quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (36)

 
[Para António Nóvoa, ex-candidato presidencial] sete “nadas” caracterizariam a política do PS: ausência de respostas capazes de atrair jovens para a profissão [docente], de avançar na formação de professores, de melhorar formas recrutamento, de criar processos de indução profissional, de promover o bem-estar, de desburocratizar o quotidiano, de valorizar as carreiras, de incentivar projetos de inovação.

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Para o Ministro [da Educação], dir-se-ia que, a haver manifestações de professores, deveriam ser para agradecer ao governo a excelência da sua ação.

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Há uma nova vaga de protesto [dos professores] que é também uma reação a uma dupla desvalorização sentida nas escolas. 

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A primeira dimensão da desvalorização tem a ver com as carreiras e com a degradação das condições económicas e profissionais dos professores.

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Para o empobrecimento contribuem também os custos de deslocação para fora da área de residência e a ausência de apoios perante as rendas impossíveis para quem tem de se instalar no local da colocação.

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À desvalorização da carreira por opções económicas - e também agravado por ela - soma-se o desalento pela sobrecarga alienante das exigências burocráticas .

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A explosão da indignação aconteceu quando, utilizando a iminência da falta de professores como pretexto, o governo abriu a porta a mais uma machadada no concurso nacional.

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Essa indignação tem razões fundas, ancoradas no dia-a-dia de quem está nas escolas. 

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Não há transformação da escola sem o reconhecimento material e simbólico dos seus profissionais.

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A luta em curso é uma lição para quem estiver disponível para aprender.

José Soeiro, “Expresso” online

 

Em ambos os casos [Capitólio e Brasília] tratava-se de recusar o resultado de eleições perdidas.

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Na ocupação dos palácios do Presidente, do Parlamento e do Tribunal brasileiros se tratava unicamente de vandalizar as instalações.

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Quando chefiavam os Estados que somam 500 milhões de pessoas, [Trump e Bolsonaro] abandonaram as suas populações à pandemia (…). O resultado foi, entre os dois países, mais de um milhão de mortos.

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É difícil encontrar tamanho desprezo pelos seus povos em algum títere contemporâneo.

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Um bufão só tem a oferecer a sua incompetência, tantas vezes caricatural como ambos fizeram questão de lembrar amiúde, como prova de adequação para o cargo.

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O bufão no poder e depois do poder passou a ser o sinónimo do ataque à vida democrática, essa é – e vai ser – a direita do século XXI.

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Trump mandou a turba e desapareceu. Bolsonaro mandou a turba mas, prudentemente, refugiou-se numa mansão na Flórida.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

ocupação violenta dos edifícios do poder legislativo, executivo e judicial [brasileiro] e dos espaços circundantes, (…) por parte de manifestantes de extrema-direita, configuram actos de terrorismo planeados e minuciosamente organizados pelos seus cabecilhas.

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Trata-se, pois, de um acontecimento que põe seriamente em causa a sobrevivência da democracia brasileira e que, pelo modo como ocorreu, pode amanhã ameaçar outras democracias no continente e no mundo.

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O movimento de extrema-direita é global e as suas acções a nível nacional beneficiam das experiências antidemocráticas estrangeiras e muitas vezes agem em aliança com elas.

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Além das alianças, as experiências de um país servem de referência a outro país e constituem uma aprendizagem

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A invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília é um cópia “melhorada” da invasão do Capitólio em Washington, em 6 de Janeiro de 2020, aprendeu com esta e tentou fazer melhor.

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No caso brasileiro, a invasão de Brasília foi organizada a partir de diferentes cidades e regiões do país e em cada uma delas havia cabecilhas identificados.

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O objectivo era criar o caos pela carência de produtos essenciais.

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[Em países democráticos a extrema-direita pretende] investir fortemente nas redes sociais para ganhar as eleições com o objectivo de, se as ganhar, não usar o poder democraticamente nem sair do poder democraticamente.

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No caso de não prever ganhar, começar desde cedo a questionar a validade das eleições e declarar que não aceita outro resultado senão a sua vitória.

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Para ter êxito, este ataque frontal à democracia necessita de ter o apoio de aliados estratégicos, quer nacionais, quer estrangeiros.

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No caso brasileiro, é particularmente clamorosa a conivência, passividade e se não mesmo cumplicidade das forças de segurança do Distrito Federal de Brasília e dos seus dirigentes.

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No caso brasileiro, é também escandaloso que as Forças Armadas se tenham mantido em silêncio, sobretudo quando era conhecido o propósito dos organizadores de criar o caos para provocar a sua intervenção.

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Neste caso, o contraste com os EUA é gritante. Quando foi da invasão do Capitólio, os chefes militares norte-americanos fizeram questão de vincar a sua defesa da democracia.

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O Brasil está a pagar um preço alto por não ter punido os crimes e os criminosos da ditadura militar (1964-1985).

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Como se sabe, nestes dois países [Chile e Argentina] os responsáveis pelos crimes da ditadura militar foram julgados e punidos.

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Desta vez, os EUA estiveram do lado da democracia e isso fez toda a diferença no caso do Brasil.

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Apoiar o bolsonarismo de extrema-direita no Brasil era dar força à extrema-direita trumpista norte-americana.

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É de prever que se pretenda criar uma situação de ingovernabilidade que dificulte ao máximo a actuação do Presidente Lula da Silva nos próximos anos.

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Para garantir a sustentabilidade da extrema-direita é necessário ter uma base social, dispor de financiadores-organizadores e de uma ideologia suficientemente forte para criar uma realidade paralela.

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O Brasil é uma sociedade com grande desigualdade socio-económica agravada pela discriminação racial e sexual.

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Os financiadores-organizadores parecem ser, no caso do brasileiro, sectores do baixo capital industrial, agrário, armamentista e de serviços .

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A tentativa de golpe no Brasil é um aviso à navegação. Os democratas brasileiros, latino-americanos, norte-americanos e, afinal, de todo o mundo devem levar muito a sério este aviso.

Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)


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