Tendo
como tema a problemática gerada pela marcação de um referendo na Catalunha em
que se pretende saber se os cidadãos daquela comunidade autónoma da Espanha desejam
ou não a independência, Pacheco Pereira assina no Público de hoje um longo mas
excelente artigo de opinião, do qual extraímos as seguintes afirmações.
- [Impedir o referendo na
Catalunha] destina-se a impedir não os seus efeitos jurídicos, mas os seus
efeitos políticos.
- Uma coisa é fazer o referendo
[na Catalunha] e assumir como nulos os seus resultados, fossem num sentido ou
noutro; outra é impedi-lo.
- O impedimento mostra medo do
voto, e isso fragiliza muito a posição governamental e dos partidos hostis à
possibilidade de independência catalã.
- Não é normal o esforço das
instituições europeias para isolarem a Catalunha, as mesmas que aceitaram o
referendo sobre a independência da Escócia
- A mesma Europa que recusa o
referendo catalão participou num processo ilegal de derrube do legítimo Governo
ucraniano.
- O que se passa é que há hoje
na União Europeia um traço de autoritarismo sempre que se atinja ou possa
atingir o statu quo europeu e nas questões
de soberania. Verificou-se no “Brexit”, com ameaças feitas por altos
responsáveis da União aos ingleses, cujo efeito foi reforçar o voto de saída, e
verifica-se com todo o esplendor na Catalunha.
- Agora que [os partidos
independentistas catalães] estão sujeitos a repressão, a Europa faz de conta
que não vê, porque incorpora plenamente a posição do Governo espanhol.
- O franquismo, de que em muitos
aspectos o PP espanhol é herdeiro, esmagou as experiências federalistas e
nacionais.
- Por todas as razões, os
portugueses são historicamente próximos da Catalunha, embora quem leia a
comunicação social veja o mesmo alinhamento com o Estado espanhol e a mesma
linguagem autoritária que hoje é infelizmente tão comum na União Europeia.
- Nunca vi tanto apelo à
legalidade numa questão política conflitual e em que está em jogo uma vontade
política que se quer (ou não) expressar pelo voto.
- Se não custa perceber que o
referendo pode ser impedido à força, já é difícil perceber como é que se vai
governar depois a Catalunha.
- E se novas eleições reforçarem
os partidos independentistas funcionando como um referendo também sobre a
independência?
- Os catalães mereciam mais dos portugueses. Por interesse
nacional, pela democracia e pela liberdade.
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