sábado, 24 de junho de 2023

MAIS CITAÇÕES (238)

 
Nos últimos dez anos, morreram 26 mil refugiados e migrantes no Mediterrâneo. 2400 em 2022. 441 só no primeiro trimestre de 2023.

(…)

Metade por atrasos nos esforços de salvamento ou pela ausência de qualquer missão de salvamento.

(…)

Uma pequena parte dos meios despendidos com o “Titan” salvariam centenas destas vidas.

(…)

Uns pagaram €230 mil para acrescentarem risco às suas vidas confortáveis, outros empenharam aldeias inteiras para fugirem ao risco das suas vidas precárias.

(…)

Já dos mais de 700 que naufragaram, há uma semana, a 80 quilómetros do Peloponeso (…), sabemos que apenas 100 foram resgatados. 

(…)

Dos que morreram, só sabemos que se apinhavam num barco com 20 a 30 metros de comprimento.

(…)

Aos que sobreviveram, o Governo grego tenta impor o silêncio, talvez para não confirmarmos a estratégia europeia de pouco fazer para salvar vidas.

(…)

O cemitério em que se transformou o Mediterrâneo é a muralha que nos protege enquanto acompanhamos, angustiados, o destino de cinco milionários.

(…)

A invisibilidade protege-nos da humanidade de 26 mil cadáveres.

(…)

Imaginem como viveríamos se fossem, aos nossos olhos e nas nossas consciências, tão humanos, tão individualmente humanos, com os cinco aventureiros do “Titan”.

(…)

Sem vermos os escravizados das estufas de Odemira, das amêijoas de Alcochete ou do incêndio na Mouraria poderíamos acreditar que recebemos bem os estrangeiros.

(…)

Que percentagem teria o Chega se fôssemos um país realmente cosmopolita, como a França, o Reino Unido ou a Alemanha?

(…)

O segredo para alimentarmos a fantasia da nossa tolerância é manter os outros invisíveis para não vermos como os tratamos.

(…)

Maravilhados com a nossa própria solidariedade, abrimos as portas aos brancos e loiros que vieram da Ucrânia. 

(…)

[O segredo para acreditarmos na superioridade dos “valores europeus”] é não vermos os corpos das crianças que fugiam à fome e à guerra enquanto nos angustiamos com cinco milionários que buscaram a aventura.

(…)

O segredo [da discriminação] é a invisibilidade do outro.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Esta semana, tivemos mais um exemplo, em torno das condições da atribuição de subsídio ao pagamento de rendas das casas.

(…)

Como diz o povo, quem se lixa é o mexilhão, sempre convocado para pagar os custos das “asneiras” da gestão, seja ela pública ou privada.

(…)

Na Administração Pública, a percentagem de trabalhadores com licenciatura ou mais é incomparavelmente maior que no privado, dado o papel do Estado na garantia de direitos e serviços fundamentais. 

(…)

A diferença salarial entre os salários praticados nos dois setores (nos seus globais) é hoje “menor que no passado”, mesmo para o conjunto dos que possuem licenciatura ou mais.

(…)

No caso dos “licenciados no início de carreira, no período recente” verifica-se erosão total da diferença.

(…)

Existem dados que provam um crescimento acelerado do número de trabalhadores, com licenciatura ou mais, em trabalhos não qualificados no setor privado e recebendo o salário mínimo.

(…)

O setor privado fica, assim, mal na fotografia: anda muito pouco à procura de “talento”.

(…)

[Os salário do setor público] agora estão a crescer menos que no privado.

(…)

Temos uma harmonização de salários entre os dois setores feita em retrocesso e inserida numa política de desvalorização salarial e das profissões.

(…)

Neste processo, o Governo assume, tristemente, o papel de vanguarda.

Carvalho da Silva, JN

 

Há-de haver uma altura em que este governo do PS seja substituído por um governo do PSD, muito provavelmente aliado à IL e com qualquer forma de acordo com o Chega.

(…)

A comunicação social permanecerá politizada e persecutória como é hoje, misturando casos sérios com trivialidades.

(…)

Continuando a não haver escrutínio no sentido jornalístico da palavra, mas secções de escândalos, misturando tudo.

(…)

E, convém não esquecer, protegendo pelo silêncio quem querem proteger, seja para manter o alvo político, seja porque são dos “nossos”.

(…)

O Ministério Público continuará a actuar como faz hoje, noticiando com grande celeridade que abriu um inquérito sobre determinada pessoa ou acção, mesmo quando sabe que não tem qualquer fundamento legal para a penalizar.

(…)

Se esta “herança” permanecer intacta, nenhum governo sobrevive sem ter, ou grandes poderes, ou grandes protecções.

(…)

As leis e práticas referidas vão continuar, mas deixarão de ser um escândalo, a comunicação social, se se mantiver a politização actual à direita, vai respirar de enorme alívio porque “conseguiu” e vai proteger os seus “seus”.

(…)

O PS e a esquerda farão então o que a oposição faz hoje, mas sem os mesmos meios dado que não têm o aparelho de propaganda jornalístico-político que está hoje montado, e muito menos a sua agressividade.

(…)

Terão a tarefa facilitada na substância, mas fraca no altifalante.

(…)

O fundo populista vai continuar em crescendo, mas o populismo pelo seu conteúdo antidemocrático não “come” da mesma maneira o mesmo alimento.

(…)

Haverá gente que cuidará disso, e são bons nessa gestão da fúria do escândalo.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

O eurodeputado Pietro Bartolo tentou fazer passar no Parlamento Europeu (PE), no princípio desta legislatura, uma resolução para criar um serviço de busca e salvamento europeu, mas, estranhamente, a proposta acabou chumbada por dois votos.

(…)

O segundo pior naufrágio de migrantes na história recente do Mediterrâneo, em que terão morrido mais de 500 pessoas, grande parte delas mulheres e crianças, já foi, entretanto, abafado mediaticamente pela caça ao submarino de turismo para ricos que desapareceu no Atlântico Norte.

(…)

É pouco provável que o seu impacto venha a alterar a política europeia em relação aos desesperados que arriscam a vida para chegar a um qualquer bom porto que os receba.

(…)

O que Bruxelas parece desejar mesmo é que a questão desapareça por si só ou que as embarcações dos traficantes de seres humanos sejam condenadas.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário