(…)
E não é que há quem se atreva a sugerir que o governo faz
favores, que fechava os olhos à generosidade das margens e que obedeceu a uma
conveniência?
(…)
Pois se é o bom negócio que faz prosperar o país e o mercado
tem dias (…) não devia o governo ouvir esta petição dos banqueiros?
(…)
[Os Certificados de Aforro] foram devidamente arrumados com o
aviso solene de que aquilo não é para levar a sério, que é no banco que as
pessoas devem sabiamente deixar esvair o valor real da sua poupança.
(…)
Em Portugal se pagam dos piores juros de depósitos da Europa.
(…)
Nesta pátria amada se pagam dos maiores juros por empréstimos.
Francisco Louçã, “Expresso” online
Há
quantos anos não se reclamam travões para a promiscuidade entre negócios e
política? Há quantos anos falta um rastreio rigoroso dos bens efetivos de
responsáveis públicos?
(…)
Foi
por conveniência partidária que o PS nunca criticou Sócrates ou para não
perturbar a continuidade do grupo político-social que se movimenta entre cargos
e empresas?
(…)
Onde não há sanção política, afrouxam os critérios éticos.
(…)
O
cavaquismo foi um trampolim para a superfraude laranja do BPN/SLN, ou o
autocarro de muitos autarcas acusados de luvas e nepotismo.
(…)
Quem
quer que se preocupe com estes fenómenos – mesmo que recuse a
instrumentalização populista – é imediatamente apodado de inquisitorial, de
moralista, de justicialista, entre outros epítetos.
(…)
Aí
está o despautério da TAP, descoberto acidentalmente no compadrio com fortunas
individualizadas de empresários e gestores. [
(…)
Ninguém
quer uma espécie de puritanismo político, mas exige-se o simples uso dos
critérios de Estado decorrentes dos valores constitucionais.
(…)
A
ética republicana não se esgota na legalidade ou no incerto e sempre tardio
juízo dos tribunais. Precisa de referências que, por desuso, se afundam no
pântano.
Luís Fazenda, “Público” (sem link)
João Moreira Rato [JMR] deu nas vistas numa entrevista que
deu há dias.
(…)
[Para JMR] é uma pena que nem todos os portugueses tentem ser
ricos e que votem a pensar em proteger-se do mercado.
(…)
Moreira
Rato defende um Estado que incentive os investimentos de risco. Se isso seria
melhor para estes portugueses? Não, mas seria melhor para o sector onde ele
trabalha.
(…)
A parte mais relevante é que Moreira Rato defendeu a
interrupção da emissão de Certificados de Aforro.
(…)
A voz de Moreira Rato representa a banca.
(…)
A
grande adesão aos Certificados de Aforro prejudicava a banca de Portugal, que
insiste em ser um dos países da União Europeia que menos remuneram os depósitos
bancários.
(…)
A
lógica de mercado, aplicada à banca, imporia que os bancos tentassem competir
com a rentabilidade dos Certificados de Aforro e que, dessa concorrência,
resultasse um benefício para os depositantes.
(…)
Mas estes amantes do mercado não defendem que essas regras se
apliquem a si.
(…)
Os interesses do sistema bancário são conflituantes com os
interesses dos portugueses. E o Governo preferiu acudir à
banca.
(…)
O poder dos bancos em Portugal continua a ser enorme. Os
sucessivos governos não se atrevem a fazer-lhes frente, mesmo que esteja em
causa o interesse público e o interesse dos portugueses.
(…)
Está aqui presente o máximo a que os governantes portugueses
conseguem chegar quando se trata de controlar a banca [consubstanciado no apelo
do PR no sentido de um “esforçozinho” para aumentarem as remunerações dos
depósitos a prazo].
(…)
Pois
se foram tão prontos a aumentar as taxas de juro nas prestações do crédito à
habitação, poderiam ser coerentes nas remunerações dos depósitos bancários.
(…)
[Os
portugueses são um fator de estagnação da economia] Mam para salvar instituições bancárias, como aquelas onde João Moreira
Rato trabalhou, temos servido perfeitamente.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Dois
anos de pandemia e um ano de conflitos permanentes já comprometeram
demasiadamente o futuro de milhares de estudantes, privando-os do direito
crucial a uma educação pública de qualidade.
(…)
Não podemos continuar assim.
(…)
Tudo o que pode ser feito para melhorar o nosso sistema de
ensino é conhecido.
(…)
Urge, assim, parar a distopia pedagógica em que vivemos, que
nos vai afastando dos resultados médios da OCDE.
(…)
[Os professores] continuam mergulhados em tarefas
aberrantemente burocráticas e improdutivas (…) e clamam pela contagem do
tempo de serviço.
(…)
Poderá
a Educação continuar sob a tutela de um ministro que desconhece o que se
conhece? Que não faz? Que desfaz? Que sonega? Que manipula? Que mente? Que
dificulta?
(…)
Deve-nos preocupar seriamente o tanto que a escola pública
perdeu nos últimos anos.
(…)
O
sistema de ensino tem sido uma das principais vítimas do desinvestimento nos
profissionais do Estado e os alicerces da democracia estão a ser corroídos.
(…)
Consequentemente, vão-se construindo em Portugal duas vias de
ensino: uma privada, para elites (…) outra, pública, dita inclusiva,
para o povo pobre.
(…)
A
escola pública carece de uma intervenção de emergência, sendo certo que nenhuma
terapêutica gerará resultados se não incluir as reclamações justas dos professores
e não anular os absurdos nefandos que os calcam.
(…)
Receita mínima para os remover: assumir a educação como
prioridade política.
(…)
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Por todo o mundo, pessoas LGBTQIA+ são vítimas de preconceito
em locais de trabalho, espaços públicos, hospitais e até nas suas casas pela
sua família.
(…)
Aliás, há 3 vezes
mais possibilidades de uma pessoa jovem LGBT+ se suicidar, comparando com os jovens em geral.
(…)
Há, inclusive, países em que ser LGBT+ é mesmo crime, como
por exemplo, Indonésia, Marrocos, Paquistão (onde a pena máxima é morte por
apedrejamento), Tunísia, etc.
(…)
Quando as pessoas LGBTQIA+ crescem a sentirem-se as
diferentes, as que não encaixam, tendem a pensar que há algo de errado com
elas, que não são normais.
(…)
Por isso é importante o orgulho – um nível acima da
autoaceitação.
(…)
Não vemos uma pessoa heterossexual a ser vítima de
preconceito, perseguida, agredida ou morta por ser hetero.
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