(…)
Só
posso olhar para os factos políticos e estranhar.
(…)
O
negócio, se existiu, foi mau para o PSD, que passou de cinco para quatro
juntas.
(…)
Até o
Ministério Público apresentar uma acusação ou constituir arguidos, não há razão
para os partidos reagirem.
(…)
O
problema do PS, em casos como estes, é a bússola perdida de António Costa.
(…)
Quem
chamou ladrão a Frederico Pinheiro, mas exigiu respeito pelo tempo da Justiça
com Fernando Medina.
(…)
Quem
aceitou a demissão de Marta Temido por causa da morte de uma grávida que não se
deveu a falhas do SNS e recusou a de João Galamba não sabe com que critérios se
cose.
(…)
Quando
passámos as últimas semanas a falar do uso irregular do SIS, é extraordinária a
bonomia com que se aceita a transcrição na imprensa de escutas a pessoas que
nem são arguidas.
(…)
Quando
a pesca por arrasto não traz o peixe graúdo que se esperava opta-se por vender
o que veio na rede, mesmo que seja em forma de insinuação.
(…)
Pelo
menos num dos episódios da novela, os testemunhos dos envolvidos surgiram ao
molho, como desmentidos não justificados, apresentados pelo pivô depois da peça.
(…)
[Investigar]
é cruzar fontes para construir uma história baseada em factos confirmados pela
investigação jornalística.
(…)
Há um
acordo entre boa parte da comunicação social e do poder judicial, sobretudo o
Ministério Público: uns desistiram de investigar, outros desistiram de julgar.
(…)
Trocando
de lugar, magistrados investigam para jornalistas, recolhendo material que eles
nunca poderiam obter legalmente.
(…)
Jornalistas
condenam para magistrados, sem precisarem da mesma exigência de prova.
(…)
Destruindo
pessoas a quem é vedado o direito de defesa e criando um ambiente de
frustração, quando tanto foguetório acaba em nada, esta perversa cooperação
mina de forma persistente e sistemática o Estado de Direito.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Considerar todos os regimes políticos dos países que compõem [a UE] como
democráticos é sujeitar o conceito democracia a um contorcionismo impossível.
(…)
O federalismo (…) só se concretiza nas áreas que cavam desigualdades: as
políticas monetárias na Zona Euro e a financeirização da economia.
(…)
Temos uma UE com profundas dependências
em múltiplos campos.
(…)
Dois outros carunchos vão-na moendo.
Primeiro, a sua subordinação à potência EUA.
(…)
Segundo, os processos políticos internos
na UE têm-se consubstanciado no reforço de forças da extrema-direita.
(…)
Elas não olham a guerra como um perigo,
mas sim como uma oportunidade.
(…)
Quando hoje vemos líderes europeus
invocarem crises ou situações de emergência para as pôr em causa [a paz e o Estado
Social], isso indica que a penetração da extrema-direita na estrutura e agenda
da UE já é muito profunda.
(…)
A tensão entre sérvios e kosovares
agudizou-se e surge um caldeirão passível de explodir com estilhaços no Leste
europeu e na sensível região dos Balcãs.
(…)
Talvez os governantes da UE devessem ir
mostrando aos cidadãos as penalizações a que os poderão estar a sujeitar com
algumas decisões que tomam.
(…)
A Turquia, embora sendo membro da NATO,
tem voz e estratégia próprias, é um ator no jogo da geopolítica.
(…)
[Os países da Península Ibérica deviam
proporcionar] muito melhores respostas aos problemas concretos das pessoas e
uma forte determinação no combate à extrema-direita.
O português tem as palavras suficientes, claras, claríssimas:
nunca, jamais, em tempo algum.
(…)
A
razão é também muito simples, a actual direcção do PSD não quer impedir a
possibilidade de um entendimento com o Chega para garantir um Governo PSD, com
uma frase taxativa.
(…)
É também pelos rodeios que percebemos que essa hipótese está
mais que presente na cabeça dos actuais dirigentes do PSD.
(…)
Mais sabem que, no modo como as coisas estão, os eleitos do
Chega vão ser suficientes.
(…)
Tudo
será feito em nome do “anti-socialismo”, princípio que, para um PSD muito
radicalizado à direita, se considera permitir e valer tudo.
(…)
Pouco lhes importa a perda de qualquer honra passada, ou
coerência política e ideológica, pelo apoio venenoso do Chega.
(…)
E o Chega sabe que pode esperar sentado que o PSD ir-lhe-á
pedir qualquer esmola.
(…)
Espero que tenham vergonha e não venham com o nome de Sá
Carneiro, que era de uma grande consistência política.
(…)
[Sá Carneiro] sempre colocou [o partido] ao centro, entre o
centro-esquerda e o centro-direita.
(…)
Qualquer
ambiguidade com o Chega, como as que teve Rui Rio e tem agora Montenegro, muda
o carácter do PSD, que é isso que Sá Carneiro perceberia com uma linear
clareza.
(…)
A
falta das palavrinhas – nunca, jamais, em tempo algum – deixa o PSD bem dentro
desse lugar infecto, de onde não se sai incólume, nem limpo.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)
Os
protestos de 2019 foram reprimidos com violência e prisão pela China e levaram
à imposição de uma lei de segurança nacional que fez desaparecer qualquer
veleidade de democracia no território.
(…)
Hong
Kong está mais amordaçada, em actos e pensamentos, com as autoridades a
sujeitar tudo e todos a um controlo ideológico apertado
(…)
No
sábado, um dos maiores grupos pró-democráticos, o Partido Cívico, que chegou a
ser o segundo maior partido da oposição no conselho legislativo de Hong Kong,
anunciou a sua dissolução depois de vários dos seus dirigentes terem sido presos
ou partido para o exílio.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
O
luxo, e aquilo que algumas pessoas podem ter e outras não, relaciona-se de
facto com o dinheiro, porém, de igual forma, com valores.
(…)
Uma
coisa é certa, a convicção, a modelagem e a coerência dos pais contribuem para
o sucesso de uma parentalidade baseada em valores.
(…)
A
preparação da criança pelos pais e a criação de valores claros desde cedo fará
a diferença no seu ajustamento à situação.
(…)
A
ideia é ensinar as crianças a serem gratas pelo que têm, de modo a usufruírem
de uma vida gratificante, sem estarem presas somente ao material.
(…)
Educar
uma criança a acreditar que terá sempre o que quer e o que há de melhor é um
convite ao fracasso, sobretudo o dela, sendo isto transversal nos bens
materiais, nas relações, no emprego, etc..
Vera Ramalho, “Público” (sem link)
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