sexta-feira, 16 de junho de 2023

CITAÇÕES

 
Entre novembro e dezembro reunirá nos Emirados Árabes Unidos a COP28, a conferência das Nações Unidas para gerir as medidas urgentes de adaptação climática.

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[Na cimeira anterior, número de delegados das empresas de combustíveis fósseis] ultrapassava o de qualquer país africano, na cimeira festejada por se realizar em África, e os representantes dos Emirados tinham aumentado de 176 em Glasgow para 1070.

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O seu sucesso foi coroado agora pela nomeação do sultão Al Jaber para a presidência da conferência.

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Esta decisão consagra um fracasso da ONU e a sua captura pelos representantes diretos da indústria cuja poluição ameaça o planeta. 

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As consequências são devastadoras.

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Al Jaber foi apresentado como um defensor da transição climática [o que é completamente falso].

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Al Jaber dirige a empresa nacional de energia, a Adnoc, e está a aplicar o terceiro maior plano mundial de expansão da extração e produção de combustíveis fósseis.

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As críticas foram imediatas. Um grupo de representantes do Parlamento Europeu e do Congresso dos EUA constatou que “a COP20 perdeu a credibilidade”.

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A resposta foi imediata, e um exército de perfis falsos e bots lançou uma campanha de charme elogiando o sultão como “aliado” do ambiente.

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Mais do que qualquer outro representante institucional mundial, o secretário-geral da ONU, António Guterres, tem-se empenhado em denunciar a inação e a mentira que a protege [a COP20].

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Empenhou-se em que a organização [ONU] pressione os países e as indústrias para as mudanças que devem ocorrer imediatamente, constatando que as promessas não são cumpridas.

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[Recordou] que o ritmo de aumento do nível médio das águas do mar duplicou nos últimos 30 anos e que os oceanos estão mais quentes do que nunca.

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Os sumidouros das emissões estão a ser destruídos com a desflorestação e as emissões estão a aumentar, até se relançando o uso do carvão.

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A desertificação de partes da Europa ou África, o degelo polar ou os fenómenos extremos, de que já temos tido sinais, são consequências inevitáveis do aumento da temperatura.

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Pelo menos por isso, a escolha do sultão Al Jaber para dirigir a Cimeira da ONU pediria pelo menos a invenção de mentiras novas.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A diferença entre o salário correspondente a um diploma do ensino superior e o salário correspondente à finalização do ensino secundário caiu para metade entre 2011 e 2022.

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[Quem possuir o ensino superior] acabará por optar por ir trabalhar para outros países onde oferecem melhores condições remuneratórias.

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Que país teremos daqui a dez anos, se os mais qualificados e mais preparados emigrarem? 

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Em primeiro lugar, importa fazer a despistagem da formulação liberal deste problema que aponta sempre para o excesso de carga fiscal que, supostamente, afasta os jovens cérebros.

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Mas nunca seria por aí [o excesso de carga fiscal] que os jovens se sentiriam aliciados a ficar. 

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O que nós temos é um problema de salários baixos comparativamente com outros países da União Europeia.

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[Os jovens licenciados] são livres e têm direito a ser ambiciosos e a procurar as melhores condições de vida possíveis. É o que estão a fazer.

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Atenção que o mercado funciona sempre bem para si mesmo.

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O mercado prossegue lindamente a pagar salários baixos e a expulsar licenciados do país.

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[Poucos empresários reconhecem] que existe uma relação entre essa escassez e os salários miseráveis que têm para oferecer.

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Terão de ser o Estado e as políticas públicas a ter um papel nesta crise. 

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Não são as universidades que precisam de se adaptar ao mercado. Se as coisas não estão bem, é ao nível do próprio mercado.

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[O Estado pode intervir] aumentando os salários na função pública para licenciados, mestrados e doutorados.

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Não existe melhor remédio para travar o fluxo de emigração do que aumentar os rendimentos.

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O mercado funciona sempre muito bem, mas nunca consegue resolver os problemas das pessoas. 

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Nos anos 90, a proposta de interditar os telemóveis mais simples nas escolas só estaria ao alcance da estampa de um ditador.

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Já à entrada da terceira década deste século, a proposta de banir "smartphones" das escolas é recebida com aplausos.

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Como se a escola não incorporasse a missão de ensinar a escolher pela urbanidade e equilíbrio e não pela imposição.

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Eis a escola a ir pelo caminho mais fácil. 

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Eis o proibicionismo educativo, em nome da incapacidade de ensinar a beleza e necessidade de um mundo em mãos livres.

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O entusiasmo proibicionista parece comovente porque surge recheado de bons valores.

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[A escola não] pode escolher uma piedade quase cristã à base da agitação do crucifixo.

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Em nome das melhores intenções, não se podem cultivar os piores hábitos de imposição.

Miguel Guedes, JN

 

As sociedades parecem lidar bem com os rankings porque, em geral, são simples e proporcionam informação que, supostamente, é objetiva e útil.

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[As políticas meritocráticas] que predominam nas sociedades, têm contribuído para pôr em causa princípios e valores fundamentais das democracias tais como a justiça, o direito à educação, a solidariedade, o humanismo e a igualdade.

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[A meritocracia é] um obstáculo e não um caminho para a equidade e o seu discurso legitima as desigualdades, considerando-as uma consequência normal das falhas individuais.

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Os rankings são um meio algo perverso de legitimar as desigualdades, levando as pessoas a pensar que elas são naturais e que só acontecem porque uns têm aptidões e capacidades naturais e esforçam-se muito e outros não.

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É o triunfo da meritocracia, culpando as vítimas, que assim considera que as desigualdades existentes à partida entre as pessoas e as instituições são moralmente legitimadas.

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Os apologistas dos rankings e da meritocracia parecem ignorar que há uma miríade de fatores sociais, económicos e culturais das famílias que estão fortemente relacionados com as formas como os alunos se relacionam com a escola e as aprendizagens e com as formas como gerem a sua vida académica.

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nível socioeconómico e cultural das famílias tem efeitos muito significativos nos percursos escolares dos alunos.

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As famílias das classes média e média-alta desenvolvem uma diversidade de estratégias para que os seus filhos possam obter bons resultados escolares.

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Os rankings parecem ter vindo para ficar porque se considera que eles produzem leituras credíveis das realidades das escolas, nomeadamente no que se refere à qualidade do ensino que proporcionam.

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Na verdade, eles ocultam o lado mais humano das conquistas e sucessos das escolas e das respetivas comunidades.

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Os rankings fazem parte de uma forma de estar e de viver neste mundo que, como vimos constatando, é absolutamente insustentável.

Domingos Fernandes, “Público” (sem link)


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