(…)
Validar estas práticas empresariais, através das quais o
trabalhador dá alegadamente acordo a que a empresa não lhe pague o que é
devido, é uma daquelas combinações indecentes de desvalorização económica e de
desvalorização pessoal de quem trabalha.
(…)
O salário, as férias, o pagamento das horas extras, a
compensação pelo fim do contrato etc., são normas imperativas, direitos
irrenunciáveis que não estão à disposição do “acordo das partes”.
(…)
Aqueles direitos foram constituídos no âmbito da relação de
trabalho, enquanto ela vigorava, e porque essa relação de dependência não se
extingue magicamente no dia em que se estabelecem as condições do fim do
contrato.
(…)
Numa relação desigual como a de trabalho, cabe à lei proteger
a parte mais frágil.
(…)
Acabar com estas declarações é da mais elementar justiça,
determinando pela lei a sua nulidade e evidenciando que os direitos em causa
são irrenunciáveis.
(…)
Trata-se de eliminar esta mordaça para quem trabalha e de
impedir que as empresas se apropriem de rendimentos dos trabalhadores.
José Soeiro, “Expresso” online
[Costa está aflito com Pedro Nuno Santos] dado que a partir
de agora deixou de poder condicionar ou sequer prever as suas ações, mas esse é
agora um problema menor.
(…)
O que Marcelo estará a sugerir é que todos esses erros estão
a acumular-se em simultâneo.
(…)
Ora, isto é o que é, um inventário-ultimato, que mostra que o
Presidente considera que a maioria absoluta já é uma relíquia do passado por ter
deixado de funcionar como aglutinadora do PS.
(…)
Haveria médico de família para toda a gente em 2017 e agora
anda-se a contar o caos no SNS.
(…)
Quando nada bate certo entre o discurso e a realidade, é
melhor olhar para a realidade.
(…)
O resto são unicamente tarefas para queimar ministros em
2023, o prazo dado pelo Presidente.
(…)
O Governo é costismo, ainda ficou mais costista com este
ajeitamento ministerial e ponto final.
(…)
O problema é que o costismo já não acredita em si próprio.
(…)
Aqui está então o primeiro fio que pendura este Governo, que
perdeu a maioria absoluta no país e que sabe que a aguenta no Parlamento contra
a corrente que ele próprio criou.
(…)
O segundo fio em que se aguenta o Governo é mais confiável: é
a divisão da direita marcada por uma fronteira inamovível, a sua competição
intestina.
(…)
[A moção de censura] deixa ao PS o campo do centro, onde o
Governo se sente consolado.
(…)
Ainda não lá vai um ano e já sobra este imenso enfado no
Governo, que tanto se esforça por mostrar que está farto do país e da sua
própria modorra.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Em
nove meses de governo, o resultado de uma maioria absoluta poluta e nepotista é
uma pazada de demissões pelos mais escabrosos motivos e um ano lectivo que
recomeçou num clima de conflitualidade como há muito não se vivia.
(…)
Sem
subtilezas linguísticas, António Costa é o verdadeiro responsável por um
governo poluto, que tem reduzido os professores a simples funcionários, cada
vez mais desautorizados e despromovidos socialmente.
(…)
António
Costa deu campo aberto ao narcisismo político de aventureiros irresponsáveis e
fez ouvidos de mercador ao que pensa a maioria dos professores de sala de aula.
(…)
António
Costa é o verdadeiro responsável por, de modo cruel e perverso, ter posto a
sociedade e a opinião pública contra os professores.
(…)
Com o seu cínico jeito, nomeou mordomos, que odeiam os
docentes, em lugar de ministros.
(…)
Agora,
finalmente, tem os docentes na rua a lutar contra diversas fidalguias
partidárias (sindicalismo tradicional incluído) e a reclamar o direito de
ensinar em paz.
(…)
O que,
na senda dos anteriores, reconheçamos, os governos de António Costa fizeram foi
tão miserável e tirânico que os professores se sentiram, finalmente, convocados
para dizer não a anos de decisões catastróficas para o ensino público.
(…)
António
[Costa], autor moral, tem vindo a promover o lento homicídio do ensino público
e a pôr em causa o futuro das crianças e dos jovens alunos portugueses.
(…)
Muitas
críticas à greve dos professores parecem não lhes
reconhecer o direito à luta por melhores condições de trabalho e pela retoma da
dignidade profissional.
(…)
Por
tudo isto, os professores precisam hoje da solidariedade dos pais. Porque não
há futuro para os seus filhos sem educação, não há educação sem ensino público
e não há ensino público sem professores dignificados.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
De
repente, o primeiro-ministro, que presidiu ao Governo de um dos países com
melhor desempenho na protecção da vida durante a pandemia, não sabe governar, está à deriva e o seu
executivo perde na comparação com todos os governos passados.
(…)
O que ele [primeiro-ministro] pode fazer tem menos que ver
com escolhas de pessoas do que com escolhas de políticas.
(…)
A nossa classe política é o espelho de uma sociedade que
nunca investiu na educação nem na ciência.
(…)
Nunca
investimos na educação e na investigação científica, como era exigível para
recuperar o atraso histórico de 48 anos de ditadura.
(…)
Na
educação em geral e na universidade e investigação científica em particular
vamos continuar a apostar na precariedade e em salários baixos.
(…)
O desânimo na comunidade científica nunca foi tão grande.
(…)
Austeridade e precariedade na educação e na ciência num país
como o nosso significa liquidar o futuro.
(…)
A
partir de 2016, tivemos uma experiência política de articulação entre partidos
de esquerda que teve êxito e que serviu de modelo a outros países.
(…)
A maioria absoluta do PS foi a vitória do medo, não a vitória
da esperança. E no medo perseveramos.
(…)
Quando a classe política é ignorante, só os centristas podem
ser radicais. Os outros correm o risco da irrelevância.
(…)
Ao nosso lado, em Espanha, a lição de Portugal prosperou e os
resultados estão à vista.
Boaventura Sousa Santos, “Público”
(sem link)
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