sábado, 23 de setembro de 2017

O REFERENDO NA CATALUNHA OU O MEDO DO VOTO POPULAR QUE POR AÍ VAI…


Tendo como tema a problemática gerada pela marcação de um referendo na Catalunha em que se pretende saber se os cidadãos daquela comunidade autónoma da Espanha desejam ou não a independência, Pacheco Pereira assina no Público de hoje um longo mas excelente artigo de opinião, do qual extraímos as seguintes afirmações.
- [Impedir o referendo na Catalunha] destina-se a impedir não os seus efeitos jurídicos, mas os seus efeitos políticos.      
- Uma coisa é fazer o referendo [na Catalunha] e assumir como nulos os seus resultados, fossem num sentido ou noutro; outra é impedi-lo.
- O impedimento mostra medo do voto, e isso fragiliza muito a posição governamental e dos partidos hostis à possibilidade de independência catalã.
- Não é normal o esforço das instituições europeias para isolarem a Catalunha, as mesmas que aceitaram o referendo sobre a independência da Escócia
- A mesma Europa que recusa o referendo catalão participou num processo ilegal de derrube do legítimo Governo ucraniano.
- O que se passa é que há hoje na União Europeia um traço de autoritarismo sempre que se atinja ou possa atingir o statu quo europeu e nas questões de soberania. Verificou-se no “Brexit”, com ameaças feitas por altos responsáveis da União aos ingleses, cujo efeito foi reforçar o voto de saída, e verifica-se com todo o esplendor na Catalunha.
- Agora que [os partidos independentistas catalães] estão sujeitos a repressão, a Europa faz de conta que não vê, porque incorpora plenamente a posição do Governo espanhol.
- O franquismo, de que em muitos aspectos o PP espanhol é herdeiro, esmagou as experiências federalistas e nacionais.
- Por todas as razões, os portugueses são historicamente próximos da Catalunha, embora quem leia a comunicação social veja o mesmo alinhamento com o Estado espanhol e a mesma linguagem autoritária que hoje é infelizmente tão comum na União Europeia.
- Nunca vi tanto apelo à legalidade numa questão política conflitual e em que está em jogo uma vontade política que se quer (ou não) expressar pelo voto.
- Se não custa perceber que o referendo pode ser impedido à força, já é difícil perceber como é que se vai governar depois a Catalunha.
- E se novas eleições reforçarem os partidos independentistas funcionando como um referendo também sobre a independência?
- Os catalães mereciam mais dos portugueses. Por interesse nacional, pela democracia e pela liberdade.

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