seria a tempestade mais do que perfeita.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Segundo um inquérito recente, todos os
problemas ligados à habitação são hoje a principal preocupação.
(…)
O alerta tem vindo a ser dado por várias
instâncias nacionais e comunitárias e a crise pandémica expô-lo até à
crueldade.
(…)
E, contudo, este é um país
internacionalmente premiado pelas suas excelências arquitetónicas e
reconhecido pela qualidade da sua engenharia.
(…)
Entretanto, as alterações climáticas
estão a trazer uma enorme pressão às fragilidades do nosso parque habitacional.
(…)
A fragilidade física do parque habitacional
em Portugal é estranhamente mais grave do que noutros países europeus e afeta
uma população cada vez mais idosa e vulnerável.
(…)
A má qualidade das habitações é causa
direta de graves problemas de saúde pública, com consequências que podem ser fatais.
(…)
O problema é enorme; vai agravar-se e
atravessa a acentuada desigualdade social em Portugal de uma forma manifesta.
(…)
[Impõem-se] medidas e políticas públicas
urgentes.
(…)
[Não há justificação para que] se perca
mais esta oportunidade que os fundos comunitários nos oferecem para resolver o
imenso e grave problema da habitabilidade das casas em Portugal.
Luísa Schmidt,
“Expresso” (sem link)
Hoje, celebramos o dia
internacional das pessoas com deficiência.
(…)
É um dia onde os
Direitos Humanos das pessoas com deficiência devem ser (re)afirmados enquanto
universais e inalienáveis.
(…)
Passaram 30 anos desde a proclamação
deste dia e se podemos celebrar algumas vitórias, essas serão ínfimas quando
mergulhamos a fundo no quotidiano das pessoas com deficiência.
(…)
Numa época onde vivemos crises complexas
e interrelacionadas como resultado da pandemia de covid-19, guerras em
múltiplos países e as alterações climáticas, olhar para a questão das pessoas
com deficiência torna-se urgente.
(…)
Estima-se que cerca de
15% da população mundial são pessoas com deficiência. É considerada a maior
minoria do mundo.
(…)
Ao longo da história, o
tema da deficiência é frequentemente problematizado de forma unidimensional e
assistencialista.
(…)
Torna-se crucial deixar
de olhar para a questão das pessoas com deficiência como um “problema” e criar
diálogos profícuos.
(…)
Agora que chegamos a 8 mil milhões de
pessoas no mundo, estamos a falar da realidade de que mais de mil milhões de
nós tem uma deficiência.
(…)
Qual o sentido de não
observarmos pessoas com deficiência em cargos de liderança ou tomadas de
decisão?
(…)
Como se justifica que as pessoas com
deficiência, praticamente, não tenham representatividade nas esferas sociais,
económicas, políticas ou culturais? Qual o nome desta invisibilidade e
indiferença que atinge o mundo das pessoas com deficiência?
Joana Morais e
Castro, “Público” (sem link)
As notícias recentes são a razão pela qual não posso estar orgulhoso
da minha região [o Alentejo].
(…)
A exploração migrante aumenta, assim como a vergonha e
constrangimento por estar associado a ela pela origem do meu nascimento.
(…)
Os responsáveis
pelos crimes de tráfico de seres humanos que exploram e escravizam migrantes há muitos anos que
habitam, residem e negoceiam nas empresas agrícolas do Baixo-Alentejo, mas
ninguém viu e ninguém sabe de nada.
(…)
As
autarquias locais têm a obrigação de fiscalizar e denunciar os casos flagrantes
com os quais são confrontadas diariamente num simples passeio por uma destas
vilas e cidades.
(…)
As
casas, um T1, com sorte um T2, são disponibilizadas a 20 trabalhadores, que
dispõem de uma única casa de banho. No entanto, ninguém viu e ninguém sabe de
nada.
(…)
Mais grave,
preocupante e desonesto é quando essas denúncias chegam ao município e decidem
não fiscalizar, por entenderem não dispor dos meios necessários para o efeito.
E tornam-se assim coniventes na privação dos direitos humanos destes
trabalhadores.
Ricardo Esteves, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário