sábado, 17 de junho de 2023

MAIS CITAÇÕES (237)

 
Cartazes nada espontâneos causaram indignação no 10 de Junho. 

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Há uma violência simbólica e verbal organizada que começa a fazer da exceção regra.

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Não interessa se os cartazes foram desenhados para ser racistas.

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O racismo não tem consciência de si mesmo.

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O mais importante foi assinalado pelo cartoonista António: a ausência de conteúdo para lá do insulto.

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Os que exigem “respeito” e garantem que quando lutam também ensinam justificam os excessos com a indignação e o cansaço.

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[A autoridade do professor] não é garantida por qualquer regulamento, mas pela forma como a sociedade vê a classe. 

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Assistimos, nas últimas décadas, à degradação do estatuto social do professor. 

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O poder político sentiu-se à vontade para os transformar em tarefeiros burocráticos e os desrespeitar publicamente.

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Parte da revolta dos professores resulta de perdas materiais, outra da perda de estatuto.

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Mas estes e outros episódios só contribuem para a espiral de depreciação do seu poder simbólico.

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Tirando o que dificulte a criação de um quadro estável nas escolas, em que elas tenham uma palavra a dizer, os professores têm razão na sua luta. 

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A luta não é para castigar, é para ter ganhos.

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Perante um novo concorrente [o STOP], os sindicatos [dos professores] entraram numa espiral de agressividade em que ninguém quer ficar atrás.

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Assistimos à desinstitucionalização de tudo.

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Uma degradação do espaço público que alguns erradamente julgam ser sinónimo da sua democratização, como se a democracia não fosse, pelo contrário, um conjunto complexo de regras coletivamente aceites.

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Já quase ninguém é radical, no sentido justo do termo.

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A política uniformizou-se numa TINA [There Is No Alternative] indiscutível que nos impede de imaginar outro mundo ou um país que pudesse fazer escolhas diferentes numa UE que só deixa espaço para a gestão do que existe.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O deslumbramento com a chamada “transição digital” faz muito mais estragos no saber do que se imagina.

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[Em Portugal] um dos locais mais perigosos para este deslumbramento [com a “transição digital] é o Ministério da Educação, com os estragos de vento em popa.

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Sim, está muita coisa na Internet, mas não só não está “tudo” como muitas vezes o que está é incorrecto, falso e enviesado.

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Não faltam exemplos da necessidade das enciclopédias em papel.

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Outro aspecto de que ninguém cuida é a qualidade literária, científica ou ensaística que falta na Internet.

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Wikipedia parte de uma ideia original e interessante, que tem o pequeno problema de ser falsa.

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Em muitas universidades, a Wikipedia não pode ser citada em trabalhos académicos. 

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Sem dúvida, temos consciência da enorme fragilidade que tem vindo a ser demonstrada pelo nosso sistema educativo.

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Poderemos afirmar que os profissionais de educação continuaram a priorizar, acima de tudo, o sucesso dos seus alunos.

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A publicação dos rankings nesta altura do ano constitui, sem dúvida alguma, um elemento de publicidade gratuita para muitos estabelecimentos de ensino.

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Os rankings colocam sempre as escolas, públicas e privadas, em comparação e, desde logo, tentam comparar os resultados independentemente da sua diversidade, seja ela nacional, regional, física ou humana.

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[Dois anos após a pandemia tem-se] a certeza que houve crianças e jovens claramente prejudicados porque vivem em regiões economicamente desfavorecidas ou provêm de famílias igualmente desfavorecidas.

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Que informações nos dão os rankings?

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[O espírito dos rankings} está nos antípodas do que é a filosofia subjacente ao perfil do aluno à saída do secundário e dão uma imagem redutora das escolas, atendendo apenas aos resultados dos exames e não a projetos educativos que, em muitos casos são de excelência.

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Por outro lado, a escola pública é inclusiva, dá resposta a imperativos constitucionais fundamentais como a obrigatoriedade e a equidade e valoriza claramente a formação global e equilibrada dos alunos independentemente da sua proveniência social, regional ou cultural.

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Um novo modelo de acesso ao ensino superior, absolutamente necessário no nosso país, permitirá diluir diferenças e poderá garantir uma formação mais equilibrada e diversificada dos jovens.

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De facto, há todo um país condenado a ocupar os piores lugares do ranking desde que estes existem. Uma espécie de determinismo insano para o qual parece não haver solução.

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Por mais que as escolas diversifiquem estratégias ou implementem percursos alternativos, enquanto não se investir a montante na melhoria das condições de vida, através da criação de emprego ou o incentivo à fixação, pouco mudará.

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Resta a providencial estoicidade dos atores educativos que não aceitam esta pena de Sísifo a que parecem terem sido condenados.

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Em todas as abordagens que foram feitas ao longo do ano, o foco foi sempre o problema. O foco foi a fragilidade e a precariedade.

Manuel Pereira, “Público” (sem link)

 

Para se compreender o conjunto do sistema de emprego e das remunerações salariais que lhe estão associadas, é indispensável uma análise atenta ao padrão de especialização da nossa economia.

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A diminuição dos salários reais e da diferença salarial entre jovens com ensino superior e com ensino secundário, a falta de literacia digital e a não evolução tecnológica das empresas, e o "desajustamento" da Escola, foram dos tópicos mais comentados [relativamente a um relatório divulgado pela Fundação José Neves].

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Num ano, tivemos 105 mil jovens com licenciatura ou mais, que emigraram.

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Eles dispõem de preparação e conhecimentos digitais, mas foram "exportados" porque se "desajustam" do emprego disponível no país.

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Estamos prisioneiros do enorme peso de atividades de baixo valor acrescentado.

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Temos um baixo nível de formação de empresários e discursos pacóvios que "promovem" os trabalhadores a colaboradores, para fugirem à fixação dos seus direitos e deveres.

Carvalho da Silva, JN


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