(…)
A
resistência é, antes de tudo, das indústrias poluentes, sobretudo dos
produtores de energia fóssil, com um enorme poder junto de todos os governos.
(…)
Todos
resistimos ao que nos prejudica, mas uns têm mais poder do que outros.
(…)
Os
trabalhadores que viram fechar a refinaria de Matosinhos para a Galp expandir a
capacidade de Sines, mantendo o problema, não.
(…)
Consideramos
radicais os jovens que olham para cima, (…) e tentam chocar-nos para nos
acordar.
(…)
Depois
de uma queixa de 16 jovens, um tribunal de Montana considerou que o governo
estadual está a violar os seus direitos com políticas que proíbem o Estado de
considerar os efeitos das alterações climáticas quando analisa projetos de
extração.
(…)
Não
são mudanças individuais que determinarão o futuro do planeta.
(…)
São
decisões políticas que resultam das mensagens que enviamos aos nossos
governantes.
(…)
As
mudanças que são necessárias põem em causa a forma como a economia global, as
cidades e toda a nossa vida se organizam e nada é mais politicamente fraturante
do que isso.
(…)
Que
temperaturas de 40°C são hoje comuns em regiões densamente povoadas da Ásia e
do Sul da Europa e EUA.
(…)
Que no
quente Arizona morriam 16 pessoas por exposição ao calor nas décadas de 70 e 80
do século passado, 38 entre 1990 e 2015, 210 em 2020, e 257 em 2022.
(…)
Continuamos
como se nada fosse, acreditando numa ilusória adaptação.
(…)
É
atirarmos para o futuro o que já está a acontecer fazendo os mais velhos
acreditarem que as alterações climáticas não são um problema seu, os políticos
temerem decisões que salvarão quem ainda não vota e os populistas apostarem no
egoísmo dos eleitores.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
O ano
de 20220 foi marcado por uma sequencia de fenómenos meteorológicos extremos ,
originando uma evidente mudança na perceção da pessoas face às alterações
climáticas.
(…)
No
verão de 2022, foram cerca de 62000 as mortes na Europa devido ao calor.
(…)
Estes
dias assistimos a uma imensa tragédia no Hawaii.
(…)
Os
oceanos atingiram a temperatura mais quente alguma vez registada, com
implicações terríveis para a saúde do planeta.
(…)
Os
oceanos são um regulador climático vital.
(…)
As
águas mais quentes, têm menos capacidade para absorver dióxido de carbono, o
que significa que permanecerá na atmosfera maior quantidade deste gás que
aquece o planeta.
(…)
Por
outro lado também pode acelerar o degelo polar, levando ao aumento do nível
médio das águas do mar.
(..)
Os
oceanos mais quentes e as ondas de calor perturbam as espécies marinhas.
(…)
Os
compromissos dos estados colocam o planeta perante uma trajetória de
aquecimento de 2,5ºC até ao final do século, ou mesmo 2,8ºC se as políticas
atuais continuarem.
(…)
A
transição ecológica apela a uma inexorável mudança de modelo económico.
(…)
Lamentavelmente
são muitas as contradições.
(…)
A
agencia internacional de energia anunciou em julho que o consumo global de
carvão, a maior fonte de emissões, deve atingir um nível record este ano.
(…)
A
procura mundial de petróleo deverá atingir um novo pico em 2023.
(…)
Os
subsídios estatais aos combustíveis fósseis nunca foram tão elevados.
Helena Freitas, “Diário de Coimbra” (sem link)
O país tem mais 31 mil milionários que há dois anos e a
riqueza dos muito ricos não para de aumentar.
(…)
Os salários reais dos trabalhadores caíram em 2022.
(…)
O Governo prossegue a política financeira de “contas certas”,
cega perante as necessidades de investimento estratégico dirigido à melhoria da
vida das pessoas, e pouco justa.
(…)
O bloqueio à possibilidade de um futuro melhor para grande
parte dos portugueses e a persistência de desigualdades e pobreza assentam em
desequilíbrios estruturais económicos e sociais profundos.
(…)
Somos um país desindustrializado e em que, na distribuição
funcional do rendimento, tem vindo a diminuir a parte que vai para os trabalhadores.
(…)
As injustiças na distribuição da riqueza crescem à medida que
o poder político e o económico enfraquecem as organizações dos trabalhadores,
dos sindicatos.
(…)
Se a sua preocupação [do PSD] é verdadeira e procura folgas,
porque não avança com o englobamento de rendimentos para efeitos de pagamento
de IRS?
(…)
Há alguma razão para manter as taxas máximas de rendimentos
de capital e outros que não o trabalho com limites na casa dos 20%? Especular é
mais digno que trabalhar?
(…)
É charlatanismo puro dizer que se descerem os impostos,
“automaticamente aumentam os salários”.
(…)
Os salários e o Estado social são estruturantes da
distribuição da riqueza.
O
“novo” Serviço Nacional de Saúde (SNS) que vem sendo apresentado, pretensamente
plural, mas nunca antes tão centralista, vive mascarado pelo marketing
propagandístico que substitui a publicidade informativa e o diálogo
construtivo.
(…)
O pacote de reformas anuncia fazer em apenas um ano o que não
terá sido feito nos últimos 15.
(…)
Este
cardápio é oferecido em bandeja reluzente à bolha mediática que reproduz para o
país a fórmula nortenha do paraíso que emana do providencial farol salvífico.
(…)
Maternidades
fechadas são agora maternidades encerradas (de forma programada). Carreiras
paradas são agora carreiras em pausa (enquanto decorrem negociações). Listas de
espera são agora listas de inscritos (com responsabilidades integradas).
(…)
Quase
parece que não há perguntas por responder, tamanho é o ensurdecedor consenso
que é injectado nos canais mediáticos que reverberam os laudos ao paraíso de
saúde em construção acelerada.
(…)
Entretanto,
no terreno das batalhas diárias, tantas vezes ganhas, os cidadãos continuarão a
ser o desígnio constante de todos os que assumem sua e permanente a missão da
saúde do outro.
Luís dos Santos Pinheiro, “Público” (sem link)
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