sábado, 3 de dezembro de 2022

MAIS CITAÇÕES (209)

 
Perante a pandemia, extremaram-se duas posições: a produtivista e a sanitária.

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A recusa em salvar vidas [em sociedades com pouca proteção social], porque a economia não podia parar, olhou para os cidadãos como meros agentes económicos.

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A recusa em preservar mínimos de liberdade, porque a pandemia tinha de ser travada, olhou para os cidadãos como meros agentes de propagação de vírus. 

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[As democracias mais maduras] conseguiram, em geral, ponderar liberdade e segurança, economia e saúde.

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Por orgulho nacional, Pequim recusou-se a importar as melhores [vacinas].

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Um regime capaz de encerrar cidades com 25 milhões de habitantes não conseguiu vacinar 20 milhões de chineses com mais de 80 anos. 

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A China, com um pico de casos semelhante (em números absolutos) ao pico português numa população 140 vezes superior, insiste em confinamentos brutais.

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Não foi com a pandemia que Xi Jinping começou, depois de alguns anos de alguma abertura, a apertar o cerco aos chineses.

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Há centenas de palavras proi­bidas [no Weibo, o “Twitter chinês”] e todas as mensagens que as incluam são filtradas ou apagadas. 

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Defender ideias socialistas sem ser em nome do partido é subversivo e até estudantes marxistas são perseguidos. 

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[O “socialismo” de Xi é] nacionalista e conservador, abomina o feminismo e defende os valores da família tradicional.

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Mas tanto as democra­cias como as ditaduras, tanto os países ricos como os pobres, só tremem quando deixam de garantir uma melhoria na qualidade de vida das pessoas.

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No caso da China, a melhoria das condições de vida tem resultado daquilo a que poderíamos chamar de integração planificada na globalização, com brutais crescimentos do PIB há quatro décadas.

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Sim, ela [a China] já tem mercado interno e sofisticação tecnológica para ser mais do que a fábrica do mundo.

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O problema são 1400 milhões de consumidores e uma classe média crescente. 

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Treze multinacionais faturam anualmente, na China, mais de 10 mil milhões de dólares cada, incluindo a Apple, BMW, Intel, Siemens, Walmart ou Tesla.

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Juntar aos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia uma grande convulsão política na China seria a tempestade mais do que perfeita.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Segundo um inquérito recente, todos os problemas ligados à habitação são hoje a principal preocupação.

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O alerta tem vindo a ser dado por várias instâncias nacionais e comunitárias e a crise pandémica expô-lo até à crueldade. 

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E, contudo, este é um país internacionalmente premia­do pelas suas excelências arquitetónicas e reconhecido pela qualidade da sua engenharia.

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Entretanto, as alterações climáticas estão a trazer uma enorme pressão às fragilidades do nosso parque habitacional.

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A fragilidade física do parque habitacional em Portugal é estranhamente mais grave do que noutros países europeus e afeta uma população cada vez mais idosa e vulnerável.

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A má qualidade das habitações é causa direta de graves problemas de saúde pública, com consequências que podem ser fatais. 

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O problema é enorme; vai agravar-se e atravessa a acentuada desigualdade social em Portugal de uma forma manifesta.

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[Impõem-se] medidas e políticas públicas urgentes.

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[Não há justificação para que] se perca mais esta oportunidade que os fundos comunitários nos oferecem para resolver o imenso e grave problema da habitabilidade das casas em Portugal.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

Hoje, celebramos o dia internacional das pessoas com deficiência.

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É um dia onde os Direitos Humanos das pessoas com deficiência devem ser (re)afirmados enquanto universais e inalienáveis.

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Passaram 30 anos desde a proclamação deste dia e se podemos celebrar algumas vitórias, essas serão ínfimas quando mergulhamos a fundo no quotidiano das pessoas com deficiência.

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Numa época onde vivemos crises complexas e interrelacionadas como resultado da pandemia de covid-19, guerras em múltiplos países e as alterações climáticas, olhar para a questão das pessoas com deficiência torna-se urgente.

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Estima-se que cerca de 15% da população mundial são pessoas com deficiência. É considerada a maior minoria do mundo.

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Ao longo da história, o tema da deficiência é frequentemente problematizado de forma unidimensional e assistencialista.

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Torna-se crucial deixar de olhar para a questão das pessoas com deficiência como um “problema” e criar diálogos profícuos.

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Agora que chegamos a 8 mil milhões de pessoas no mundo, estamos a falar da realidade de que mais de mil milhões de nós tem uma deficiência.

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Qual o sentido de não observarmos pessoas com deficiência em cargos de liderança ou tomadas de decisão?

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Como se justifica que as pessoas com deficiência, praticamente, não tenham representatividade nas esferas sociais, económicas, políticas ou culturais? Qual o nome desta invisibilidade e indiferença que atinge o mundo das pessoas com deficiência?

Joana Morais e Castro, “Público” (sem link)

 

As notícias recentes são a razão pela qual não posso estar orgulhoso da minha região [o Alentejo].

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A exploração migrante aumenta, assim como a vergonha e constrangimento por estar associado a ela pela origem do meu nascimento.

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Os responsáveis pelos crimes de tráfico de seres humanos que exploram e escravizam migrantes há muitos anos que habitam, residem e negoceiam nas empresas agrícolas do Baixo-Alentejo, mas ninguém viu e ninguém sabe de nada.

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As autarquias locais têm a obrigação de fiscalizar e denunciar os casos flagrantes com os quais são confrontadas diariamente num simples passeio por uma destas vilas e cidades.

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As casas, um T1, com sorte um T2, são disponibilizadas a 20 trabalhadores, que dispõem de uma única casa de banho. No entanto, ninguém viu e ninguém sabe de nada.

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Mais grave, preocupante e desonesto é quando essas denúncias chegam ao município e decidem não fiscalizar, por entenderem não dispor dos meios necessários para o efeito. E tornam-se assim coniventes na privação dos direitos humanos destes trabalhadores.

Ricardo Esteves, “Público” (sem link)


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