De uma longa entrevista que a líder do
Bloco de Esquerda concedeu à Revista E do Expresso (16/7/2016) retirámos as
seguintes afirmações por as considerarmos mais importantes.
- A esquerda deixou-se
acantonar num mundo em que só há duas opções: a Europa de Junker, Schäuble,
Merkel e Hollande, ou a alternativa nacionalista de Ferage e Le Pen.
- A esquerda precisa de
redefinir a forma do seu confronto europeu, de assumir a falência da UE.
- [O processo da aplicação] de
sanções é um pretexto para condicionar a atuação deste Governo, invocando o
défice deixado pelo Governo anterior.
- Dissemos desde o primeiro
momento que o conteúdo [do referendo] depende da incidência das sanções.
- Se as sanções determinarem
uma escolha entre a imposição europeia e a capacidade de o país decidir o seu
futuro, referendar o Tratado Orçamental (o tratado que impõe as sanções) é o
mínimo que se pode exigir.
- O BE não admite reverter
trajetórias porque isso seria admitir privatizar hospitais, caminhos de ferro,
a água, continuar a desregulação laboral.
- Face aos danos provocados
pelas sanções, o país tem outra alternativa: recorrer ao que ainda não recorreu
(e que o BE tem defendido desde sempre): reestruturar a dívida pública.
- Não aceitamos é que a UE nos
obrigue sempre e só à austeridade.
- Temos a noção de que os
partidos socialistas europeus, incluindo o PS, fizeram uma colagem à direita, e
são em boa parte responsáveis pelo que estamos a viver.
- [Numa parte do PS] o
desconforto com a solução à esquerda mantém-se de forma clara.
- Precisamos de uma maioria
social que esteja disposta a renegociar a dívida para haver investimento e
criar emprego.
- [Em Lisboa] espero que a
direita não ganhe, mas também espero que a Câmara comece a perceber que as
pessoas de Lisboa têm de ter condições para aqui viver.
- Com o tipo de negócios imobiliários
que a Câmara de Lisboa fez nos últimos tempos, e com a luta que o BE fez contra
eles, alguém acredita que estaríamos unidos [nas autárquicas]?
- A minha filha mais velha
tem uma enorme preocupação com a questão da injustiça. Isso é bom.
- No meu tempo quem dirigia
as escolas era eleito, agora as escolas não têm democracia.
- Para se ser atriz é preciso
uma disponibilidade mental, física e um treino que é incompatível com o que
faço hoje.
- Na política não há pose de
personagem, tenho de ser eu, é horrível.
- Acho que a minha família não
é um assunto político nem um assunto público.
- A governação mundial financeira
faz com que as soberanias democráticas valham pouco. Temos dado passos terríveis
para que o inacreditável se torne realidade todos os dias.
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