quarta-feira, 7 de junho de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (56)

 
[Os responsáveis dos bancos] contristados com a concorrência desleal de um produto financeiro de dívida pública [Certificados de Aforro] que pagava mais do triplo, e não é favor nenhum, o Estado fica a ganhar, fizeram chegar ao governo a sua voz forte, tendo sido atendidos como seria de esperar entre cavalheiros.

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E não é que há quem se atreva a sugerir que o governo faz favores, que fechava os olhos à generosidade das margens e que obedeceu a uma conveniência?

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Pois se é o bom negócio que faz prosperar o país e o mercado tem dias (…) não devia o governo ouvir esta petição dos banqueiros?

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[Os Certificados de Aforro] foram devidamente arrumados com o aviso solene de que aquilo não é para levar a sério, que é no banco que as pessoas devem sabiamente deixar esvair o valor real da sua poupança.

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Em Portugal se pagam dos piores juros de depósitos da Europa.

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Nesta pátria amada se pagam dos maiores juros por empréstimos.

Francisco Louçã, “Expresso” online

 

Há quantos anos não se reclamam travões para a promiscuidade entre negócios e política? Há quantos anos falta um rastreio rigoroso dos bens efetivos de responsáveis públicos?

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Foi por conveniência partidária que o PS nunca criticou Sócrates ou para não perturbar a continuidade do grupo político-social que se movimenta entre cargos e empresas?

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Onde não há sanção política, afrouxam os critérios éticos.

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O cavaquismo foi um trampolim para a superfraude laranja do BPN/SLN, ou o autocarro de muitos autarcas acusados de luvas e nepotismo.

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Quem quer que se preocupe com estes fenómenos – mesmo que recuse a instrumentalização populista – é imediatamente apodado de inquisitorial, de moralista, de justicialista, entre outros epítetos.

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Aí está o despautério da TAP, descoberto acidentalmente no compadrio com fortunas individualizadas de empresários e gestores. [

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Ninguém quer uma espécie de puritanismo político, mas exige-se o simples uso dos critérios de Estado decorrentes dos valores constitucionais.

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A ética republicana não se esgota na legalidade ou no incerto e sempre tardio juízo dos tribunais. Precisa de referências que, por desuso, se afundam no pântano.

Luís Fazenda, “Público” (sem link)

 

João Moreira Rato [JMR] deu nas vistas numa entrevista que deu há dias. 

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[Para JMR] é uma pena que nem todos os portugueses tentem ser ricos e que votem a pensar em proteger-se do mercado.

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Moreira Rato defende um Estado que incentive os investimentos de risco. Se isso seria melhor para estes portugueses? Não, mas seria melhor para o sector onde ele trabalha.

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A parte mais relevante é que Moreira Rato defendeu a interrupção da emissão de Certificados de Aforro.

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A voz de Moreira Rato representa a banca.

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A grande adesão aos Certificados de Aforro prejudicava a banca de Portugal, que insiste em ser um dos países da União Europeia que menos remuneram os depósitos bancários.

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A lógica de mercado, aplicada à banca, imporia que os bancos tentassem competir com a rentabilidade dos Certificados de Aforro e que, dessa concorrência, resultasse um benefício para os depositantes.

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Mas estes amantes do mercado não defendem que essas regras se apliquem a si.

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Os interesses do sistema bancário são conflituantes com os interesses dos portugueses. E o Governo preferiu acudir à banca.

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O poder dos bancos em Portugal continua a ser enorme. Os sucessivos governos não se atrevem a fazer-lhes frente, mesmo que esteja em causa o interesse público e o interesse dos portugueses.

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Está aqui presente o máximo a que os governantes portugueses conseguem chegar quando se trata de controlar a banca [consubstanciado no apelo do PR no sentido de um “esforçozinho” para aumentarem as remunerações dos depósitos a prazo].

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Pois se foram tão prontos a aumentar as taxas de juro nas prestações do crédito à habitação, poderiam ser coerentes nas remunerações dos depósitos bancários.

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[Os portugueses são um fator de estagnação da economia] Mam para salvar instituições bancárias, como aquelas onde João Moreira Rato trabalhou, temos servido perfeitamente.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Dois anos de pandemia e um ano de conflitos permanentes já comprometeram demasiadamente o futuro de milhares de estudantes, privando-os do direito crucial a uma educação pública de qualidade.

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Não podemos continuar assim.

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Tudo o que pode ser feito para melhorar o nosso sistema de ensino é conhecido.

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Urge, assim, parar a distopia pedagógica em que vivemos, que nos vai afastando dos resultados médios da OCDE.

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[Os professores] continuam mergulhados em tarefas aberrantemente burocráticas e improdutivas (…) e clamam pela contagem do tempo de serviço.

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Poderá a Educação continuar sob a tutela de um ministro que desconhece o que se conhece? Que não faz? Que desfaz? Que sonega? Que manipula? Que mente? Que dificulta?

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Deve-nos preocupar seriamente o tanto que a escola pública perdeu nos últimos anos.

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O sistema de ensino tem sido uma das principais vítimas do desinvestimento nos profissionais do Estado e os alicerces da democracia estão a ser corroídos.

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Consequentemente, vão-se construindo em Portugal duas vias de ensino: uma privada, para elites (…) outra, pública, dita inclusiva, para o povo pobre.

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A escola pública carece de uma intervenção de emergência, sendo certo que nenhuma terapêutica gerará resultados se não incluir as reclamações justas dos professores e não anular os absurdos nefandos que os calcam.

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Receita mínima para os remover: assumir a educação como prioridade política.

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Santana Castilho, “Público” (sem link)

 

Por todo o mundo, pessoas LGBTQIA+ são vítimas de preconceito em locais de trabalho, espaços públicos, hospitais e até nas suas casas pela sua família.

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Aliás, há 3 vezes mais possibilidades de uma pessoa jovem LGBT+ se suicidar, comparando com os jovens em geral.

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Há, inclusive, países em que ser LGBT+ é mesmo crime, como por exemplo, Indonésia, Marrocos, Paquistão (onde a pena máxima é morte por apedrejamento), Tunísia, etc.

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Quando as pessoas LGBTQIA+ crescem a sentirem-se as diferentes, as que não encaixam, tendem a pensar que há algo de errado com elas, que não são normais.

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Por isso é importante o orgulho – um nível acima da autoaceitação.

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Não vemos uma pessoa heterossexual a ser vítima de preconceito, perseguida, agredida ou morta por ser hetero. 

Clara Não, “Expresso” online


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