sábado, 10 de junho de 2023

MAIS CITAÇÕES (236)

 
Se olhássemos para fora da política talvez tivéssemos previsto a chegada de Trump. 

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É fora da política que estão os sinais do seu futuro.

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A política que temos tende a retratar, como uma fotografia, o que já deixou de ser.

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[Cristina Ferreira] esgota a lotação de pavilhões onde cabem milhares de pessoas dispostas a pagar para tocarem no seu sucesso.

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No essencial, é uma importação do que existe há décadas nos EUA, onde o discurso motivacional faz as vezes da proteção social.

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Pode-se pensar que a fé destas pessoas é em Cristina Ferreira. Não me parece que haja ali idolatria

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Cristina será o pastor que dirige a liturgia laica do sucesso.

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[Ela] é a esperança de que o paraíso exista na terra, dependendo exclusivamente da vontade de cada um.

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Ao partilhar o ressentimento descabido numa mulher que nada em dinheiro e em poder, Cristina cria um laço com quem sente que merecia mais do que tem.

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A fé no mérito é, como todas as religiões dominantes, a fé do poder que ela serve.

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A desigualdade é um obstáculo para ser superado por cada um de nós, não para pôr em causa.

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O “sonho americano”, a popularização ideológica de uma mentira (os EUA são dos países com menor mobilidade social no ocidente), é tanto mais necessário quanto maior é a desigualdade.

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A fé que nos promete felicidade noutra vida é tão mais necessária quanto maior é a miséria nesta vida.

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[Cristina] mostra o milagre aos céticos.

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Tudo medido: do sinal de aprovação divina da riqueza e ao esforço a que ele está associado.

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É sabido que Cristina acalenta o sonho de ser Presidente. 

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A soberba de quem nunca expressou uma posição política querer ocupar o mais alto cargo político tenta todos os vaidosos.

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[Cristina pode derrotar-se em combate] até ao dia em que esses códigos [da política] deixarem de existir.

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A perda de poder do Estado, a globalização económica, a crise de todas as instâncias mediadoras e a atomização da sociedade não estão a destruir apenas as democracias. Estão a destruir a política.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Toda a gente sabe que não tenho a mínima transigência face à responsabilidade criminosa de Putin e da Federação Russa na invasão da Ucrânia.

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Para achar isto tudo, não preciso de considerar a Ucrânia um farol da democracia, nem a sua história recente exemplar, nem aceitar a corrupção endémica, nem muitos aspectos de condução da guerra que incluem também crimes de guerra e perseguições.

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Todos os que desejam a paz sem aspas sabem que a Ucrânia não pode perder esta guerra.

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Uma coisa são as sanções económicas cujo objectivo é travar o esforço de guerra russo.

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Outra, a proibição de canais informativos russos e as restrições aos meios de comunicação russos (…) é uma afronta a um direito de liberdade de informação muito semelhante ao que Putin faz na Rússia.

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Outra coisa é [as comunidades ucranianas que vivem em países europeus] quererem nesses países replicar as medidas de guerra ucranianas, que podem ser explicadas pela situação de guerra, mas são más para a Ucrânia e inaceitáveis ao serem replicadas nas democracias ocidentais.

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Os ataques à cultura russa, aos seus grandes escritores, com o derrube de monumentos e estátuas, são condenáveis.

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A cultura russa (…) é tão ocidental como o “Ocidente” que os teóricos de Putin esconjuram, ou os fundamentalistas ucranianos.

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O caso mais absurdo desta fronda anti-russa, que leva o anti-“russismo” da guerra para onde não deve estar, foi o afastamento sem audição, nem próprio processo, do professor de Cultura Russa da Universidade de Coimbra Vladimir Pliassov, baseado em acusações de ucranianos ampliadas pela irresponsabilidade jornalística.

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Quanto a fazer propaganda política, se fosse um crime susceptível de punição com expulsão, deixaria muitas universidades portuguesas vazias.

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Num país democrático, que está ao lado da Ucrânia contra a Federação Russa, as coisas não se fazem assim.

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Respeitemos a democracia e defendamos a liberdade de expressão, que, como de costume, só tem sentido quando é para o “outro”, não para nos vermos ao espelho.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

As desigualdades sociais estão a armadilhar crescentemente o desenvolvimento humano, o progresso da sociedade e a democracia.

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Trata-se de um enorme problema no plano global e, muito concretamente, no nosso país.

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Hoje, nesta matéria como noutras, a ilusão de uma alta especialização constitui, amiúde, a outra face do incremento da ignorância.

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É imprescindível uma visão global sobre as desigualdades sociais em todas as suas áreas e na sua imensa imbricação. 

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Confirma-se que o mercado de trabalho (e o trabalho não é uma mercadoria) é uma área crucial na formação das desigualdades e, por outro lado, tem conexão profunda com desigualdades em todas as outras áreas. 

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No campo da fiscalidade, em que no senso comum se está a consolidar a ideia de que todos pagam impostos a mais, o que temos é uma subestimada desigualdade em sede de IRS, e uma desigualdade ainda mais profunda na distribuição da riqueza pelas famílias.

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As desigualdades sociais são multidimensionais e cumulativas.

Carvalho da Silva, JN

 

Podemos considerar que a responsabilidade do viés colonial dos manuais escolares é dos dois grupos que dominam quase por completo o mercado dos manuais escolares – o grupo Leya e a Porto Editora.

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Podemos também salientar que escolas e famílias, salvo algumas exceções, parecem pouco preocupadas com estas questões.

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Contudo, em última análise, a responsabilidade é do Ministério da Educação, seja pelo seu papel na regulação dos manuais, seja por ser a entidade responsável pela escola pública e o que nela se passa.

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O ME tem optado por uma abordagem passiva, deixando o assunto na mão invisível do mercado.

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Onde estão as ações de sanção do racismo nos manuais? Ou será que dizer “na África Negra e no Brasil viviam povos muito atrasados” não é uma afirmação racista?

Cristina Roldão, “Público” (sem link)


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